Porque é cedo para dizer que o lançamento dos NFTs do Liverpool foi um fracasso

Felipe Ribbe
Felipe Ribbe
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3 min readApr 7, 2022
Mohamed Salah #148, meu NFT da Heroes Club, a coleção inicial do Liverpool FC

Se você digitar Liverpool NFT no Google agora verá um monte de matérias falando que o lançamento dos primeiros NFTs do clube inglês ( a coleção LFC Heroes Club) foi um grande fracasso, afinal apenas 5,68% dos tokens colocados no mercado foram vendidos — tirando os 24 que foram colocados em leilão e arrecadaram US$745k. Se a análise for apenas o número de NFTs (171.072 disponibilizados, 9.721 vendidos), até faz sentido. Porém, é uma análise bastante rasa. Para mim, ainda é precoce definirmos a iniciativa como um fracasso e explico o porquê.

Primeiro, há uma grande confusão das pessoas, especialmente aquelas que não estão tão familiarizadas com web3, de que o drop inicial (lançamento do NFT) é o último estágio de um projeto. Na verdade é justamente o contrário. Este primeiro drop é o início de uma jornada, o começo da construção de uma comunidade.

Segundo, o drop inicial de qualquer organização (seja do esporte ou não) deve ser medido mais pelos aprendizados do que pelo faturamento, já que é quase impossível acertar tudo de cara. A receita relevante e recorrente de um projeto bem feito de NFTs virá com o tempo, justamente por meio da supracitada comunidade. Há, inclusive, um movimento grande de novos projetos que nem cobram o mint inicial, apenas a taxa de gás, justamente porque o interesse está no médio/longo prazo, em se criar uma comunidade engajada em torno do projeto, agregar utilidade, para aí sim ganhar com royalties de mercado secundário, social tokens, outros drops de NFTs, merchandising especial, eventos exclusivos… Os projetos que focam de cara somente no dinheiro acabam atraindo apenas especuladores, cujo interesse é comprar, realizar o lucro e partir para outra. Esses projetos acabam sendo insustentáveis, pois os que entraram o fizeram apenas para lucrar e não para fazer parte de algo maior e duradouro.

Dentro dos aprendizados que eu, de fora, vejo, destaco dois:
1) número muito alto de NFTs disponibilizados para o valor cobrado — se você coloca 171k à venda, ou seja, zero escassez, o valor de US$75 acaba ficando alto. Talvez devessem ir com 10k, que é o clássico de projetos PFP;
2) Pouca utilidade — não ficou clara qual a verdadeira utilidade desses tokens no médio/longo prazo e como os donos poderiam se beneficiar. Talvez deixar isso mais explícito e oferecer de cara benefícios relevantes poderia ter atraído mais pessoas.

De qualquer forma, somente o tempo e como o Liverpool vai continuar trabalhando a iniciativa que vão dizer se foi ou não um fracasso. Espero que o clube mantenha seu roadmap e olhe o copo meio cheio: ele agora tem uma comunidade formada de early adopters, entusiasmados, e pode começar a explorar todas as possibilidades que a web3 permite.

Do meu lado, fiquei feliz com a revelação de hoje que meu NFT é o Mohamed Salah de óculos de gelo e segurando um troféu :)

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Felipe Ribbe
Felipe Ribbe

Former Director Brazil at Socios.com and Head of Innovation at Clube Atlético Mineiro