Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lives “ — Um capítulo essencial na história do RAP nos EUA.

Lucas Henning
-Relevo, +Música
Published in
4 min readOct 28, 2018

Fala aí galera, beleza?
Alguns meses atrás eu comecei a me interessar mais por rap e hip-hop, não necessariamente por identificação, mas por curiosidade, por tentar me conectar a uma linguagem totalmente diferente da que eu estou acostumado, e um formato de música o qual tive muito pouco contato até hoje. Acompanho alguns blogs e colunas de música de veículos grandes, e tanto no âmbito nacional como internacional a cena do rap tem sido a mais influente e interessante dos últimos anos. Os rappers tem sido considerados os “rockstars” dessa geração e tem tido cada vez mais influência na cultura atual, seja pelo lançamento de seus discos, trabalhando como produtores e fazendo participações em músicas de outros artistas pop, e até no Netflix. Dentre todos os documentários e series que estão classificados como “Mísica e musicais”, a grande esmagadora maioria tem o rap ou rappers como temática central. Eu já assisti muitos desses docs, e um dos que mais me chamou a atenção foi “Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lives“.

O documentário tem como proposta contar a história de dois adolescentes que começaram a gravar um programa de rádio na universidade de Columbia em Nova York no inicio dos anos 90, que tinha como temática principal o universo do rap. Estamos falando de uma época que ainda não tinha espaço na grande mídia para esse estilo, e os músicos do rap eram completamente ignorados pela cultura popular e imprensa especializada em música da época, muito por causa da sonoridade, que inicialmente quase não se eram usados instrumentos, mas basicamente recortes de músicas soul/funk executadas em “looping” com pequenas inserções de efeitos eletrônicos, e muito por causa das letras que tinham como temas mais recorrentes a descriminação racial, o lugar do negro na sociedade americana, e o “retrato sonoro” de forma crua de como era a vida nos bairros periféricos cercados de tráfico, assaltos e violência.

Por sentirem falta desse espaço, esses dois garotos brancos recém entrados na universidade, de forma despretenciosa e autentica, conseguiram preencher essa lacuna e acabaram se tornando uma forte referência no estilo. Stretch Armstrong era o DJ super talentoso do programa, e o responsável por criar as “bases” que os cantores ou grupos convidados mandavam rimas improvisadas em cima, já Bobbito Garcia era o host super carismático do programa, que também veio a se tornar uma referência para outros radialistas no futuro. Juntos, eles promoviam uma espécie de curadoria de quem estava surgindo na cena hip-hop, ainda muito insipiente, e dava oportunidade para esses artistas participarem do programa e mostrarem seus trabalhos.

Jay-Z e Big L — "Stretch and Bobbino Show", 1995.

Nomes como EMINEM, JAY-Z, THE FUGEES, NAS, NOTORIOUS BIG, THE ROOTS, participaram ao vivo de alguns programas, e foram um dos primeiros “registros” em audio/video da carreira desses artistas, ainda muitos antes deles se tornarem nomes conhecidos do grande público.

Jay-Z ouvindo seu "freestyle", gravado em 1995.

O que mais me deixou impressionado nesse documentário é a forma como eles foi conduzido, não se limitando simplesmente a uma biografia de forma linear, mas mostrando as várias fases do programa, intercalado com depoimentos de grandes nomes do rap sobre como a dupla foi essencial para para disseminar a cena pelos EUA, e os colocar para ouvirem suas sessões freestyle vários anos depois da gravação original. Os próprios hosts fazem algumas das entrevistas, e é muito legal ver o quanto de fato esses programas impactaram a vida de muita gente que estava tendo seu primeiro contato com a música. Os ouvintes do programa também aparecem como protagonistas nessa história, muito por conta deles gravarem os programas em fita K7 e compartilharem com outras pessoas, fazendo o programa de rádio que inicialmente era local, atingir ainda mais pessoas de diferentes cantos do país.

Recomendo muito para quem gosta de rap, não só como estilo mas como cultura e forma de expressão, e para quem é fã da história do rádio e da música de uma forma geral , eu diria que é um doc essencial.

Se você não conhece muito de rap assim como eu, e não sabe muito bem por onde começar a ouvir, o documentário da várias dicas de discos e artistas que foram fundamentais para solidificação do estilo, pensando nisso eu resolvi montar uma playlist com algumas dessas citações que vou compartilhar aqui em baixo, espero que curta.

Citações:

IMDB

Trailer Oficial Feat. JAY-Z

Netflix — Filme disponível em 28 de Outubro de 2018

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