Diário de Whitefield: Seção I, parte 4

Cléber Zavadniak
Reformados
Published in
3 min readSep 25, 2016

Depois de continuar por um pouco sob esse fardo mental, resolvi ir embora, pensando que minha ausência tornaria as coisas mais fáceis. Assim, aconselhado por meu irmão e com consentimento de minha mãe, fui ver meu irmão mais velho, então estabelecido em Bristol.

Aqui Deus foi servidor dar-me de antemão que experimentasse um pouco de Seu amor, e me enchesse com êxtase indizível, particularmente certa vez na Igreja de São João [St. John’s Church], onde fui levado para além de mim mesmo. Senti grande fome e sede após o bendito Sacramento, e escrevi muitas cartas para minha mãe dizendo que nunca mais entraria para o emprego público novamente. Thomas a Kempis foi meu grande deleite, e eu vivia impaciente esperando que o sino tocasse chamando-me a pisar novamente o chão da Casa de Deus. Mas, no meio dessas iluminações, algo certamente sussurrava: “isso não durará”.

E, certamente, assim aconteceu. Foi — oh!, que eu pudesse escrever isso com lágrimas de sangue! — quando saí de Bristol, cerca de dois meses depois, e retornei a Gloucester, mudei minha devoção junto com meu lugar. Ah!, todo o meu fervor se foi: eu não tinha vontade de ir à Igreja ou mesmo aproximar-me de Deus. Em resumo, meu coração, apesar de ter provado tão recentemente Seu amor, estava longe Dele.

Porém, havia sobrado religião o suficiente para que eu persistisse na minha resolução de não viver na pousada. E, assim, minha mãe permitiu-me, mesmo tendo renda tão pequena, a ter uma cama e viver em sua casa, até que a Providência apontasse um lugar para mim.

Não tendo, conforme pensava, nada para fazer, foi um tempo propício para Satanás tentar-me. A maior parte do meu tempo e ugastei lendo peças e perambulando para lá e para cá. Eu era cuidadoso em adornar meu corpo, mas dava pouca atenção para a beleza da minha alma. Más conversações com meus antigos colegas de escola logo corromperam meus bons costumes. Por ver suas más práticas, o sentimento da Divina Presença que eu tinha insensivelmente saiu da minha mente, e eu frequentemente caí em abominável pecado secreto, sob os sombrios efeitos do qual eu tenho sentido e gemido desde então.

Mas Deus, cujos dons e chamados são sem arrependimento, não deixaria nada tirar-me de suas mãos, mesmo eu continuamente fazendo pouco caso do Espírito da Graça. Ele me olhou com piedade e compaixão, enquanto eu estava caído em meu próprio sangue. Ele passou por mim; Ele disse para mim, “viva”; e deu-me até alguma visão de sua provisão por mim.

Uma manhã, conforme eu lia uma peça para minha irmã, eu disse, “Irmã, Deus planeja algo para mim que nós não sabemos. Tendo sido eu diligente nos negócios, acredito que muitos teriam-me alegremente como aprendiz, mas todos os caminhos parecem barrados, então penso que Deus proverá para mim de um jeito ou outro que não podemos compreender”.

Como eu cheguei a dizer essas palavras eu não sei. Deus mostrou-me, depois, que vieram dEle. Tendo assim vivido com minha mãe por tempo considerável, um jovem estudante, que fora uma vez meu colega de escola, e depois trabalhou como serviçal no Pembroke College, Oxford, veio fazer uma visita à minha mãe. Entre outras conversas, ele contou a ela como havia pago todas as despesas da universidade naquele trimestre, e ainda recebido um centavo [he told her how he had discharged all college expenses that quarter, and received a penny — achei bem complicado traduzir isso…]. Ao ouvir isso, minha mãe imediatamente disse “Isso serve para o meu filho”. Então, virando-se para mim, disse “você vai para Oxford, George?”, ao que respondi “com todo o meu coração”. Sobre isso, tendo os mesmos amigos que esse jovem estudante tinha, minha mãe, sem demora, esperou neles. Eles prometeram ter interesse em conseguir para mim um lugar como serviçal na mesma universidade. Ela então recorreu ao meu antigo professor, que aprovou que eu voltasse aos estudos novamente.

Em cerca de uma semana eu fui para lá e matriculei-me, e tendo crescido bastante em estatura, meu professor dirigiu-se a mim dessa maneira: “Eu vejo, George, que você avançou em estatura, mas o melhor de você parece ter regredido”. Isso me fez corar. Ele deu-me algo para traduzir para latim; e apesar de eu não ter me aplicado aos meus clássicos por tanto tempo, ainda assim tive nada além de um pequeno erro em meus exercícios. Isso, acredito, deve ter surpreendido meu professor, e ganhou-me agradecimentos e louvor desde então.

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