Cartilha Ambiental: Desertificação

Você já parou para pensar que a terra pode estar se tornando um deserto?

Projeto Reenquadro
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3 min readAug 23, 2017

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A palavra traz uma ideia de movimento, como um processo propriamente dito, a ação de um deserto. Mas como pode um deserto ser enquadrado em uma atuação dinâmica e ativa? Algo de aspecto mórbido e aparentemente sem vida alguma causando transformações no meio ambiente? Desertificação é uma forma mais branda de dizer que a terra está se tornando um deserto. De acordo com o conceito elaborado durante a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, o fenômeno é causado por modificações ambientais ou climáticas que levam transformação de solos em zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas em terreno desértico. A desertificação ocorre em ecossistemas frágeis e com baixa capacidade de regeneração. A mudança pode ser resultado de uma ação humana ou mesmo de processos naturais. Durante o processo, a vegetação reduz drasticamente chegando a acabar por completo em alguns casos, o solo torna-se infértil e perde suas propriedades produtivas.

Diante de outros fenômenos como o aquecimento global, é notável que esse processo vem se tornando cada vez mais presente, segundo o WorldWatch Institute, com maior ênfase em determinadas regiões: oeste da América do Sul, Oriente Médio, sul da África, noroeste da China, sudoeste dos Estados Unidos, Austrália e sul da Ásia. Já no Brasil, as áreas afetadas são a região do sertão nordestino, o Cerrado do Tocantins, norte do Mato Grosso e Minas Gerais. O Ministério do Meio Ambiente informa que, pelo menos 13% do território brasileiro é suscetível a esse fenômeno. Segundo dados divulgados em 2016 pela Organização das Nações Unidas (ONU), há cerca de 100 países com territórios em processo de desertificação, são afetados em torno de 60.000 quilômetros de terra por ano.

Áreas de Risco de Desertificação. Conferência sobre Desertificação das Nações Unidas (1977).

Danos ambientais, econômicos e sociais

O processo resulta em diversos problemas ambientais como a redução de umidade do ar, a infertilidade, salinização, alcalinização e erosão do solo, eliminação da cobertura vegetal, redução da biodiversidade e a escassez de recursos hídricos. Aproximadamente 30% do território mundial já sofre de consequências como essas, levando mais de 130 milhões de pessoas ao redor do mundo a deixarem suas terras. Esse processo normalmente ocorre em países subdesenvolvidos e, alinhado ao desenvolvimento de fluxos migratórios devido a perda da qualidade do solo, resulta em agraves econômicos para cenários que já não são muito favoráveis. A desertificação normalmente ocorre em áreas degradadas por atividades de pecuária, agricultura, pastoreio e irrigação. As atividades humanas que mais propiciam esse processo são o desmatamento, uso intensivo do solo e práticas inadequadas de irrigação e mineração.

Iniciativas como a Comissão contra Desertificação, criada pelo ONU em 1994, buscam elaborar projetos para reduzir os impactos e deter a expansão desse processo. O Brasil assinou acordos com esse programa em 1995, mas o Plano de Ação entrou em vigor somente no ano 2000. Hoje a comissão é composta por 193 membros.

Texto: Gabriela Neves

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