“Uma nova perspectiva de vida! Tudo novo!”

Osvaldo Zavadniak Filho
Reformados
Published in
3 min readApr 13, 2014

D. M. Lloyd-Jones

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Atos dos Apóstolos 2:42

“Por que é que estas pessoas de Jerusalém estavam juntas e perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações? A resposta pura e simples é que elas se haviam tornado membros da mesma família; tinham a mesma vida. Tinham nascido do Espírito e a vida de Deus tinha entrado na alma delas. Estas pessoas se atraiam umas às outras como os membros de uma família se atrai uns aos outros.

Pois bem, com relação a isto há algo que é quase místico. Não é fácil analisá-lo e defini-lo com palavras, mas nós dizemos “Os laços sanguíneos são fortes”. Não dizemos? Você pode ter discussões em sua família, mas se alguém de fora ataca, todos os membros se unem imediatamente! O sangue é mais grosso do que a água — claro que é! Sim, e a vida de Deus na alma é ainda mais forte do que o sangue natural. Temos aqui algo que, como lhe mostrei, corta e divide até a vida familiar. Esse algo tira um de uma família, outro de outra, e faz deles um, faz deles irmãos e irmãs unidos.

Tudo isso é tão somente uma manifestação dessa nova vida que adentrou à alma da pessoa renascida. Os cristãos vivem no mesmo mundo em que os demais vivem, mas têm uma perspectiva diferente; eles se veem diferentemente. O homem do mundo só pensa neste mundo e em seu dinheiro, seu sucesso, comida, bebida, roupas, sexo, emoção, prazer. Essa é a perspectiva do homem do mundo, não é? Mas isso é inteiramente diferente da perspectiva cristã. Todos os cristãos têm a mesma visão fundamental da vida neste mundo, do estado geral e da história do mundo. Também tem a mesma visão da morte. Eles sabem que muito mais importante que este mundo é o mundo que não podem ver. Eles têm que viver neste mundo, naturalmente. Alguns tolos pensavam que não se pode ser cristão e viver no mundo, pelo que se tornaram monges, eremitas etc. Mas, conquanto os cristãos não saiam do mundo, as coisas pelas quais costumavam interessar-se não os atrai mais.

Quando você se tornou cristão, partiu do tremendo postulado segundo o qual você foi feito à imagem e semelhança de Deus, vai se encontrar com Ele, e a vida é curta e passageira. Agora você tem que pensar nisso. Antes procurava não pensar a respeito. Você ligava o rádio; você tomava um copo de uísque; você tomava alguma droga — qualquer coisa para não pensar. Entretanto agora você diz: “Mas eu tenho que pensar, é loucura não pensar. Minha vida vai indo adiante e eu vou me indo, e aí está Deus e a eternidade, existe um juízo e a minha condição eterna”. Toda a sua perspectiva é governada por essa realidade. E não seria completamente inevitável que você queira passar o tempo em que dispõe junto com outros que veem as coisas deste mundo da mesma maneira? Certamente você quer saber mais sobre esses grandes fatos e quer conversar sobre eles. Você sabe que é diferente dos incrédulos e que não pode participar do que é do gosto deles, como fazia antes. Isso é inevitável. Isso por causa da vida com uma nova perspectiva, um novo entendimento, uma nova orientação…”

Cristianismo Autêntico Volume 1

de D. M. Lloyd-Jones

PES, São Paulo, 2005

Trad. de Odayr Olivetti

pp. 136, 137

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