recôncavo
— baiana, e o abará?
— final da tarde, se quiser
todos os santos dançam em fevereiro
há os que comem água,
e os que a adoram, odoyá!
onde todos os búzios se cruzam:
jesus, marias e josés,
os descendentes dos pajés,
filhos de gandhi,
olorum ou zambi
roupa branca, pele preta
e um trio de afoxé
roma negra, mundo negro
caldas e um pouco de axé
— brother, o que é que há?
— batecum, lá na beira do mar
nada de apertar a mente
pega as ‘base’, no cocó
em um sorriso todo mundo se entende
por aqui eu não ando só
tem festa boa, com ijexá
num fim de tarde em itapuã
segurando meu patuá
comendo anduzada com iansã
tem as meninas baianas
nas areias brancas do abaeté
nos becos do curuzu
tez morena, cor de café
lábios molhados, sabor de umbu
também tem breu e mata escura
na chapada, curió e a mucura
fazenda, caboclos e veadeiros
em sobradinho, forró e piseiros
linha verde, praias e cajueiros
sertão de carnaúbas e juazeiros
— minha pele retinta, meu ilê
— agridoce dendê, meu aiyê
quero dormir na forja de ogum
oferecer meu acaçá a oxalá,
pra que não haja mal algum
acender um incenso, valha!
— alma in principia?
— é a Bahia!