Todos os seus ídolos quebrados, exceto um

Cléber Zavadniak
Reformados
Published in
3 min readJan 10, 2013

O versículo do dia no Bíblia Online, aquela excelente ferramenta cuja manutenção merece mais oração da minha parte, é esse:

Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
— Deuteronômio 6:5

Eu quero citar algo que o querido John Charles Ryle escreveu em seu livro “Santidade”:

Você está acalentando algum pecado persistente? É lamentável, mas muitos estão! Eles vão longe professando ter uma religião; eles fazem muitas coisas corretas e são bem parecidos com o povo de Deus. Mas sempre há um mau hábito preferido, o qual eles não podem arrancar de seus corações. O mundanismo secreto ou a avareza, ou a lascívia estão grudados a eles como suas próprias peles. Eles estão desejosos de ver todos os seus ídolos quebrados, exceto um. Se você é alguém desse tipo, eu hoje lhe digo: “Tenha cuidado, lembre-se da mulher de Ló”.
— Santidade, pg 236.

O mesmo tema é tratado por Andrew Murray em sermão intitulado “Rendição Absoluta”:

Certa vez, na Escócia, eu estava com um grupo discutindo sobre a situação da Igreja de Cristo e qual seria a grande necessidade dela e dos crentes; e havia ali um homem de Deus, envolvido no treinamento de obreiros, e lhe perguntei o que ele diria ser a grande necessidade da Igreja e qual a mensagem que deveria ser pregada. Ele respondeu com calma e determinação:
“Rendição absoluta a Deus.”

[…]

Curvemo-nos perante Deus em humildade, e nessa humildade confessemos a Ele o estado da Igreja inteira. Palavras não podem descrever o infeliz estado da Igreja de Cristo na terra. Gostaria de poder expressar o que às vezes sinto sobre isso. Pense nos crentes à sua volta. Não falo dos cristãos nominais, ou dos cristãos confessos, mas falo das centenas e milhares de cristãos honestos e sinceros que não estão vivendo uma vida no poder de Deus ou para sua glória. Tão pouco poder, tão pouca devoção ou consagração a Deus, tão pouca percepção da verdade que um cristão é um homem completamente sujeito à vontade de Deus! Oh, queremos confessar os pecados do povo de Deus à nossa volta e nos humilhar. Somos membros desse corpo enfermo, e a enfermidade desse corpo irá nos atrapalhar e nos destruir, a menos que vamos a Deus e, confessando, separemo-nos da amizade do mundo e da indiferença e entreguemo-nos para sermos completa e totalmente dedicados a Deus.

Eis o significado da palavra “integridade”: a totalidade, o todo, por completo. É a característica daquilo que está inteiro. E o crente inteiro deveria sujeitar-se a Deus e amá-lo. Mas como é fácil acontecer que o crente tenha seu “pecado favorito”, aquele único ídolo que ele não quer ver destruído.
Quão nocivo isso é! É uma mancha na comunhão do crente com Cristo que, por si só, pode trazer miséria sobre miséria. Não se deixe enganar: um pecado na sua vida afetará você e todos à sua volta. A comunhão com os irmãos não será como deveria ser, cheia de alegria e empatia.

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;
Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.
— 1 Pedro 1:15–16

Ora, como alguém que é santo (um crente que busca, de todo o coração, separar-se das coisas profanas) comungará sem problemas com alguém que tem se permitido profanar? A verdade sobre o seu pecado não precisa vir à tona para que haja problemas na comunhão.
Paulo contrasta o andar no Espírito com o “morder e devorar”:

Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.
Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
— Gálatas 5:15–16

João também trata do assunto de forma semelhante. Veja:

Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
— 1 João 1:7–9

Acho interessante haver uma distinção entre “ter pecado” e “andar em trevas”. Ora, o pecado acontece na vida do crente, mas não passa de um deslize. Entretando, manter pecados encobertos é bem diferente.

Irmãos, arrependamo-nos e nos livremos de qualquer pecado em nossas vidas. Peçamos perdão a Deus e voltemo-nos a Ele.
Amém.

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