Cristo? Pra quê?

Cléber Zavadniak
Reformados
Published in
4 min readFeb 20, 2012
Cruz com céu dourado, ao fundo

Um dia todos somos confrontados com essa pergunta: “Cristo? Pra quê?”. E a resposta mais usual, sempre relaciona-se com a vida no paraíso. Conheci um pastor que freqüentemente dizia, durante suas pregações “nós cremos em Cristo porque vamos para o… céu!”.
Mas quão pobre e infeliz é essa resposta. Longe de dizer que ela está errada, posso dizer com toda certeza que um crente que diz isso, duma forma tão simples, de maneira nenhuma tem uma experiência cristã verdadeira. Quem assim responde, demonstra que não tem nenhum motivo terreno para apresentar. Sua vida não apresenta uma grande diferença com relação à vida dum mundano. Essa pessoa não experimenta das maravilhas de Deus para nós aqui nessa terra.
“Porque sem Cristo você não vai para o céu”. Simples. Mas aqui nesse mundo não há um bom motivo. Nem sei se alguém assim realmente conhece a Cristo.
E então você me pergunta: “Cristo? Pra quê?”. E eu lhe respondo: porque Ele nos dá vida. Sem Ele estamos mortos em nossos pecados. Jamais poderíamos nos relacionar com Deus sem Cristo, a não ser na forma juiz-condenado. Mas por Cristo, nos tornamos o réu de quem o Juíz se afeiçoou e pagou a fiança.
Sim, o Juíz cumpriu a mesma lei que nos condenava e nos livrou da morte.Antes eu era escravo do pecado, mas agora sou escravo desse Cristo que prego. E eu mesmo não o escolhi, pois se me fosse dada uma alternativa, certamente diria “não”, afinal, “Cristo? Pra quê?”. Mas esse Jesus, Senhor Soberano é misericordioso, e não nos dá uma escolha. Fui salvo contra a minha vontade!
Pra que Cristo? Porque Ele te faz viver uma vida superior. A existência sem Ele é mórbida, é arrastar-se em direção ao nada. Mas quando somos regenerados, então novos ideais surgem. Nossas opiniões mudam e nossos conceitos também. Nosso olhos voltam-se para um objetivo nobre, que é o próprio Cristo.
Pra que Cristo? Porque Ele me tira da estagnação e me coloca num rumo de crescimento pessoal infinito. Porque Ele me faz um homem espiritual. Sim! Uma vez nascido de novo, passo a reinar com Ele nas regiões celestiais. Antes eu era escravo de hostes espirituais, mas agora eu reino numa esfera totalmente diferente dessa terrena. Ele me faz uma nova criatura, de forma que eu possa me desenvolver aqui nesse mundo, e me tornar uma pessoa melhor, coisa que por mim mesmo eu jamais conseguiria.
O Cristo que eu prego não resume nossa caminhada num suspiro profundo pela esperança do Paraíso. Ele me faz sentir as maravilhas do céu aqui nessa terra. E quando sou injuriado pelo seu Nome, me regozijo em saber que eu, um mísero pecador, fui achado digno de sofrer por Ele.
Sim, eu continuo merecendo o castigo eterno, e não tenho nenhum direito às bençãos do Senhor. Mas o próprio Jesus Cristo mostra sua grandeza ao conceder-mas absolutamente de graça.
Pra que Cristo? E quem precisa de motivos? Quem é que foi salvo através de argumentos lógicos? Que é o homem para que possa escolhê-lo? Jesus não oferece a mão àqueles que estão afundando no pântano, antes, Ele agarra a quem quer pelo colarinho e tira-o com braço forte do lodaçal.

Mas, por que todos esses motivos não nos vêm à mente quando somos confrontados com essa pergunta? Porque baixamos a guarda e nos deixamos envolver por esse mundo. Nos tornamos como os contemporâneos de Noé, que “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento”.
Ora, que mal há nessas coisas? Nenhum. Mas alguém pensa realmente que Satanás, o Inimigo de nossas almas, é tão ingênuo ao ponto de tentar nos seduzir por pecados escandalosos? É claro que não. Somos seduzidos pelas coisas mais curriqueiras, pelos objetivos mais nobres ou ordinários. E porque nos distraímos com essas coisas vis, é que reduzimos nossa experiência cristã ao simples “ir para o céu”.
“Pensai nas coisas que são de cima”, “como estrangeiros e peregrinos”, “Porque, os que dizem isto, demonstram que buscam um pátria. E, se na verdade, se lembrassem de onde haviam saído, teriam oportunidade de voltar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial”. Eis o que a Palavra nos ensina. E veja quão perigoso é cairmos nas ciladas do Inimigo. Nós perdemos o foco, e já não somos capazes de responder à uma pergunta tão trivial: “Cristo? Pra quê?”.
Nós, a Igreja de Cristo, devemos pensar nas coisas que são de cima aqui nesse mundo. Devemos viver nossa vida sempre tendo em mente objetivos superiores. Nossa vitória não se resume a coisas palpáveis ou visíveis. Não somos espirituais? Então o fruto de nosso trabalho também deve ser espiritual, e deve ser julgado espiritualmente.

Livro recomendado: Nossa Suficiência em Cristo — John MacArthur

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