Fora da linha

Renan Serrano
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3 min readJul 11, 2017

REVISTA GOL — VIDA, TEMPO E TRABALHO DECOLAGEM

Ed. 184, julho 2017, por Luiza Terpins, Editora Trip

Foto por: Vitor Pickersgill

Em março, o estilista Renan Serrano, 29 anos, embalou suas criações e voou para os Estados Unidos. Na mala, vários frascos do Biosoftness, spray que protege tecidos de bactérias e preserva o odor, reduzindo o número de lavagens.
A viagem foi para participar do South by Southwest, um dos principais festivais de tecnologia e inovação do mundo, onde apresentou o produto criado em 2015. “Quero tornar a vida mais prática e ajudar o meio ambiente”, conta o paulistano formado em moda. Com a invenção (à venda a partir de R$ 65 no biosoftness.com), ele venceu o prêmio Ecoera 2016 na categoria Planeta e foi aprovado em primeiro lugar no mestrado em processos têxteis da USP.

Esse não é o primeiro projeto de Renan voltado a um estilo de vida sustentável e funcional. Sua marca de roupas, a Trendt, fundada em 2011, já desfilou na Casa de Criadores e vestiu nomes como a artista Marina Abramović. Um dos diferenciais é usar malhas que controlam a temperatura corporal sem parecer roupa esportiva. Ele explica:

“Vejo a moda como ferramenta, não apenas como design”

Recentemente, aprendeu com índios da Amazônia sobre fibras de árvores — e como transformá-las em tecido — e foi a Barcelona, na Espanha, fazer um curso de design e inovação. Também tem estudado programação e ciência dos dados.

“Agora, estou desenvolvendo um projeto que envolve tecidos e IoT [internet das coisas], com o qual poderemos monitorar, por exemplo, se uma roupa está sendo provada, mas não vendida.”

A relação que o estilista tem com a tecnologia lhe rendeu convites para trabalhar com marcas como Adidas, Fila e, em maio deste ano, Olympikus. Para esta última, criou uma camiseta para o técnico Bernardinho com fios de uniformes usados nas principais vitórias da seleção brasileira de vôlei. “Costumam me chamar de hacker da moda, pois sempre encontro brechas no sistema.”

http://trendt.co/olk

Por que unir moda e tecnologia?
Uma das coisas que mais curto na tecnologia é o open source [conhecimento aberto], os projetos na internet que todos podem usar. Já a moda não tem isso e, mesmo assim, as pessoas copiam. Com meu trabalho, tento tirar essa ansiedade de comprar e vender o tempo todo. Ninguém precisa de muita coisa.

Como surgiu o Biosoftness?
Em 2015, viajei a Paris e voltei com bed bugs [percevejos de cama]. Senti necesside de ter um produto natural que matasse insetos e bactérias e preservasse as roupas. Fiz pesquisas e, com a ajuda do meu sócio, João Gustavo Heinig Jönk, chegamos ao spray, feito com óleos naturais.

Onde busca inspiração?
Gosto de viajar e observar a relação das pessoas com as roupas. Mesmo em São Paulo, vivo como turista: não tenho celular, só para usar internet, nem carro. Ando de patinete. Isso me traz novas ideias.

A moda precisa:

“Se renovar. Estagnou após cumprir seu papel de vestir apenas trocando cor, forma e comportamento”

Pdf com a página original

Agradecimento:
Lavanderia dos Artistas — lavanderia-dos-artistas.business.site — (11) 3815–7191

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