Falácia do Custo Irrecuperável

Quando você não tem NADA, você não tem NADA a perder!

Sabe aquele teu amigo que compra um produto péssimo, mas que defende sua escolha com um monte de “argumentos lógicos” que não tem nenhuma lógica?

Sabe aquela sua amiga que insiste num relacionamento CLARAMENTE fracassado porque, afinal, eles “já estão juntos há muito tempo” e por isso vale a pena “tentar um pouco mais”?

Sabe aquele teu colega de trabalho que começou a fazer um curso que não tem nada a ver com ele, mas que ele insiste em continuar porque “já investiu muito tempo e dinheiro e agora tem que ir até o final”?

Olhando de fora, nós achamos que estas decisões são completamente sem sentido e que estas pessoas — algumas das quais julgamos racionais e inteligentes — devem estar passando por algum episódio estranho de demência temporária. E, na verdade, estão… E essa “armadilha psicológica” tem nome:

Falácia do Custo Irrecuperável

Algumas pessoas trabalham anos a fio na mesma empresa, desempenhando a mesma função e com aumentos salariais meramente provenientes de reajustes obrigatórios. Outras, insistem em manter relacionamentos problemáticos, simplesmente porque já estão “juntos há muito tempo”. Ainda outras pessoas decidem continuar aquele curso que não gosta mais, simplesmente porque já “investiram muito tempo” nele. Assim como alguns investidores, que decidem manter aquela ação na carteira de investimentos que está abaixo de seu valor de custo, ou ainda aqueles empreendedores que decidem manter aquele negócio claramente fracassado, em manifesta fase de declínio, simplesmente para mostrar aos outros que ele não estava errado. Todas estas são atitudes de pessoas que querem parecer coerentes e consistentes com suas decisões.

No entanto, estas pessoas estão presas num perigoso engodo da mente, um mindset que faz com que estas pessoas se tornem cativas voluntárias de uma das armadilhas mais perigosas da mente humana: A FALÁCIA DO CUSTO IRRECUPERÁVEL! (Sunk Cost Falacy, em Inglês)

Desistir das coisas não é sinal de fraqueza e instabilidade? Isso não é ruim?

Nós — seres humanos — aprendemos ao longo dos milhões de anos de evolução da nossa espécie a valorizar a Consistência e a Coerência como sinais de estabilidade e credibilidade. Sendo assim, nos esforçamos muito para demonstrar essas qualidades perante a sociedade.

E esses sinais sociais proporcionam “aceitação social” (e todos queremos, instintivamente, ser aceitos) o que, de certa forma, diminui a nossa ansiedade. Por que? Você já se pegou se perguntando o que as pessoas à sua volta acharam de você, ou do que você falou? É exatamente disso que estamos falando: somos geneticamente programados para SERMOS ACEITOS, pois isso podia representar a diferença entre a vida e a morte para nossos ancestrais das tribos antigas. Ostracismo era praticamente uma pena de morte!

Porém, não vivemos mais em cavernas e nossa dependência da “tribo” é muito menor do que era há milhares de anos. Infelizmente, nosso cérebro “reptiliano” ainda guarda resquícios desse comportamento de manada e isso nos causa consequências desastrosas. Uma dessas consequência: pessoas que vivem nesse mindset de sobrevivência vivem presas a decisões que tomaram NO PASSADO sem considerar o que estão perdendo em não tomar uma NOVA DECISÃO NO PRESENTE, já que estas — por medo de perder — não conseguem ter uma visão clara de FUTURO!

E aqueles que simplesmente “desistem”? Eles são “desistentes profissionais”?

Na contramão, estão pessoas que parecem cair constantemente em contradição, desistir de projetos, casamentos, investimentos e ideias no meio do caminho. Elas fazem isso com certa frequência, com quase tudo, em várias ou todas as áreas da vida. A vida dessas pessoas é um horror: elas são julgadas por todos e, normalmente, não contam com a credibilidade dos outros. No entanto, por incrível que pareça, estas pessoas podem estar MUITO À FRENTE no que diz respeito à sua EVOLUÇÃO e reconhecimento da sua capacidade e independência de MUDAR de pensamento entre o passado e o presente, permitindo que elas busquem um futuro diferente. Essas pessoas têm a coragem de dizer “não” às expectativas e aprovações dos OUTROS e dizer SIM às próprias necessidades e desejos!

Obviamente, todos nós estamos sujeitos a erros na hora de tomar decisões. O que difere os dois grupos citados (aqueles que nunca desistem, não importa o resultado, e aqueles que desistem assim que percebem o custo final de suas decisões) é que o primeiro está sob a falácia do custo irrecuperável. Eles acreditam que já foram longe demais, já gastaram tempo demais, energia demais, dinheiro demais, ou seja, desistir é cair em contradição, é uma vergonha, é um fracasso, mesmo que seja racionalmente o melhor a se fazer.

Enquanto isso, no grupo dos desistentes, nós temos aqueles que simplesmente desistem e aqueles que possuem uma visão de futuro que permite que elas calculem melhor o custo da desistência, permitindo que elas se livrem de expectativas ou cobranças de terceiros, assim como de suas próprias inquietações e inseguranças.

A conta é simples: o que nos confunde é o tempo.

Se os custos acumulados do passado são irrecuperáveis e o investimento no presente é ruim (não me dá o retorno que espero) eu desisto do investimento no presente, e procuro outros investimentos melhores para o futuro. Entenda investimento como uma palavra genérica, vale para tempo, vale para energia, vela para ideia, vale para negócio, vale para relacionamentos.

Vamos colocar de forma simples para você: imaginando que sua situação atual é ruim, por decisões passadas que se mostraram ruins, mas pode mudá-las HOJE para ter um futuro melhor AMANHÃ, simplesmente faça isso AGORA! Eu mesmo já tive que lidar várias vezes com o sentimento de “poxa, mas eu vim até aqui…”, e assim, eu me afundava cada vez mais nas minhas inquietações e me prejudicava cada vez mais, porque quanto mais eu me apegava ao que eu já tinha feito para que as coisas dessem certo — mesmo que o cenário presente fosse uma verdadeira desgraça — mais eu me apegava a elas. E cada vez mais, as coisas davam mais e mais errado.

Use o tempo como “régua” para suas decisões

Uma forma de não prolongar decisões ruins que resultam em perdas é trabalhar com prazos! Faça com que o tempo seja o juiz de suas decisões. Às vezes nosso emocional, nosso bolso, nosso trabalho é impactado pelas nossas decisões ruins, e nós simplesmente fazemos de conta que tá tudo bem e que nós podemos lidar com as perdas advindas dessas decisões ruins. Mas o tempo não nos perdoa: ele PASSA!

CADA SEGUNDO DA SUA VIDA QUE PASSOU, NUNCA MAIS VOLTARÁ! VOCÊ NÃO ACHA QUE ISSO É UM CUSTO MUITO ALTO PARA ARRISCAR EM CONTINUAR JOGANDO SUA VIDA FORA POR “ESTAR PRESO” A DECISÕES QUE NÃO VÃO LEVAR VOCÊ A LUGAR NENHUM?

E se persistirmos vamos perder mais e mais: TEMPO, oportunidades, dinheiro, relacionamentos que valem a pena, etc.! Quanto mais você está disposto a perder somente para manter a falsa ilusão de coerência?

“Quando você não tem nada, você não tem nada a perder”.

Espero que cada um de vocês leia esse texto e reflita sobre o que vale a pena manter, o que vale a pena ter, o que vale a pena perder e o que vale a pena procurar em suas vidas. Lembrem-se: SEU TEMPO DE VIDA É LIMITADO, você NÃO PODE FAZER TUDO e as suas escolhas FAZEM DIFERENÇA no longo prazo!

Agradeço a todos que investiram seus minutos de vida — seus preciosos minutos — lendo este texto.

Este texto foi baseado em outro, da Bárbara, que você pode conferir aqui

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🎯 Renatho Siqueira MBA™®🎓
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Estuda, então. Mas estuda, em primeiro lugar, aquilo que te habilite melhor a auxiliar os outros! http://t.me/renatho