Diário Musical #5 — Stop, Look, Listen (Marvin Gaye & Diana Ross)

Lucas Henning
-Relevo, +Música
Published in
4 min readJan 17, 2019

Instruções:

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  • Enquanto ouve a música, leia o texto o que eu escrevi falando a respeito.
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Ahh o clássico som da Motown, gravadora americana que surgiu na década de 60 com uma proposta que veio impactar e redefinir a forma como se fazia música no mundo. Tudo começou com Berry Gordy, criador do selo, que tinha se mudado para Detroit por conta de uma grande demanda de mão-de-obra na linha de montagem das montadoras de carro, que nessa época estavam crescendo vertiginosamente. Detroit na década de 50/60 era uma cidade industrial composta boa parte por negros, classe operária, que migraram para lá em busca de melhores condições de vida. Estamos falando de uma época em que existia um grande conflito nos EUA por conta da segregação racial, e a falta de representatividade dos negros no mundo do entretenimento, principalmente no mundo da música.

Vendo essa oportunidade, Berry Gordy decidiu montar uma gravadora que desse voz a artistas negros com um alto nível de excelência. Ele levou o conceito da linha de montagem, modelo fordista, para dentro de seu negócio. Criando setores que continham especialistas em todas as áreas que envolviam o lançamento de músicas e artistas no mercado.

Nascia assim a Motown, junção das palavras Motor + City, em homenagem a cidade de origem.

A gravadora que funcionava como uma fábrica. Tinha um time de compositores que criavam as canções, depois de escritas elas eram passadas para um time de músicos extremamente afiados que rapidamente criavam arranjos, e posteriormente ela era entregue para um cantor ou grupo vocal colocar a voz. Era um processo extremamente rápido e com um nível de produção muito alto para época.

Um dos reflexos desse modelo de se produzir música, é que ao longo dos anos é possível encontrar várias versões de composições licenciadas pela Motown regravadas por diferentes artistas do seu cast.

Marvin Gaye, 1968 — The Supremes, 1966 (Florence Ballard, Mary Wilson e Diana Ross)

Dentro desse time de músicos de estúdio/arranjadores/produtores estava Marvin Gaye, uma figura central na história da Motown, que foi um dos responsáveis pela característica sonora que consolidou os gêneros soul e R&B como uma assinatura da gravadora. No time principal de cantores tínhamos Dianna Ross, que já havia atingido um relativo sucesso comercial na década de 60 como integrante do trio vocal feminino “The Supremes”, e posteriormente veio a ter ainda mais prestígio por sua bem sucedida carreira solo.

Marvin já era muito reconhecido pelos seus discos de duetos com vozes femininas. A emblemática música “Ain’t No Mountain High Enough” , cantada junto com Tammi Terrell, foi um sucesso mundial, que o fez ser reconhecido como um dos cantores mais influentes daquela década.

Tammi Tarrel, Marvin Gaye — Do clipe "Ain’t No Mountain High Enough"

Depois de lançar 3 discos de duetos em parceria com essa cantora, ela veio a falecer aos 24 anos vítima de um tumor cerebral no ano de 1970. Gaye prometeu que jamais lançaria um outro disco de duetos , devido ao processo traumático que foi gravar os últimos registros com a cantora , que já estava debilitada devido a doença.

Após alguns anos de pressão da gravadora, e após o nome de Diana Ross ganhar cada vez mais notoriedade, foi lançado em 1973 o disco “Diana & Marvin”.

O álbum foi um sucesso comercial estrondoso, muito popular em vários lugares do mundo. A capa emblemática de dois artistas negros com seus cabelos afro olhando para direções contrárias virou um símbolo da representatividade negra, e uma assinatura da excelência musical que estava contida ali.

“…Stop, look, yes, listen to your heart , Hear what it's sayin…”

Dentre todas as músicas desse disco, eu escolhi “Stop, Look, Listen (To Your Heart)”, pois acredito que a virada de ano é um momento para parar, olhar para os lados e tatear as possibilidades. Entender qual momento você está, o que você busca, qual o objetivo, são pequenos questionamentos que nos fazem botar o pé no chão e observar onde se deseja chegar. Quanto mais tempo demoramos para tomar certas decisões, mais você vai seguindo pela estrada por inércia, e fica cada vez mais díficil de mudar a rota.

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