Diário de Whitefield: Introdução
Um breve
relato do
trato de Deus
com o Reverendo
Sr. George Whitefield.
A despeito de que o seguinte relato das coisas que Deus fez por minha alma será, sem dúvida, julgado de forma diferente por pessoas diferentes; ainda assim, acreditando eu que apenas a glória de Deus me leva a escrever, e sentindo-me mui pressionado em Espírito a publicá-lo nesse Tempo, não preocupo-me nem um pouco com a Recepção que o mesmo terá nesse Mundo.
O Benefício que tenho recebido por ler sobre as Vidas de outros, os Exemplos que temos na Escritura dos Autores sagrados compondo suas próprias histórias, e mais especialmente a Assistência que tenho tido do Espírito Santo trazendo muitas Coisas para minha Memória, que de outra maneira eu teria esquecido, pareceram para mim Razões suficientes para justificar minha Conduta aos Olhos de Deus e dos bons homens.
Ademais, conforme Deus foi servido ultimamente chamar-me para um Serviço público, imaginei que seus filhos ficariam felizes de saber como fui treinado para isso — E mesmo que alguns pensem que isso poderia esperar para depois de minha Morte, ou escrito por outra Pessoa, pensei que seria mais benéfico, e melhor creditado, se escrevesse com minha própria Mão, e publicado enquanto eu estivesse vivo.
Nos Relatos de bons Homens que tenho lido, observei que seus Escritores tem sido parciais. Eles nos deram o lado brilhante, mas não o Lado escuro de seus Caráteres. Isso, acredito, provém de um Tipo de Fraude piedosa, com medo que que a menção às Faltas das Pessoas poderia encorajar os outros a pecar. — Isso não pode, estou certo, proceder da Sabedoria que vem do alto — Os Escritores sagrados dão conta de suas Falhas tanto quanto de suas Virtudes. Pedro não tem vergonha de confessar que com Juramentos e Maldições negou três vezes seu Mestre; nem os Evangelistas tem quaisquer Escrúpulos de nos contar que de Maria Madalena Jesus Cristo expulsou sete Demônios.
Tenho, portanto, me esforçado por seguir seu bom Exemplo. — Eu simplesmente contei o que sou por Natureza, assim como o que sou pela Graça. — Não sou super-cauteloso quanto a qualquer suposta Consequencia, já que ninguém pode sair machucado por isso, exceto os que detém a Verdade em Injustiça. — Para os Puros, todas as Coisas são puras.
Como eu muitas vezes quis, quando em melhores Condições, que os primeiros Anos da minha Vida pudessem ser deixados como em branco, e não tivessem mais Lembrança, assim eu quase gostaria, agora, de deixá-los em completo Silêncio. — Mas como irão, de alguma Forma, ilustrar o tratamento de Deus comigo em meus Anos mais maduros, darei, conforme possível, o seguinte breve Relato deles.
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