5 sinais de que você é sábio, segundo a Psicologia

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No imaginário coletivo costuma-se associar sabedoria a pessoas mais velhas ou próximas da velhice, porque supõe-se que ela depende do acúmulo de experiências importantes ao longo da vida. A verdade é que ela também depende disso.

Porém, mais do que um compilado de vivências significativas, a sabedoria diz respeito à praticidade na solução de problemas existenciais e à utilização de nossos aprendizados na busca por uma ótima qualidade de vida para nós mesmos e para os que estão a nossa volta. Tem menos a ver com a inteligência convencional e mais a ver com uma manifestação de inteligência prática ligada à resolução de conflitos e tomada de decisões (NERI, 2006)

Segundo os resultados do BASE (Estudo sobre envelhecimento de Berlim: envelhecimento de 70 a 105 anos), a sabedoria, de fato, é mais frequente na velhice do que em fases anteriores da vida, mas ser idoso não é sinônimo de ser sábio. Ou como diria o humorista Raul Chequer:

Tweet do humorista Raul Chequer, escrito: “tem que acabar o estereótipo do idoso sábio. Com o tempo também dá pra acumular bu

Num estudo para avaliar a sabedoria, os pesquisadores Baltes e Staudinger (2000) oferecem aos voluntários problemas existenciais de pessoas fictícias e pedem as possíveis formas de resolver essas questões. Com base nos resultados dessa pesquisa, os autores propõem cinco características que indicam a presença da sabedoria:

1. Ter um rico conhecimento sobre os fatos da existência humana

Sabedoria envolve conhecer as motivações e relações humanas, as diferentes histórias e trajetórias de vida, os acontecimentos psicológicos e sociais que ocorrem na jornada das pessoas. Abarca o contato com os grandes temas da existência, como a angústia, o desespero e a solidão, por exemplo. Em outras palavras, a sabedoria abrange“um pouco de tudo” quando o assunto é a vida.

2. Saber como manejar as questões existenciais

Este ponto inclui a capacidade de utilizar o conhecimento de experiências passadas para solucionar problemas, o conhecimento sobre muitas formas de resolver conflitos e a habilidade de fazer associações e levantar hipóteses para prever futuros acontecimentos.

3. Considerar o contexto ao analisar os problemas existenciais

Pessoas comuns ouvem uma história sobre determinado indivíduo e estão satisfeitas. Aquele que se guia pela sabedoria, por sua vez, busca considerar quais as prioridades, a personalidade, a posição social, onde e quando esse indivíduo participou da história. A sabedoria está intimamente ligada a buscar compreender as particularidades dos envolvidos num conflito antes de tentar resolvê-lo.

Sábios também analisam o quão frequente um acontecimento pode ser entre a maioria da população. O término de um relacionamento, por mais indesejado que possa ser, ocorre com muita frequência entre as pessoas, certo? Analisar a normalidade das ocorrências pode fazer com que vejamos certas fases de forma mais simples.

4. Relativizar os valores e as prioridades de vida

Esse ponto revelou que um desempenho sábio tem muito a ver com ser flexível na hora de julgar as histórias e decisões de vida das pessoas. Isto porque se têm consciência de que opiniões e problemas variam de uma pessoa para outra e de uma cultura para outra. Sabedoria também abrange a noção de que nossos princípios são diferentes dos alheios e que existem muitas formas de interpretar e resolver a mesma situação.

5. Reconhecer e lidar com a incerteza

Esse traço de sabedoria diz respeito a admitir e viver bem com a ideia de que sabemos pouco; que nunca vamos conhecer completamente uma pessoa ou um conflito e que não podemos prever tudo. Mas compreender a incerteza não significa permanecer mergulhado num mundo de indecisões. Existem estratégias para lidar com o desconhecido, como a buscar por novas alternativas para resolver um problema e o planejamento dos riscos, vantagens e consequências de uma decisão.

Agora já sabemos que sabedoria é resultado de um aperfeiçoamento menos relacionado à idade e mais ligado à qualidade e quantidade de experiências vividas. Você se considera uma pessoa sábia?

Se você quiser pesquisar mais sobre o tema, essas são as fontes que utilizei:

Baltes, P. B., & Mayer, K. U. (1999). The Berlin Aging Study. Aging from 70 to 105. Cambridge: Cambridge University Press.

Baltes, P. B., & Staudinger, U. M. (2000). A metaheuristic (pragmatic) to orchestrate mind and virtue towards excellence. American Psychologist, 55, 122–136.

NERI, Anita L. (2006). O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento. Temas em Psicologia — 2006, Vol. 14, no 1, 17–34.

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Laísla Serejo
Reflexões sobre a vida adulta e a velhice

Atriz, empresária, escritora bestseller e vencedora do Oscar. Essa é a Oprah, eu sou a Laísla!