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O fantasma do desemprego

Regina Freitas
Regina Freitas
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3 min readMay 1, 2018

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O desemprego tem assolado o Brasil nos últimos anos. Em dezembro de 2015 houve a maior taxa de desocupação desde 2010, segundo dados apresentados no blog Democracia Política. Desde 2015, o Brasil tem enfrentado uma séria crise política e econômica com o governo Dilma. O impeachment da presidenta Dilma em 2016, e a posse do atual presidente Temer trouxe uma instabilidade política ao país, que fez crescer o chamado “risco Brasil”, desaquecendo nossa economia. O desemprego é um problema social, que gera desde conflitos de ordem pessoal como baixa autoestima até problemas de ordem coletiva como o aumento da violência.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa de desemprego do país foi de 12,2% no período de novembro de 2017 a janeiro de 2018, isso significa que 12,589 milhões de pessoas ficaram desempregadas durante esse período. Essa crise política tem gerado um tipo de desemprego chamado cíclico, de acordo com a classificação de Passos e Nogami, no livro Princípios de Economia (2005). O desemprego cíclico caracteriza-se pelo aumento da taxa de desocupação quando se tem uma recessão na economia. Assim, as empresas são obrigadas a demitir funcionários em razão da diminuição na produção.

A consequência desse cenário é que o desempregado tem sua qualidade de vida comprometida em razão da falta de uma fonte renda. Além do que, uma população com altos índices de desemprego tende a consumir menos e a guardar dinheiro, assim a economia não gira. Ademais, nossa sociedade o trabalho confere às pessoas uma posição social, e estar sem vínculo empregatício pode ser algo que gera profundos impactos sobre a autoestima da pessoa. Há diversos cenários em que isso pode se dar, por exemplo, no caso de pais de família que são provedores das necessidades básicas para a manutenção de um lar com despesas como água, luz, aluguel, alimentação e transporte. O fato de estar desempregado e não ter outra alternativa de renda, compromete bastante a capacidade desse indivíduo de prover essas necessidades, o que influencia as relações familiares e eventualmente ocasiona aumento nos conflitos. A perda de um papel que nos define, ou a dificuldade em atuar nesse papel, gera impactos na forma como percebemos a nós mesmos e, consequentemente, afeta nossa autoestima.

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Dessa forma, além de aspectos pessoais o desemprego aumenta a insegurança social, o que é uma questão de ordem coletiva. A atual conjuntura política e econômica do país pode induzir pessoas a uma busca desesperada por melhores situações de vida. A desigualdade social gerada também pelo desemprego é um dos fatores que contribui para o aumento da violência. Esse cenário apenas agrava os índices de violência praticados no Brasil.

O desemprego é um problema que afeta as esferas individual e coletiva, ao mesmo tempo. Para transformar essa realidade, primeiramente é preciso que o governo no âmbito federal aumente o investimento na educação básica, de modo a ampliar o acesso das pessoas às universidades. Pois o ensino superior aumenta a chance de as pessoas se colocarem dentro do mercado de trabalho formal. O governo tem grande responsabilidade sobre esse cenário, uma vez que controla medidas regulatórias de ordem política e econômica, a sociedade civil por sua vez precisa estar mais próxima dos espaços de poder por meio de organizações civis tais como ONG, movimentos, etc que promovam pressões e acompanhem as medidas tomadas pelo governo.

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Regina Freitas
Regina Freitas

Bióloga e educadora. Acredito ser possível melhorar a qualidade da relação das pessoas consigo mesmas e com os recursos naturais.