Wexmere

Iron Kingdoms Gazetteer — NQ 46

Rafão Araujo
Reduto do Bucaneiro
24 min readMar 11, 2021

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A cidade mineira de Wexmere, uma cidade do ducado Cygnarano das Terras do meio Meridionais, foi até pouco tempo considerado um local inexpressivo. As operações madeireiras e a extração de cobre empregaram a grande parte da população por gerações, mas a descoberta de ouro nas colinas vizinhas jogou a cidade numa corrente de expansão, ganância e, às vezes, violência.

DEMOGRAFIA DE WEXMERE

População Aproximada: 1.300 pessoas do Povo-do-meio, 900 Caspianos, 250 Thurianos, 100 Morridanos, 100 Gobbers, 47 Trolloides, 23 Rhuleses e 11 Ogruns.

Clima: Temperado, com invernos mais frios que o normal devido à proximidade com as Montanhas Superiores da Muralha da Serpente.

Terreno: A cidade de Wexmere é localizada em um vale estreito ao longo de um afluente raso do Rio Negro. É cercada pelas colinas escarpadas do vertente oriental das Montanhas Superiores da Muralha da Serpente, uma área coberta por densa vegetação.

Recursos Naturais: cobre ouro, madeira, estanho.

Lorde: Barão Allain Garret Horne.

AMBIENTANDO SEU JOGO EM WEXMERE
Wexmere foi criada para ser usada pelo mestre tanto para uma única aventura quanto para uma campanha inteira. Ela é repleta de problemas, com conflitos entre companhias mineradoras, nobres desonestos e garimpeiros gananciosos. Esses confrontos desfiguram o conceito de lealdade até a mais pura ganância, e qualquer indivíduo descrito em Wexmere pode acabar enganando os personagens pela quantia certa. O mestre pode envolver os heróis em disputas travadas por residentes antigos e os que chegaram recentemente, a procura de fortuna e ouro. Personagens podem facilmente se envolver nos problemas da cidade por acusações de mineiros bêbados, mercenários defendendo uma propriedade ou ajudando um barão, um capataz ou um xerife.

Se os personagens já são residentes de Wexmere, provavel-mente têm algum envolvimento nos conflitos das mineradoras. Se chegaram a cidade recentemente, terão de escolher logo um lado. Essa situação pode se tornar mais complexa se os personagens descobrirem os crimes do barão ou capataz que os envolveu. Se os personagens agirem de acordo com essa informação, podem se envolver em problemas muito piores, se próprio arquiduque se envolver.

Um tema secundário é o bizarro. Wexmere é uma cidade em expansão e cheia de pessoas estranhas… às vezes, muito estranhas. O mestre tirará mais proveito disso se aprofundar-se nas personalidades e hábitos peculiares dos moradores, e é encorajado a interpretá-los da maneira mais direta possível. Tais indivíduos serão mais interessantes se interpretados como excêntricos e perturbadores do que simples esquisitões.

HISTÓRIA

Wexmere está a dois dias de cavalgada ao Sul-Sudeste de Vinha Real, ao fim de um vale coberto por florestas no sopé das Montanhas Superiores da Muralha da Serpente. A cidade descansa na sombra do enorme penhasco de Monte Vygoff. Estende-se ao lado do raso, pedregoso Rio do Salmão que flui do alto das montanhas e passa por Wexmere em direção ao sul, onde desembocará no Rio Negro.

A cidade foi fundada em 1280 BR como um acampamento madeireiro conectado à Estrada Real por uma trilha estreita. Ao longo dos séculos, a população de Wexmere foi crescendo até um tamanho modesto, antes de ser decimada durante a ocupação Orgoth. Nas décadas que seguiram a Rebelião, Wexmere foi somente mais uma das cidades do Baronato de Wensfield, dentro do então Ducado das Terras do meio. Com o tempo, a exploração madeireira voltou para a cidade, rapidamente obscurecido pelos novos esforços minerários quando da descoberta de substanciais depósitos de minério de cobre e estanho por parte de agrimensores a serviço da Coroa em 233 AR. Nesse mesmo ano, Wexmere foi nomeada sede e única cidade do recém-fundado Baronato de Wexmere, e foi reconhecida como tal desde então.

Nos séculos que se seguiram, a exploração madeireira e a mineração continuaram em Wexmere, tornando-o um baronato modestamente lucrativo para a família governante e os donos de terras. No entanto, ficou esquecido pela grande política Cygnarana. Quando o Rei Leto dividiu as Terras-do-Meio em vários ducados menores, Wexmere ficou nos confins do Ducado das Terras-do-Meio Sul, sob o comando do Arquiduque Fergus Laddermore, Senhor de Forte Durn.

As operações com cobre e madeira foram suficientemente lucrativas para justificar a construção de uma linha da estrada de ferro, conectando a cidade com a grande Linha do Mercado. No entanto, lutou muito para se tornar algo mais que um campo de trabalho. Wexmere teria ficado no escuro se não fosse à descoberta de ouro nas colinas vizinhas durante a primavera de 606 AR.

O ouro foi descoberto numa enseada recém-revelada pelas enchentes que seguiram uma forte tempestade. O Barão Allain Garret Horne achou interessante vender contratos para mineiros profissionais para a exploração dos maiores depósitos encontrados, abrindo a venda dos direitos de extração dos depósitos menores nas colinas e enseadas próximas a extratores independentes. O Baronato fica com a maior parte, sessenta por cento de todo o ouro extraído, dos quais vinte por cento vão para o Arquiduque, mas mesmo tirando a parte da Coroa, um contrato de extração de ouro é suficiente para fazer a fortuna de um homem ou de uma mulher. Nos dois anos desde a descoberta do ouro, a população de Wexmere quase dobrou. Milhares de homens e mulheres seguiram a promessa do ouro e decidiram testar a própria sorte nas enseadas e minas do Baronato. Poucos desses esperançosos extratores ficam ricos, mas para cada um que vai a falência e deixa a cidade, mais dois chegam. O dinheiro desses investidores flui nos bolsos dos empresários que abriram lojas em Wexmere, procurando fazer a própria fortuna na cidade em explosão.

A descoberta de ouro tem sido uma faca de dois gumes para Wexmere. Enquanto a nova fonte de riqueza é inegável, os conflitos entre as operações de mineração dividiram a população da cidade, e suas pelejas refletiram em todos os níveis da sociedade. As ruas de Wexmere são lamacentas e esburacadas, seu povo muitas vezes extasiado por ter finalmente encontrado ouro ou por ter perdido tudo em uma expedição falida. De dia, Wexmere é tensa; de noite, pode ser mortal, quando contendas sobre dinheiro, ouro ou condições de trabalho fervem até a superfície de uma população inchada e gananciosa.

POLITICA

O Barão Allain Garret Horne governou Wexmere por mais de vinte anos, desde a morte de seu velho pai. Na sua juventude ele serviu como capitão do Segundo Exército, onde comandou espingardeiros fora de Muralha do Leste e recebeu diversas comendas pelas ações contra as incursões Menitas.

O Barão é um governante razoavelmente competente, mesmo que desinteressado pelos maiores assuntos de Estado. O Barão Horne raramente comparece a reuniões na Assembleia Real, a não ser quando chamado pessoalmente para suportar seu suserano, o Arquiduque Laddermore. O Barão de meia idade é conhecido por sua impressionantemente densa barba negra, bom humor e seu governo brando. Ele passa a maior parte de seu tempo caçando e pescando em uma área de colinas arborizadas ao leste da cidade, que ele tombou como reserva de caça privada. Quando chamado a receber convidados nobres e emissários importantes, ou para decidir sobre disputas legais, ele o faz de sua ancestral propriedade imobiliária, o Garreton. O imóvel é localizado logo fora Wexmere e é uma mansão pouco fortificada. Mesmo sendo com certeza a melhor construção da região, está bem longe de se assemelhar às propriedades suntuosas de outros lordes, um fato que causa certas dificuldades ao Barão Horne quando tem de entreter seus pares. Até recentemente, o Barão Horne era um nobre de pouca ambição, feliz de executar suas poucas responsabilidades de forma indiferente e se divertir da forma usual a um lorde do interior com poucas demandas da Coroa. Entretanto, a descoberta do ouro em Wexmere complicou dramaticamente a vida do Barão.

Lady Audra Isring Horne, de uma família de nobres menores de Caspia, é mais nova que seu marido quinze anos. Lady Horne é uma mulher inteligente e forte, de aparência mediana, notável somente pelos cabelos de um vermelho brilhante. Ela acredita ser uma esposa razoável e até ama seu marido, do jeito dela. Lady Horne não gosta da posição de sua família, como a de pequenos nobres de uma cidade remota, e gostaria que seu marido fizesse mais para melhorar seu status. Ela tomou medidas recentemente para garantir que sua família tirasse proveito da descoberta do ouro. Lady Horne teve duas crianças: um menino de dez anos de nome Bennon e uma menina de dois anos, Katherine.

O Barão prefere deixar a rotina diária do governo aos cuidados de seu subordinado, Chester Dority. Dority é um homem sombrio que carrega as cicatrizes de várias velhas feridas de batalha e serviu o Barão Horne como braço direito nos assuntos de coleta de imposto, contendas legais e disputas de mineração desde o tempo em que era ajudante de Horne em Muralha do Leste. O senescal é extremamente fiel ao Barão, mas guarda alguns ressentimentos pela sua inabilidade de avançar entre as posições da nobreza e vive a vida que acha que merece.

Dority perdeu um tempo tentando achar maneiras de desviar um percentual das transações de ouro entre os mineiros e o Baronato, vendo isso como uma recompensa justa e devida pelo seu trabalho. Dority astutamente realizou que essa fraude poderia ser substancialmente mais recompensadora se fosse expandida sistematicamente e arquitetada para explorar a insegurança do Barão Horne em relação a seu decadente imóvel familiar. Mais importante para Dority é que, se a fraude pudesse ser feita com o conhecimento do Barão, o seu próprio desvio de ouro seria bem menos fácil de ser identificado nos registros. Desse modo, agora Dority mantém três registros de transações do ouro: um público, um alterado para contabilizar os benefícios do Barão e um registro secreto com a contabilidade acurada de seu próprio roubo. Apesar do bom senso, o Barão Horne permitiu que Dority enriquecesse os cofres do Baronato com os fundos que iriam legalmente para o Arquiduque. Lady Horne descobriu essas transações, mas não tomou nenhuma atitude sobre a questão. Na verdade, ela até gostou de ver crescer a ambição em seu marido, mesmo se preocupando com as consequências de suas ações. O esquema financeiro de Dority parece bom na teoria, mas o fato de que ele próprio esteja retirando uma parte do ouro com certeza fará perceber a algum contador do Arquiduque que algo está faltando em Wexmere.

Recentemente, um trem carregando um coletor de imposto e um carregamento de ouro e cobre de Wexmere foi emboscado na rota para Vinha do Rei. Todos os passageiros e tripulação foram mortos, seus corpos saqueados, e o carregamento roubado, juntamente com um gigante de guerra exonerado que fazia a guarda do trem. Enquanto é opinião pública que o roubo foi obra de bandidos ou de um bando de fora-da-lei, o Arquiduque Laddermore percebeu algo a mais nesse evento e se tornou pessoalmente interessado nos assuntos de Wexmere. Dessa forma, Laddermore mandou agentes de confiança para Wexmere com o objetivo de investigar mais plenamente os fatos.

O representante de Laddermore é o coletor de impostos do ducado, Leland Whitney. Whitney é um homem de cerca sessenta anos com uma mente muito afiada e uma habilidade descomunal para reconhecer uma mentira. Desde que chegou, Whitney recusou as acomodações oferecidas pelo Barão Horne, escolhendo, ao invés disso, ficar na Hospedaria Grande Muralha da Serpente, a melhor taverna e pousada em Wexmere. Seus subordinados, que incluem também alguns mercenários da companhia Lâminas de Daggot, estão hospedados do outro lado da cidade, na consideravelmente menos confortável Pousada Joia.

Desde sua chegada, Whitney e seus homens começaram não somente uma investigação sobre o roubo do trem, como também um inquérito sobre a situação geral da mineração e taxação do ouro. Ele já descobriu diversos esquemas de algumas operações de mineração para sonegar os valores devidos ao Baronato. Mesmo que Whitney ainda não tenha descoberto o esquema do lacaio, ele suspeita de todo mundo e fez poucos amigos em Wexmere.

Complicando ainda mais as coisas em Wexmere existem as próprias operações de mineração. Existem duas grandes empresas de mineração: a Companhia de Madeiras e Cobre de Wexmere, local e fundada há muito tempo; e a Expedições Águas de Aço, uma empresa recém-chegada e subsidiária da Ferrovia das Águas de Aço. Essas duas companhias se consideram em competição direta pelo controle da mineração do ouro em Wexmere e começaram atos de sabotagem uma contra a outra e até, dizem os rumores, assassinatos. Brigas entre os empregados das duas empresas, não são raras nas tavernas e ruas de Wexmere, uma questão que não é desencorajada pelos seus empregadores. Muitos desses trabalhadores afirmam ser membros do Sindicato dos Trabalhadores de Vapor e Ferro, mas nenhuma das companhias é membro do sindicato e, além disso, tem pouca fraternidade entre os trabalhadores das empresas. O Barão Horne não gosta da Expedições Águas de Aço, principalmente pelo fato de não suportar a falta de investimentos dos estrangeiros em seu Baronato, mas entende a necessidade de lidar com eles para manter vivo o serviço de trens em Wexmere. De qualquer forma, se o Barão descobrir evidências de que a Expedições Águas de Aço está desviando ouro devido ao Baronato, ele ficará feliz de lhe ensinar uma lição.

A CIDADE DE WEXMERE

A avenida principal de Wexmere é uma rua lamacenta que passa no meio da cidade, se conectando, ao final, com Estrada Real. Corremos paralelos ao Rio do Salmão e à ferrovia, ambos ao norte na estrada. A rua divide Wexmere entre os bairros Norte e Sul, cada um compreendendo cerca de cinquenta edifícios que incluem tavernas, pousadas, casas populares de propriedade das empresas de mineração e diversas residências privadas. Os imóveis mais valiosos da cidade são alocados ao longo da avenida principal, entre os quais a Hospedaria Grande Muralha da Serpente, o escritório do Senescal, o escritório da Ferrovia das Águas de Aço e a Companhia de Madeira e Cobre de Wexmere.

Quanto mais ao norte e ao sul da avenida principal os prédios se tornam mais rústicos e as pessoas mais rudes. O status entre as pessoas de Wexmere é calculado pela proximidade à avenida principal e aqueles que vivem mais longe dela são os mais bêbados e devassos. Os mais baixos entre os miseráveis são marginalizados no terreno úmido e rochoso ao norte da cidade, entre a ferrovia e a beira do Rio do Salmão.

SUPRIMENTOS GERAIS E BENS DESIDRATADOS DE BLACKBURN

Outra recente adição à cidade, o empório de Blackburn é o melhor entre muitos estabelecimentos mercantis que servem os mineiros de Wexmere. Morgan Blackburn é um trincheiro veterano e um herói menor da Guerra Llaelesa. Depois de se aposentar em Caspia por ter sido ferido na retirada de Merywyn, ele fundou uma pequena, mas lucrativa forja. Ouvindo da descoberta de ouro em Wexmere, Blackburn deixou a forja nas mãos de seu filho mais velho e se mudou com a mulher e o filho mais novo para procurar fortuna. Desde então, a loja de Blackburn se tornou conhecida por oferecer ferramentas e equipamentos de mineração de boa qualidade a preços razoáveis e uma boa seleção de outros bens de primária necessidade, incluindo apetrechos, rações e alimentação para gado. Blackburn é geralmente considerado um homem racional, mas ganhou certa notoriedade por um acidente que aleijou um ladrão que tinha sido avisado a ficar fora da loja.

MANSÃO GARRETON

Situada logo ao Oeste da cidade principal, Garreton se estende na beirada meridional do Rio do Salmão. Uma humilde mansão, seus três andares são construídos em pedra. É uma estrutura altamente defensável construída não muito após a Rebelião e foi inicialmente usada como posto avançado do qual a selva local foi domesticada. Porém, apesar de ser estruturalmente sólida, está longe de ser suntuosa. Doze servos que vivem na casa em quartos separados atendem o Barão e sua família. O terreno da propriedade compreende dez acres e inclui um estábulo bem cuidado, um pasto e baixos muros de pedra nos limiares. O cemitério familiar dos Horne também está dentro da propriedade.

HOSPEDARIA GRANDE MURALHA DA SERPENTE

Localizada no final da estrada principal de Wexmere, a Hospedaria Grade Muralha da Serpente é um dos edifícios mais antigos da cidade. Fundada em 301 AR como um refúgio de caça, a hospedaria hoje é uma das melhores pousadas na Muralha da Serpente Superior, mesmo que seja incomparável àquelas em Caspia ou até mesmo em Vinha Real. A Grande Muralha da Serpente é um edifício de três andares construído com os gigantescos pinheiros locais e tem vinte quartos para hospedes, alguns dos quais são conectados por passagens secretas. As paredes da hospedaria são notáveis pelas cortinas de tecido vermelho, um capricho de Samuel Lanterman, o proprietário. Quartos podem ser alugados por preços que começam em 7 Coroas de Ouro, para chegar as 65 Coroas de Ouro da Suíte Real.

A hospedaria também é conhecida pelo elaborado café-da-manhã, servido todas as manhãs na sala comum. Qualquer pessoa razoavelmente limpa e sóbria é bem-vinda se quiser gastar 3 Coroas de Ouro por uma refeição saudável acompanhada pela delicadeza do excelente café importado de Zu por Caspia.

O atual proprietário é uma das personalidades mais bem conhecidas de Wexmere, lembrado pela sua incrivelmente baixa estatura e um defeito na fala que o obriga a alongar suas palavras. Samuel faz questão que a hospedaria somente sirva os melhores elementos de Wexmere, e tem recusado a permissão para que jogos de azar acontecessem em sua propriedade. Samuel fez de tudo para ficar de fora da briga entre os empregados das companhias de mineração, mas possui uma inegável preferência para os empregados da Companhia de Madeira e Cobre de Wexmere, pois é quem ele acha que tem os melhores interesses da cidade em mente.

Atualmente, a hospedaria conta com o coletor de impostos do Arquiduque, Leland Whitney, como seu residente. Desconfiado e esperto, ele frequentemente combina reuniões numa mesa no canto da principal sala de jantar da hospedaria. Samuel não confia em Whitney, entretanto o fez sentir como um hóspede querido.

Apesar de não ser um residente, o minerador local Ellsworth Milford pode ser encontrado todas as manhãs na sala comum da hospedaria aproveitando o café-da-manhã, acompanhado de diversas xícaras de café. Ele é instantaneamente reconhecível pelo ostensivo chapéu de couro do qual nunca se separa. Ele o decorou com uma grande pena, mas muda sua cor quase diariamente. Alguns indivíduos sugerem ser uma só pena com algum estranho encantamento, mesmo que Milford nunca tenha dito isso. A origem de suas penas é um profundo segredo, e alguns acreditam que a escolha da cor indica a probabilidade dele encontrar ouro naquele dia. Milford foi um dos primeiros mineradores independentes a ficar rico em Wexmere e tem um sentido excepcional pelo seu ofício. Ele agora gasta muito tempo aconselhando outros mineradores na procura “da cor”, como ele o chama.

O SALOON JEWEL

O Joia é um edifício recém-construído de dois andares ao sul da estrada principal de Wexmere, em meio ao emaranhado de propriedades e estabelecimentos de baixa renda. O andar de cima possui seis quartos, que no momento estão todos alugados para os subordinados de Leland Withney e para quatro membros da companhia mercenária das Lâminas de Daggot. O Joia é o mais bem conhecido entre os saloons que abriram desde a descoberta de ouro em Wexmere, mas têm vários outros estabelecimentos de qualidade similar.

Um grande bar e várias mesas de madeira, tipicamente cheias de mineiros mortos de bêbados, trolloides disputando quebra-de-braço e apostadores inveterados dominam a térreo do Saloon Joia. O saloon foi construído logo após a descoberta do ouro em Wexmere. Seu proprietário, Saul Tremayne, poderia ter feito uma fortuna com a fatia da casa nos jogos de azar, se não fosse um beberrão sem esperanças. Tremayne emprega vários trolloides como seguranças e está profundamente envolvido no submundo criminoso, entre apostadores e ladrões que recentemente apareceram na cidade. Tremayne e seus funcionários não tomam partido nas disputas entre os mineradores, e brigas entre rivais não são raras, especialmente nos dias de pagamento. Entretanto, o Joia é cada vez mais frequentado pelos empregados mais rudes da Expedições Águas de Aço, e a lealdade de Tremayne seguirá inevitavelmente aqueles que gastarem mais dinheiro em seu estabelecimento.

ESCRITÓRIO DO SENESCAL E DE AVALIAÇÃO

Esse modesto prédio de madeira de dois andares no meio da estrada principal é o escritório e residência do Senescal Chester Dority. Uma larga varanda corre por todo o comprimento da parede dianteira do edifício, da qual o Delegado às vezes observa o ir e vir dos cidadãos de Wexmere. A porta da frente do escritório se abre para uma sala pouco decorada. Diversas escrivaninhas se encontram ao longo das paredes e são usadas para a função primária do escritório: a solução de conflitos, a confrontação de disputas legais e a aplicação de simples testes alquímicos para deduzir a pureza e autenticidade do ouro, pelo qual o escritório cobra 20 Coroas de Ouro para cada onça de material testado. O chão de madeira não é coberto e muitas vezes, fica bem lamacento devido às dúzias de visitantes que acabaram de sair das minas ou da estrada. O escritório privado do Senescal é separado por uma série de janelas que permitem que ele observe a frente do escritório quando as cortinas estão abertas. Dority mantém todos os seus materiais de contabilidade de uso diário nesse escritório, apesar de que os livros públicos foram alterados para que escondessem seus afazeres ilegais. Os livros acurados, detalhando sua multidão de desfalques, são mantidos no segundo andar, entre seus pertences pessoais.

Os visitantes podem querer ir ao escritório do Avaliador quando desejam adquirir um contrato de mineração, testar a pureza do ouro ou abrir qualquer pequena atividade legal na cidade ou nas terras do Baronato de Wexmere. Na maioria dos casos, o Senescal não se envolverá pessoalmente, sendo que ele só atua nos casos legais mais complexos. Quando ele precisa conduzir um processo, ele cancela todos os negócios no escritório da frente e convoca o tribunal. Whitney às vezes escolhe levar processos de crimes sérios, como assassinato ou o roubo de pessoas importantes, para o conselho do Barão Horne.

CAMPO DO OLEIRO

Localizado ao sul da cidade, o recém-criado cemitério público da cidade é um largo campo que comporta somente as mais simples lápides. A menos de uma centena de metros dos limites dos pântanos meridionais de Wexmere, é o destino final da maioria dos não residentes que morrem em Wexmere. Até a descoberta do ouro, poucos corpos foram colocados aqui, mas se tornou cada vez mais necessário enterrar corpos de mineradores e garimpeiros mortos em acidentes, brigas ou doenças comuns aos residentes do Acampamento do Rio. A sacerdotisa da paróquia, Langrish, dá o seu melhor para dar a todos os corpos simples ritos morrowanos para proteger seu descanso eterno, mas ela tem tido muito trabalho e alguns corpos são enterrados sem serem santificados.

ACAMPAMENTO DO RIO

A região sem nome entre a ferrovia e a beira meridional do Rio do Salmão é cheia de estruturas rudes, tendas e alpendres erigidos pelos mais desesperados da população de Wexmere. Em sua maioria, esses indivíduos são garimpeiros falidos e mineiros bêbados demais para fazer um dia de trabalho honesto. As condições aqui são esquálidas, e a pároca Gersten Langrish tem se preocupado que uma praga comece a se desenvolver entre os indigentes.

REPAROS E TRABALHOS DE VAPOR DE RONKETETPETKETTELS

Comumente chamado de “Ronk’s”, o gobber Ronketetpetkettels mantém a mais bem equipada e profissional oficina mekânica de Wexmere. Ronk é um cidadão querido de Wexmere, e gosta de conversar ou dar avisos e conselhos aos mekânicos visitantes. A maior parte de sua atividade é relacionada à reparação de equipamentos de mineração e Gigantes de Trabalho usados pelos garimpeiros independentes. Ronk tem dois cavalos de tração e uma carroça que ela aluga aos garimpeiros cujos gigantes ficaram presos em ravinas estreitas e precisam ser puxados para fora.

A loja está localizada no estaleiro dos trens, e é cercado por um alto muro de pedra coberto por arame farpado que ele encontrou em campos de batalha. Ronk paga um vigia para proteger a propriedade à noite. O guarda é ajudado por dois cachorros soltos. O quintal da loja é cheio de apetrechos de mineração e ocasionalmente podem ser encontrados componentes de gigantes a vapor de vários graus de qualidade. A loja em si é um armazém adaptado, equipado com suportes e equipamentos que bastariam para construir um gigante a vapor a partir de sucata. Ronk e todos os seus empregados são membros do Sindicato dos Trabalhadores do Vapor e Ferro, e seus deveres estão sempre em ordem. Até agora, Ronk tem mantido sua loja fora dos problemas entre as companhias de mineração, mas ela pode precisar escolher um lado. Se isso acontecer, é mais fácil que ela fique do lado da Companhia de Madeira e Cobre de Wexmere, pois ele detesta a Ferrovia das Águas de Aço pelo seu desrespeito aos direitos dos trabalhadores.

ESCRITÓRIO DO XERIFE

O escritório do xerife pode ser encontrado na estrada principal, logo ao oeste da estação de trem de Wexmere. É um modesto prédio de madeira de dois andares que contém a sala do xerife, um pequeno arsenal e a cadeia da cidade, que pode suportar até vinte prisioneiros sem maiores desconfortos. Os quartos do xerife e de três de seus delegados estão no segundo andar.

O xerife Windom Blazanov está no cargo há sete anos, desde que foi cuidadosamente selecionado pelo Senescal Dority. Apesar do sobrenome khárdico, a família de Blazanov tem raízes em Wexmere há séculos, e o xerife é ferozmente leal à cidade, ao senescal e ao Barão Horne. Blazanov começou sua carreira como capataz das minas e chamou a atenção de Dority por causa de seu julgamento justo e paritário e sua disposição a agir decididamente, e até violentamente, quando necessário. Como xerife, Blazanov tem o poder de agir como juiz e júri na maioria das situações, mas leva qualquer situação legal complexa a Dority. Quando tem que interferir em brigas ou investigar roubos, Blazanov prefere prender os envolvidos o mais pacificamente possível, apesar de não ter problema em recorrer ao uso de sua confiável Pistola Quadrangular quando a situação demandar.

Blazanov teve alguns problemas a se ajustar ao fluxo de garimpeiros e à crescente violência entre a Expedições Águas de Aço e a Companhia de Madeira e Cobre de Wexmere. Ele é assistido por quatro Delegados, todos residentes de Wexmere há muito tempo, e faz o seu melhor para colocar um fim em qualquer distúrbio antes que ele saia do controle. Quando Blazanov sabe que algo vai dar em problemas de verdade, ele não hesita em contratar mercenários para ter músculos extras, tipicamente ao soldo de 20 Coroas de Ouro por dia. O xerife abomina completamente os representantes da Expedições Águas de Aço, mas tenta não ficar claramente contra eles. Ele também está muito nervoso com a presença do coletor de impostos do arquiduque e certamente ficaria do lado do Baronato em qualquer situação que tenha a ver com as indiscrições financeiras de Dority.

ESCRITÓRIO E ESTAÇÃO DA FERROVIA STEELWATER EM WEXMERE

A estação de trem de Wexmere foi construída pela Ferrovia das Águas de Aço em 550 AR para facilitar o envio de cobre e madeira de Wexmere para as cidades do sudeste de Cygnar. A estação é uma estrutura de pedra com plataformas de madeira e fica ao lado de um grande pátio de carga usado para carregar e descarregar os trens. Estradas conduzem para fora da estação em direção Oeste e Sul, entrando na estrutura através de portões. Os agentes da Ferrovia das Águas de Aço controlam cuidadosamente cada carregamento e empregam diversos guardas para efetuarem a segurança. Os escritórios da Expedições Águas de Aço ficam fora das instalações.

Os guardas têm contratos com diversas companhias mercenárias para prover a segurança dos trens, e normalmente andam acompanhados de pelo menos um Gigante de Guerra. Desde o recente roubo do trem, os guardas da ferrovia têm contratado mais mercenários que o normal, colocando notas penduradas no mural da estação. Os mercenários são geralmente contratados ao soldo de 30 Coroas de Ouro por dia.

IGREJA PAROQUIAL DE WEXMERE DO ASCENDIDO SAMBERT

Encontrada na parte norte da estrada principal, em uma parte decadente da cidade, a única igreja morrowana de Wexmere já viu dias melhores. A igreja foi destruída e reconstruída duas vezes: primeiro durante o Flagelo Orgoth, depois em 607 AR, após um incêndio que queimou grande parte da favela setentrional. A estrutura é um prédio achatado e sem graça, adornado com símbolos Morrowanos esculpidos de forma crua em estilo rústico. O maior cemitério de Wexmere fica colado com a igreja, apesar de que pelo influxo de garimpeiros, os não residentes são enterrados no campo do oleiro ao sul da cidade.

A pároca Gersten Langrish vive em aflição por causa do estado de sua igreja. Sua congregação é muito leal e bem intencionada, mas a invasão de mineiros e garimpeiros em Wexmere a sobrecarregou com seus hábitos violentos e seus modos rudes. Ela recentemente escreveu para seus superiores em Caspia, pedindo permissão e fundos para reconstruir a sua igreja de forma grandiosa e fundar uma capela satélite ao sul da cidade.

AS MINAS

EXPEDIÇÕES ÁGUA DE ÁÇO

A Expedições Águas de Aço opera somente uma estação de mineração em Wexmere, uma mina de ouro duas milhas ao oeste da cidade. Com grande custo, a Águas de Aço estendeu a linha ferroviária da estação de Wexmere até sua estação de mineração, um luxo que eles negaram a seus rivais. A companhia escavou duas minas das quais eles extraem ouro e empregam trezentos mineiros e trabalhadores auxiliares, bem como alguns controladores de gigantes que operam os catorze Gigantes de Trabalho das minas. A maior parte dos mineiros é natural de Baixios das Águas de Aço e vieram junto com a companhia para Wexmere. Os empregados são bem pagos, mas as condições nas minas são ás vezes perigosas e os chefes não aceitam desculpas dos trabalhadores que estão doentes. O roubo de ouro das minas não é frequente, mas é sempre punido com a morte e nunca comunicado ao escritório do Senescal.

O superintendente encarregado da mina é um Thuriano grisalho chamado Leon Murtell. Murtell esteve com a Ferrovia das Águas de Aço por cerca de vinte anos e antes de mudar para Wexmere era um dos homens mais odiados em Baixios das Águas de Aço, onde ele passou anos acabando com greves de acordo com o interesse de sua companhia. Ele é um homem corpulento, característica que dá respaldo ao seu comportamento perverso. Muitos acreditam que ele pessoalmente matou um par de trolloides que fomentaram uma greve pouco tempo após a abertura da segunda mina de ouro. Especula-se que ele jogou os corpos em um fosso abandonado.

COMPANHIA DE MADEIRA E COBRE DE WEXMERE

Sendo a mais antiga operação mineira na cidade, a Companhia de Madeira e cobre de Wexmere foi capaz de reagir rapidamente á descoberta de ouro escavando suas próprias minas na localização do maior depósito encontrado até hoje. Os donos da companhia e a maior parte de seus empregados são moradores antigos de Wexmere e alguns são descendentes das famílias que vem trabalhando nas operações de madeira e mineração de cobre da companhia por gerações.

As condições para os mineiros são geralmente boas e a companhia emprega mais gobbers e trolloides do que qualquer outra operação em Wexmere. Porém, uma série de acidentes mortais tem recentemente atormentado a operação e muitos acreditam que isso é fruto de sabotagens por agentes da Expedições Águas de Aço. O chefe das minas, Daniel Briggs, deu início a uma investigação particular sobre esses atos e geralmente é visto patrulhando o local. Ele nunca é visto sem sua machadinha enferrujada na mão, um resquício dos tempos que trabalhava nas operações madeireiras da companhia.

ARREDORES

RESERVA DE CAÇA DO BARÃO

As colinas arborizadas á leste da cidade foram selecionadas como reserva de caça privada do Barão Horne. A área ainda está preservada e contém florestas densas, riachos traiçoeiros e excelente caça. O barão tem tanto orgulho da área que tem recusado permitir qualquer exploração mineira, desde a descoberta de ouro na região, por medo de ter de desistir de sua reserva de caça. Cervos e perdizes são abundantes nestas florestas e eles se encontram tão afastados das selvas mais profundas, que criaturas mais perigosas são raramente vistas, embora alguns ursos tenham demarcado território na reserva.

O guarda-caça do barão Horne, Silas Brennan patrulha a área frequentemente, mas é um homem piedoso e não importuna ninguém a não ser os caçadores mais notórios. Brennan é conhecido por sua peculiar e muito repetida afirmação de certa vez ter avistado um búfalo Raevano imenso nas profundezas das florestas abaixo do Monte Vygoff Ele afirma que a criatura tinha doze metros de altura e o emboscou em um vale. A história ainda conta que ele por pouco escapou vivo e nesse momento a pelagem do búfalo ficou salpicada de verde e este se fundiu com as sombras da floresta. Devido aos detalhes a respeito das cores mutantes do búfalo, seu tamanho desmesurado e sua improvável habilidade de desaparecer nas sombras, muitos dos nativos acreditam que Brennan mantém sua própria área privada dentro da reserva.

Brennan está ciente que o povo de Wexmere não o leva muito a sério e por isso ainda não mencionou algumas das coisas mais estranhas que ele viu nas florestas. A mais ameaçadora delas foi um grupo de trajados em negro que ele discretamente observou ocupados em um estranho ritual, nas cabeceiras do grande riacho que alimenta o curso d’água no qual os mineradores independentes prosperam.

RIACHOS DE OURO

Conhecidos coletivamente como os “riachos de ouro”, estes arroios rochosos entrecruzam as colinas da região e são atualmente explorados por mais de duzentos garimpeiros independentes, que obtiveram licenças de mineração e concessões do baronato. Muitos desses garimpeiros trabalham em pequenos grupos e são geralmente assistidos por gigantes de trabalho. O terreno, que já é acidentado para a passagem de pessoas, é ainda mais difícil para gigantes a vapor e muitos garimpeiros preferem trabalhar sem a ajuda deles. Concessões são guardadas cuidadosamente e ocorreram não poucas brigas, algumas letais, entre garimpeiros que sentiam que seus vizinhos tinham se aproximado demais de seus territórios por direito. Recentemente, dois garimpeiros desapareceram enquanto trabalhavam em suas concessões á noite, gerando uma rodada de recriminações confusas e assustadas entre os outros mineiros. O xerife Blazanov patrulha regularmente as concessões, sempre de olho nos ás vezes irascíveis e territoriais garimpeiros.

MONTE VYGOFF

O penhasco maciço do Monte Vygoff se ergue a apenas oito quilômetros a oeste de Wexmere. Seu cume fica acima de 2.440 metros de altura e foi outrora um lugar de sacrifício ritual dos Orgoth. Algumas ruínas desgastadas podem ser encontradas no seu pico e a montanha preserva uma funesta reputação entre o povo da região. Dizem que trajados em negro se reúnem no topo em certas épocas do ano, durante as quais nenhum habitante da cidade corre o risco de se aproximar das encostas da montanha. O próprio pico desponta acima de todo o vale e oferece uma excelente visão, tanto da cidade de Wexmere quanto da maioria das operações mineiras próximas. Porém é sabido que vários Gorax fazem suas tocas nas verdejantes florestas espalhadas abaixo da linha de neve, e partes da subida são traiçoeiras, necessitando equipamento especializado. Esses perigos são bem conhecidos pelos nativos e poucas pessoas tentam fazer a escalada.

RIO SALMÃO

O Rio Salmão flui através de Wexmere, a partir de sua nascente elevada, nos picos das Montanhas Superiores de Muralha da Serpente, em seu caminho para o Rio Negro. O rio é rápido, porém raso nas proximidades de Wexmere, dificilmente com mais de poucos metros de profundidade e fende por entre mutáveis bancos de granito solto. É fácil de atravessar durante a maior parte do ano, porém é ocasionalmente sujeito á perigosas enchentes, causadas pelo derretimento da neve e tempestades de primavera.

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