Ouvir música, uma meditação para nutrir a alma…

Lucas Henning
-Relevo, +Música
Published in
3 min readApr 3, 2020

Aproveitando esse período de reclusão e introspecção que eu acredito que todos devem estar passando (ou pelo menos deveriam…), resolvi retomar um hábito que tinha deixado um pouco de lado nos últimos meses e estava sentindo muita falta, que era de simplesmente parar tudo para ouvir música.

A música pra mim sempre foi um ponto de paz, um lugar que eu deixo minha mente ir quando quero desconectar do mundo e recuperar a conexão comigo, do que eu sou, do que eu gosto de ouvir. Acredito que como muitos, tem sido cada vez mais raro os momentos de pesquisar músicas novas, conhecer novos artistas, descobrir histórias por trás de canções, muito por conta do ritmo que nossas vidas tomaram.

Hoje o excesso de informação bate na nossa porta a cada minuto, e sempre com base nas decisões tomadas anteriormente. Isso acaba deixando nosso cérebro acostumado a simplesmente rejeitar ou aceitar sugestões, tirando um pouco do nosso senso crítico e diminuindo a curiosidade por buscar coisas totalmente novas, diferentes, e interessantes. Os algoritmos vão te encaixando em bolhas com informações agrupadas, e dão a impressão que tudo que você está vendo é meio parecido, tudo meio sobre tons pasteis, meio superficial.

Essa falta de curiosidade não tira só um pouco da graça e as cores reais das coisas, mas diminui a chance de você criar um vínculo real com aquilo que está ouvindo, por não estar prestando atenção no gênero, nos instrumentos, na letra. Tenho certeza que você consegue pensar em várias bandas e músicas que fizeram parte da tua adolescência e relaciona a momentos chave, e até deve bater uma nostalgia, mas quantas vezes isso aconteceu nos últimos anos? Por que isso acontece? Acredito que muito pelo nível de presença, entrega, e o valor que você dá a esses momentos.

Qual a última vez que você só parou para ouvir uma música?
Ver séries e filmes, videos no youtube, programas de entrevista, são uma overdose de informação na sua mente pra te prender a atenção com um conteúdo visualmente apelativo, pra você ficar entretido e acompanhar aquilo até o seu desfecho. Agora parar para ouvir uma canção ou um disco com um conceito, boa sonoridade, e deixar se envolver por aquilo, é semelhante a ler um livro, você mexe com um sentido apenas e deixa os demais livres para serem guiados através dele. Podemos considerar uma meditação do ponto de vista tátil.

O simples exercício de colocar uma música nos fones e fechar os olhos é quase que um convite para se permitir recuperar a sensibilidade para com as coisas. Deixar se emocionar, sentir o andamento, refletir, chorar, se permitir ser vulnerável e entender o que dialoga com a sua alma.

Queria encerrar esse post com a música que tem ocupado esse papel na minha vida nos últimos meses. Depois de um dia agitado e cansativo, eu mentalizo um momento de tranquilidade e sossego com essa trilha-sonora:

"Do fundo do meu coração, do mais profundo canto em meu interior…
Pra um mundo em decomposição, (essa aqui também é uma forma de oração)
Escrevo como quem manda cartas de amor…"

E aí leitor, curtiu o texto? Dá uma comentada aí em baixo, compartilhe com os amigos, e/ou venha trocar uma idéia comigo, seu feedback é muito importante ;)

--

--