Diário de Whitefield: Seção I, parte 5

Cléber Zavadniak
Reformados
Published in
3 min readSep 28, 2016

Estando restabelecido na escola, não medi esforços para avançar em meu livro. Deus foi servido dar-me sua benção e eu aprendi muito mais rápido que aprendera antes. Mas tudo isso enquanto eu continuava em pecado secreto; e, frequentemente, tendo me aproximado de jovens pervertidos, abandonados e ateus tais que, se Deus, pela sua graça livre, imerecida e especial não tivesse me livrado de suas mãos, eu teria-me sentado há muito na roda dos escarnecedores, e feito pouco caso do pecado. Mantendo companhia com eles, meus pensamentos de religião tornaram-se mais e mais como os deles. Eu fazia o serviço comunitário apenas por esporte e para caminhar. Eu tinha prazer nas conversas lascivas deles. Eu comecei a raciocinar como eles e me perguntar por que Deus havia me dado paixões e não permitido-me gratificar nelas. Não considerando que Deus não nos deu, originalmente, essas paixões corruptas, e que Ele prometeu ajuda para suportá-las, se pedíssemos a Ele. Em resumo, eu logo fiz grandes avanços na escola do Demônio. Eu cheguei a parecer dissoluto e estava bem a caminho de ser tão infame quanto o pior deles.

Mas, oh!, estupendo amor! Deus mesmo aqui me parou, quando correndo a passos largos para o inferno. Pois, quando eu estava prestes a cair em ruína, Ele me deu tal desgosto de seus princípios e práticas que contei tudo ao meu professor, que logo deu um basta aos seus procedimentos.

Sendo assim livrado do laço do Demônio, comecei a ser mais e mais sério e sentir Deus em momentos diferentes trabalhando poderosamente e convincentemente na minha alma. Um dia em particular, quando eu estava descendo as escadas e ouvi meus amigos falando bem de mim, Deus convenceu-me tão profundamente de hipocrisia que apesar de eu haver formado resoluções frequentes mas inefetivas antes, ainda assim eu tive então poder dado a mim sobre meu pecado querido e secreto. Não obstante, um tempo depois, tendo sido subjugado em bebida, como fiquei duas ou três vezes na minha vida, Satanás ganhou sua vantagem usual sobre mim novamente — uma prova experimental à minha pobre alma, como esse maligno faz uso dos homens como máquinas, trabalhando-os para o que quer que queira, quando por intemperança afugentam o Espírito de Deus deles.

Tendo agora quase dezessete anos de idade, resolvi preparar-me para o santo Sacramento, que eu recebi no Dia de Natal. Eu comecei, agora, a ser mais e mais vigilante sobre meus pensamentos, palavras e ações. Eu continuei seguindo a Quaresma, jejuando na quarta e sexta trinta e seis horas. Minhas manhãs, quando terminava de cuidar da minha mãe, eram geralmente passadas em atos de devoção, lendo Drelincourt sobre a Morte [A Defesa Cristã Contra os Medos da Morte] e outros livros práticos, e eu constantemente ia louvar publicamente duas vezes por dia. Sendo agora maior, com a ajuda de Deus fiz alguma reforma entre meus colegas. Eu era muito diligente na leitura e aprendizado dos clássicos e em estudar meu Novo Testamento em Grego, mas não estava ainda convencido da ilegalidade absoluta de jogar cartas e de ler e ver peças, apesar de começar a ter alguns escrúpulos a respeito disso.

Pero dessa época eu sonhei eu veria Deus no Monte Sinai, mas estava com medo de encontrá-lo. Isso causou uma grande impressão em mim; e um cavalheiro para o qual contei esse sonho disse: “George, isso é um chamado de Deus”.

Ainda assim eu corri mais seriamente atrás desse sonho; mas a hipocrisia ainda acompanhava cada ação. Como antes eu parecia mais dissoluto, agora eu lutava para parecer mais sério do que realmente era. Porém, uma preocupação e alteração incomuns eram visíveis em meu comportamento, e às vezes costumava achar ruim a leveza dos outros.

Uma noite, quando estava indo resolver uma incumbência para minha mãe, uma indescritível mas muito forte impressão fez-se sobre meu coração que eu deveria pregar rapidamente. Quando eu cheguei em casa, eu inocentemente contei à minha mãe o que havia caído sobre mim; mas ela, como os pais de José quando ele lhes contou seu sonho, ficaram brabos comigo, dizendo “que é que o garoto quer dizer? Dê com a língua nos dentes” ou algo nesse sentido. Deus desde então mostrou a ela de Quem aquela impressão havia vindo.

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