5G: Agricultura e Funcionamento na Zona Rural

Por: Ana Carolina Saraiva e Sabrina Luana da Silva

Legenda: Zona Rural de Corujas- Foto: Sabrina Luana

A rede 5G foi leiloada ainda no ano de 2021, onde 15 empresas e consórcios tiveram suas propostas recebidas e aceitas. Já no ano de 2022, a tecnologia começou a ser operada nas capitais do país, sendo Brasília a primeira que recebeu a rede, ainda no meio do ano passado.

O plano de implementação da rede por todo o país tem previsão para que, até 2029, o padrão 5G esteja disponível em todos os municípios. Vale ressaltar que ter a liberação do acesso ao sinal 5G não significa que já ter as redes instaladas. Um exemplo é a cidade de Juiz de Fora, que tinha o sinal liberado desde o dia 1 de Janeiro de 2023, mas ele só começou a funcionar no final de janeiro em poucos pontos da região: Centro da Cidade, e os bairros Democrata, Nossa Senhora Aparecida e Residência.

Apesar da implementação lenta, a qualidade da rede mostra os benefícios do sinal em diferentes âmbitos sociais, seja uma cidade mais inteligente com uma conectividade muito mais rápida ou cirurgias a distância. Independente da expectativa colocada nessa nova tecnologia, há uma em questão que aparece de forma corriqueira junto a este nome, a agricultura.

Benefícios para agricultura?

Quando se pensa em agricultura e tecnologia, em especial com a rede 5G, os benefícios são todos voltados para o agronegócio, principalmente aqueles com grande potência, onde suas máquinas, aliadas à nova tecnologia, irão contribuir para a diminuição da má gestão dos processos e de desperdícios na produção, dessa forma aumentando a produtividade nos alimentos. O levantamento, feito em 2021 pela Economia Digital no Brasil e publicado pela 5G Americas, já mostrava o potencial de um aumento em 20% na produtividade agrícola.

E independente do crescimento na produção, isso não significa mais comida para consumo da população, já que o agro está relacionado com a produção de grãos para exportação ( esse é o principal foco do setor). Em contrapartida, os pequenos agricultores, responsáveis por 70% do que vai para a mesa do brasileiro, encontram dificuldades para o acesso à rede 4G.

O estudante de Agronomia com ênfase em Agroecologia pelo MST na UFFS, Dowglas Silva, de 26 anos, conta que, para pequenos produtores, a rede 5G não impacta na produção. Por não terem nem acesso ao sinal 4G, não há motivos para criar expectativa para uma nova rede.

Legenda: Zona Rural de Corujas- Foto: Sabrina Luana

Nesse aspecto da dificuldade para acessar a Internet dentro do assentamento, Dowglas fala sobre os meios de melhorar a agricultura que não dependa exclusivamente da rede.

“Por não ter como as famílias acessarem a Internet, já que apenas uma parte do local possui conexão via rádio, sendo uma parte pequena, comparado ao tamanho do terreno, então o que mais influencia na produção de alimentos são os cursos de agroecologia e que são presenciais”, diz.

O outro lado de quem vive na Zona Rural

Em 2014, a população de Nova Dores, município de Santos Dumont, viu seu celular ter sinal através da antena. As comunidades vizinhas Samambaia, São Sebastião da Boa Vista(Corujas) e Cachoeirinha, sentiram o mesmo impacto — estarem conectadas à rede.

A chegada do sinal nas comunidades gerou uma comoção na população, e todos quiseram adquirir o seu celular, já que há muitos anos não faziam contato com seus parentes que moram longe. A Internet proporcionou que os jovens das regiões tivessem acesso às redes sociais. Desta forma, eles foram conhecendo e interagindo com mais pessoas pelas redes. Além disso, foi possível o uso do wi-fi em casa.

Longe do barulho da cidade, mas conectados nas redes- Foto: Sabrina Luana

O sinal 4G trouxe outra perspectiva, a de saber o que acontece no mundo pelas mídias sociais. Com a pandemia, muitos estudantes foram obrigados a estudar em casa; as crianças das zonas rurais com auxílio da rede puderam receber seus deveres pelo WhatsApp, mas os estudantes universitários infelizmente tiveram que ir para cidades próximas, onde o sinal é mais forte e aguenta o peso dos trabalhos. Outro ponto negativo é a qualidade do sinal em dias de chuva. A conexão cai e demora para voltar, causando falta de contato entre os familiares.

Apesar de haver esses contratempos, o sinal tem um papel importante na zona rural: o de comunicar, fazendo com que filhos que estão a quilômetros de distância dos pais possam conversar por meio das vídeo chamadas, diminuindo a saudade e mostrando que estão todos bem.

Muitos especulam sobre a chegada do 5G nas zonas rurais daqui a algum tempo, mas, qual é a perspectiva da população? Alguns jovens, como a Ana Caroline Daniela Dias, de 21 anos, Michele Cristina Mendes, de 18 anos e Sarah Vitoria da Silva, de 26 anos, comentam que o maior benefício é “não usar o telefone zona rural, aquele que é ligado ao fio na antena”. Também esperam que a antena seja mais resistente aos tempos chuvosos.

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