“Tem nada como um dia após o outro dia, pro meu coração”

someone
reflexões da meia noite
2 min readMay 13, 2024

em 13/05/2024

Como eu sinto falta de ser livre

Curioso como a gente consegue ser protagonista e coadjuvante na nossa própria vida. Às vezes me enxergo como aquele ator que passa caminhando ao lado da cena principal sendo gravada a poucos metros dele, tomando um café e fingindo mexer no celular, apenas para dar um movimento ao cenário, já que ele, pessoalmente, não tem nenhuma relevância para o contexto.

Nós, supostamente, deveríamos fazer escolhas. São elas que nos colocam em movimento, alteram o curso de nossas vidas, nos permitem conhecer pessoas, abrir ou fechar portas, mudar… Entretanto, parece mais que algumas situações são escolhidas para nós. Nós não escolhemos a família em que nascemos, não escolhemos o que vestir ou comer quando somos crianças. Dizem que os amigos são a família que a gente escolhe, mas também não os escolhemos. Normalmente, apenas compartilhamos alguma afinidade, por um acaso ou um comentário feito que nos conecta em determinados momentos da vida e ‘bum’, uma amizade surge.

Quando adultos, não escolhemos a casa em que vamos morar. Fazemos uma seleção entre o que mais se adequa aos recursos financeiros que temos e o que mais se aproxima de um gosto pessoal. Posso seguir por essa linha que apenas comprova que, para a maior parte das coisas, o dinheiro que temos é o que faz as escolhas por nós, mas isso vai ficar um pouco repetitivo.

Como eu sinto falta de ser livre.

O que é isso, afinal? Poder fazer minhas próprias escolhas? Decidir ser algo diferente ou fazer algo diferente? Não me lembro como é viver sem ter que ser o que esperam de mim. Dizer a coisa certa, fazer a coisa certa. Ter que me portar corretamente, ser educada o suficiente, mas por outro lado destemida o bastante para fazer algo importante/relevante. Acho que eu não consigo mais.

Acorda. Levanta. Come. Trabalha. Come. Trabalha. Academia. Come. Banho. Estuda. Dorme.

Repete.

Acho que pior do que ter que fazer escolhas na vida e conviver com essas decisões, é perceber que na verdade tu não tem escolha nenhuma. A gente só dança conforme a música. Hoje, 13 de maio de 2024, depois da pandemia do coronavírus, guerras, e todas as desgraças deste mundo, minha cidade Porto Alegre e todo estado do Rio Grande do Sul, estão alagados. Casas com mais de 6m de água pelas paredes, pessoas que perderam tudo. Tudo? O trabalho e conquistas de uma vida, seus familiares, seus animais de estimação, fotos e memórias de um lar que não existe mais.

Acredito que agora novas escolhas terão que ser feitas, mas, de novo, escolher entre nada e coisa nenhuma não parece valer de nada. Desculpe se pareço pessimista, não tem nada de bom passando pela minha cabeça ultimamente.

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reflexões da meia noite

alguém tentando entender a si e ao mundo em que (con)vive