A Primeira Revolução Khadorana

Ashtoven Sangrento

Rafão Araujo
Reduto do Bucaneiro
8 min readFeb 20, 2019

--

9 de Ashtoven Sangrento

Após o evento trágico de 9 de Ashtoven de 590, conhecido como Ashtoven Sangrento, uma petição em tom desesperado é dirigida a Rainha Vanar XI. Khador enfrenta uma crise profunda, as pessoas passavam fome, todas as camadas da população estavam insatisfeitas.

No dia 1ª de Ashtoven de 590 D.R, a Rainha Vanar XI (Khard Gue7/Ari3) recebeu uma petição em tom desesperado: “Estamos em situação miserável, somos oprimidos, sobrecarregados com excesso de trabalho, somos insultados, não nos reconhecem como seres humanos, somos tratados como escravos. Para nós, chegou aquele momento terrível em que a morte é melhor do que a continuidade do sofrimento insuportável.”

O país estava afundado numa enorme crise, as pessoas passavam fome, em todas as classes da sociedade havia insatisfação com a “maquina” que Khador estava se tornando. Os nobres menores não queriam aceitar a industrialização de Khador, por acreditar que isso os empobreceria, afinal todo o poder concentrara-se nas mão dos lordes kayazy. Os camponeses sentiam-se oprimidos e enganados: apesar da abolição da escravatura em 546 D.R toda a nação continuava pertencendo exclusivamente aos nobres e as classes baixas trabalham de maneira inumana por pagamentos irrisórios. Não há qualquer perspectiva de mudança.

A fundação da Transportes & Ferrovias Blasutavye em 551 D.R. foi o inicio da vida proletariada de Khador. Conta-se que durante os primeiros anos era possível se fazer muito dinheiro trabalhando para a grande companhia, porem com o passar dos anos, a necessidade de mais e mais linhas de trens e a dificuldade de avançar sobre o terreno difícil de Khador, obrigou os trabalhadores a viverem e uma condição desumana. Além disso, a revolução industrial agravou drasticamente a situação. Historiadores Khadoranos acreditam que o estopim da Primeira Revolução Khadorana foi o Massacre do Portal do Javali em 587 D.R..

De sua parte, os intelectuais de classe inferior exigiam uma participação na vida política. Em suas exigências, acreditavam que os lordes Kayazy, assim como a imperatriz Vanar, ainda podiam administrar e agir no seu imenso reino de forma superior, porem acreditavam que o voto dos trabalhadores deveriam influenciar a regência da nação. Às vésperas da primeira revolução trabalhista, o Supremo Komando e a Rainha Ayn Vanar ainda não tomavam conhecimento dos problemas dos trabalhadores, da fome, da miséria e das arbitrariedades dos Kayazy proprietários de fábricas.

Em tal situação tensa, um fato insignificante transformou-se, de repente, numa catástrofe. Quatro operários da maior fábrica de Khardov foram demitidos, conforme narra Purla Petersdovich (Umbreana, Esp9), historiadora do Instituto de Historia de Skrovenburgo: “Eles foram demitidos porque exigiram a punição de um feitor que era injusto e tratava mal os operários”.

O Ínicio da Revolta

Os quatro revoltosos estavam dispostos a lutar. O protesto foi apoiado pelos sindicatos fiéis

ao regime, os chamados “sindicatos amarelos” ou apenas Krumiros (um termo no idioma Khúrzico que não têm um significado preciso, mas era o termo usado para denominar aqueles que ignoravam o toque de recolher na época do Império Orgoth), criados por poucos políticos revolucionários e lideranças religiosas logo após o inicio da industrialização Khadorana com o intuito de canalizar, amenizar e controlar a crescente insatisfação popular. Tais associações sindicais eram dirigidas e administradas pelos próprios trabalhadores, quase sempre tidos como inimigos do estado e párias da sociedade. O sindicato conhecido como Braços do Ascendido Rowan, que contava com onze mil filiados em Ashtoven de 590, tentou manter a paz social, procurando fazer com que o proprietário da fábrica anulasse a demissão dos quatro operários. Em uma tentativa vã, o industrial permaneceu irredutível.

Em 2 de Ashtoven de 590, foi realizada uma assembléia trabalhista. Foi discutido de maneira extremamente emocional sobre o que seria possível fazer em tal situação. E surgiu então a conclamação à greve. Pouco a pouco, mas de maneira inexorável, a situação começava a fugir ao controle das autoridades estatais. Outras fábricas de Khardov aderiram à greve. Foi nesse clima de revolta que se decidiu a realização a marcha de protesto do dia 7 de Ashtoven, que dirigiria uma petição ao Posadnik Korab Tishnikov (khard Ari5/Gue7), reivindicando uma melhoria das condições de vida dos trabalhadores.

A Marça de Protesto

Na manhã gelada de inverno, 9 de Ashtoven, uma multidão de cento e vinte mil pessoas dirigiu-se então para a residência da Posadnik, o Palácio de Inverno de Khardov. A residência estava protegida pelos militares da Guarda Invernal, com o apoio da cavalaria dos Blindados Drakhun. Mas a multidão era pacífica. Não eram os aspectos revolucionários que predominavam na marcha, mas sim os ícones dos ascendidos de Morrow. Por onde passava o cortejo, nas ruas Khardov, as pessoas faziam o sinal da Radiância Morrowana e muitas pessoas ajuntavam-se a ele.

Quando a multidão decidiu rumar em direção ao Castelo de Inverno, morada do Grande Príncipe e Kuldun da Irmandade dos Lordes Cinzentos, Aeniv Rolonovik (Khard Ari6/Mago10) foram feitos os primeiros disparos. Sobre o massacre que se seguiu, existem divergências de interpretação. Algumas fontes falam de um ato espontâneo e sem medir as conseqüências. Purla Petersdovich e muitos outros historiadores acreditam, porém, que o banho de sangue foi premeditado pelo próprio Grande Príncipe, pois más línguas afirmam que Ceifadores da Ruína agiram diretamente contra a população. Duzentas pessoas foram assassinadas e cerca de 800 ficaram gravemente feridas. A sangrenta repressão da marcha de protesto diante do palácio do Grande Príncipe de Khardov foi o ponto de partida para as rebeliões que se seguiram. Poucos dias mais tarde, a população de Korsk — encabeçados por Katzya Strejeva (membro do movimento extremista A602) — saiu às ruas para protestar. Novamente, o regime kayazy mandou abrir fogo contra os manifestantes.

O Fim da 1ª Revolução Khadorana

Mas o povo, insatisfeito, não podia mais ser contido. Os protestos eclodiram em toda a Khador. Em Glaceus do turbulento ano de 591 D.R., após uma greve geral, o Grão Vizir Kayaz Simonyev Blaustavya assinou um decreto conhecido como Manifesto de Glaceus. Ele abriu caminho para as primeiras eleições parlamentares livres, onde deveriam existir pelo menos dez cadeiras reservados entre os Viscondes para os escolhidos da população. Isso marcou, ao mesmo tempo, o fim da primeira revolução Khadorana, que começara de maneira sangrenta em Khardov, na manhã de 5 de Ashtoven de 590. Em 15 de Tempen de 591 os Khadoranos foram as urnas para escolher os respectivos representantes no Governo Imperial Khadorano nos próximos dez anos.

Segundo Purla Petersdovich, “por um lado, a classe trabalhadora foi pacificada através da formação de partidos e a possibilidade de concretizar eventualmente as suas esperanças através do trabalho governamental. De outro lado estava o governo autoritarista, com a sua conclamação a uma represália armada, fracassou estrondosamente”.

Após a Revolução

Muitas pessoas podem aceitar a derrota, mas não o Grão Vizir Kayaz Simonyev Blaustavya. Após o Ashtoven Sangrento, ele mandou convocar os mais letrados juízes e acadêmicos de todos os reinos e lhes deu uma tarefa de criar direitos aos seus trabalhadores, porem ao mesmo tempo em que favoreceriam a nação Khadorana.

Foi assim, que em 592 D.R., Rinac Ray Le Chapelier (Ryn Esp4/Ari5), deu origem a Lei de Kapelusznik. Esta lei proibia a criação de sindicatos, assim como greves e as manifestações trabalhistas. Alegando a defesa da “livre empresa”, um conceito essencial para o teórico funcionamento e da indústria através da ética racionalista e liberdade individual, que concedia ao governo o direito de punir tais atos com avultadas quantias de dinheiro em multa, privação de direitos de cidadania até à pena de morte.

Com a Lei de Kapelusznik, e com a repressão que se seguiu, a vitória dos kayazy sobre as classes trabalhadoras veio a revelar-se total e incontestável.

Em contra partida, a Declaração dos Direitos Khárdicos criados pelo clero morrowano, concedeu ao trabalhador Khadorano direitos e privilégios nunca vistos, como jornada máxima de trabalho diário e amparo à mulher caso trabalhador morra em trabalho.

Ventos de Guerra

A Revolta do Couraçado Straviniski

O navio couraçado Straviniski, cujo nome completo era Knyaz’ StraviniskiTavricheski, algo como Honra e Glória a Straviniski, é um navio de guerra da Marinha Real Khadorana. Foi construído nos estaleiros de Geleira Ulden, em 554,D.R passando a operar em 568. D.R O nome é uma homenagem a Grigor Aleks Straviniski, um guerreiro que lutou ao lado do Rei Ruslan Vygor na Guerra da Floresta dos Espinhos em 544 D.R. No mesmo ano de 590 D.R, a tripulação do navio amotinou-se em razão das péssimas condições em que viviam no navio , sobretudo da péssima alimentação (carne podre estava sendo servida aos marinheiros, nas refeições). Os demais navios da esquadra não aderiram à revolta do “Straviniski”, o que fez com que os tripulantes buscassem refúgio em Ord. De qualquer forma, tratava-se de um motim em uma grande unidade da marinha khadorana, evidenciando que as Forças Armadas já não podiam ser consideradas sustentáculos fiéis aos guerreiros da nação. A revolta do encouraçado criou uma onde de rebelião e anarquia no 3º Exército e o Almirante Naval Nahimov puniu e execultou vários de seus homens como represálias a tais atos. O capitão do Straviniski, Durvain Krobanov (Skirov Gue7/Esp4) é procurado por crime militar e qualquer um que apoie seus esforços de lutar contra a nação Khadorana receberá a mesma sentença. Histórias dizem que Durvain está ancorado em Berk e têm se afiliado a uma oganização anarquica conhecida como Russkaya Mafya e procura outros párias para auxilia-lo no resgate de amigos que estão presoa em Khador.

De qualquer maneira a Primeira Revolução Khadorana deixará marcas que nunca serão esquecidas, e talvez gerações futuras tem a democracia e igualdade social como uma verdade.

--

--