A sinceridade da Sociedade Bíblica do Brasil segundo ela mesma

Cléber Zavadniak
Reformados
Published in
4 min readApr 22, 2012

Em meio da análise dos tipos de Bíblia, tenho tecido severas críticas à SBB. E você, leitor inteligente, deve ter se perguntado: isso procede?
Ótima pergunta! E muito justa. Vejamos o que a Sociedade Bíblica do Brasil pensa a respeito da Bíblia:

A Bíblia — o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo — desde as suas origens, foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentos, através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.527 línguas diferentes (levantamento de dez/2010).

http://www.sbb.org.br/interna.asp?areaID=40

Em primeiro lugar, me perdoem, mas acho muito estranho começar com “A Bíblia vírgula” sem falar o verbo ser, no presente, mais “a Palavra de Deus”. Nesse texto não há nada que diga que a Bíblia é a Palavra de Deus. Fala-se apenas sobre “seus ensinamentos”.
Para a SBB, a Bíblia não é sagrada. Repito: a SBB não considera a Bíblia algo sagrado. Que falta de respeito, que desprezo, que vergonha, que imoralidade! Uma sociedade bíblica que, a respeito da Palavra de Deus, apenas diz “foi considerada sagrada”! Ela é sagrada ou foi considerada como tal?

“E de grande importância”. A Bíblia é a Palavra de Deus e é mais do que algo “de grande importância”, ela é o que temos de mais importante em nossas vidas!
“Ah, meu irmão”, você dirá. “O mais importante é Cristo”. E eu lhe respondo: qual? Ele deixou um cartão de visitas em sua casa? “O mais importante é Deus”. Qual? Alá? “O mais importante é o Espírito Santo”. E como eu sei que é Ele agindo e não um demônio? Não é pela conformidade à Escritura que Ele próprio escreveu e nos deu?

“Deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade”. Deveria ou deve? Ademais, não faz mais sentido dizer que ela deve ser conhecida, compreendida e obedecida por todos os crentes?

“A necessidade de difundir seus ensinamentos”. Seus ensinamentos, seus verdadeiros ensinamentos nunca serão compreendidos pelo mundo. Eles serão sempre refutados como loucura! É um texto escrito em grego pobre, sobre um homem adulto que entra numa cidade montado num burrico (que cena absurda!) e, na semana seguinte, morre pregado numa cruz feita de pau e, diz a tal Bíblia, ressucitou no terceiro dia e, assim, nos salva dos nossos pecados. Ha! Você não riria disso? Nosso amado evangelho é, para o mundano, em sua mente natural, patético!
Sim, eu concordo com a questão do valor prático da moralidade ensinada na Bíblia. Os incrédulos se beneficiam da difusão do seu ensino, mas apenas conforme os crentes em seu meio o vivenciam!

“Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.527 línguas diferentes (levantamento de dez/2010)”. Louvado seja o nome do Senhor! Mas, se há alguém que tem autoridade para falar em questão de tradução da Bíblia é um certo Gulherme. Conhecem? É William Carey, antigo sapateiro.

Dois missionários se juntaram à William Carey em 1799, William Ward e Joshua Marshman. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola para meninas, e o jornal na língua Bengali. Além disso, William Carey foi responsável pela erradicação do costume “suttee”, o qual queimava a viúva juntamente com o corpo do defunto numa fogueira; vários experimentos agriculturais; fundação da Sociedade de Agricultura e Horticultura na Índia em 1820; primeira imprensa, fábrica de papel e motor a vapor na Índia; e a tradução da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos Siques. Em 1800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao Evangelho. Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão, acharam que a única versão que esse povo entendia era o Pushtoo, feita em Sarampore por Carey. Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no Colégio de Fort Williams. Fundou, também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização do país. Os seus esforços, inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana, em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em 1814.

Ah, o Senhor e seus mistérios! Já não é o primeiro sapateiro envolvido com alguma de suas enormes grandezas que conheço!

Por que William Carey achava tão necessário que cada um de seus ouvintes tivesse acesso à Bíblia? Porque, para ele, era mais do que “ensinamentos”. A Bíblia, para Carey, era a Palavra de Deus! Veja a ênfase na educação (para poderem ler) e na imprensa (para poderem imprimir). Ele fazia questão que as igrejas que fundava tivessem a Bíblia em seus idiomas. Por quê? Porque a Bíblia é a Palavra de Deus e as igrejas precisavam dela!

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
— 2 Timóteo 3:16

Irmãos fiéis no Senhor Jesus Cristo, a SBB é, pelo que sei, a maior entidade publicadora de Bíblias do Brasil. Convém que oremos por ela, pois a apostasia tomou conta da mesma! Não prego aqui sua destruição. Pelo contrário. Quando meu braço está enfermo, eu procuro curá-lo, não cortá-lo fora de mim. E a SBB é um braço da Igreja no Brasil que está profundamente enfermo. Oremos por ela, para que não precisemos chegar ao ponto de decepá-la.

E, para terminar, já que falamos do querido Guilherme Carey, eis seu epitáfio (as palavras que vão na lápide da tumba):

Nascido a 17 de agosto de 1761
Falecido em junho de 1834
Eu, verme miserável, pobre e incapaz,
Caio em teus braços carinhosos.

Amém.

--

--