O que são as cidades inteligentes e porque elas são uma alternativa para o futuro
Por: Ana Clara Ciscotto e Isabelle Machado
Você já ouviu falar das cidades inteligentes? A ideia futurista do nome muitas vezes faz parecer algo de filme, não é mesmo? Porém, essas cidades não têm carros voadores, casas flutuantes ou portais de passagem. Elas são reais, e, cada vez mais, a melhor alternativa para um futuro sustentável do planeta.
Como principal definição, o termo é usado para cidades que utilizam a tecnologia a favor dos moradores. São locais pensados politicamente, economicamente e socialmente para as pessoas, com foco na inclusão social e sustentabilidade. E com a instalação do 5G nos principais centros urbanos do mundo, essa integração tecnológica é ainda mais possível, por meio de sensores. Ou seja, os governos e empresas privadas focam em um planejamento urbano que inclua sensores conectados, seja nas tubulações, nas áreas verdes, ou até mesmo na coleta de lixo.
Smart Cities e o 5G
A infraestrutura do 5G é considerada pelos especialistas como o “marco zero” para as CI’s. Isso porque existem três camadas de “inteligência” dessas cidades: as redes para conectar os dispositivos e os sensores; as análises de dados que promovem as aplicações inteligentes; e a adoção e uso delas para as mudanças de comportamento dos centros urbanos. E é o uso do 5G que vai permitir e acelerar o funcionamento de todas essas camadas.
Mobilidade Urbana e o 5G
Como citado anteriormente, cidades inteligentes ou smart cities são aquelas que utilizam tecnologias inovadoras para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e tornar a gestão urbana mais eficiente e sustentável. E a mobilidade urbana é uma das áreas em que as cidades inteligentes podem ter um grande impacto.
A mobilidade urbana é um desafio para as cidades, já que o aumento da população e da frota de veículos gera congestionamentos e problemas de fluxo . As cidades inteligentes podem abordar esse problema de várias formas, utilizando tecnologias como:
- Transporte público inteligente: A implantação de sistemas de transporte público mais eficientes e integrados, como ônibus com faixas exclusivas, metrôs e trens, pode reduzir o número de carros nas ruas.
- Monitoramento do tráfego em tempo real: sensores e câmeras podem ser usados para monitorar o tráfego em tempo real e otimizar o fluxo de veículos nas ruas.
- Uso de veículos elétricos: a adoção de veículos elétricos pode reduzir a emissão de gases poluentes e melhorar a qualidade do ar nas cidades.
- Infraestrutura para bicicletas: a criação de ciclovias e o incentivo ao uso de bicicletas como meio de transporte podem reduzir o número de carros nas ruas e melhorar a qualidade de vida dos habitantes.
- Plataformas de mobilidade: aplicativos e plataformas de mobilidade podem ser utilizados para integrar diferentes modais de transporte e facilitar o planejamento de viagens.
- Inteligência artificial: algoritmos de inteligência artificial podem ser utilizados para prever padrões de tráfego e identificar rotas mais eficientes para reduzir o tempo de viagem e a emissão de gases poluentes.
Para lidar com esses desafios, as cidades inteligentes usam essas tecnologias de mobilidade: sensores inteligentes, aplicativos de transporte, sistemas de compartilhamento de bicicletas e carros, além de veículos autônomos. Essas tecnologias ajudam a melhorar o fluxo de tráfego, reduzir o tempo de deslocamento, aumentar a segurança nas ruas e diminuir a poluição do ar.
Essas são apenas algumas das tecnologias e soluções que as cidades inteligentes podem utilizar para melhorar a mobilidade urbana. É importante destacar que a adoção dessas tecnologias deve ser acompanhada por políticas públicas eficientes e pelo envolvimento da comunidade para garantir que a cidade seja realmente inteligente e sustentável.
A tecnologia 5G (quinta geração de tecnologia de rede móvel) pode ter um grande impacto na mobilidade urbana das cidades inteligentes. O 5G oferece uma série de vantagens em relação às tecnologias de rede móvel anteriores, como maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexões simultâneas, o que pode ser aproveitado para melhorar a mobilidade urbana de várias formas.
Em todos os exemplos citados anteriormente é possível aplicar o 5G para seu melhor desenvolvimento. Como no caso de carros autônomos, no qual a rede 5G pode ser utilizada para a comunicação entre veículos autônomos e entre veículos e infraestrutura de trânsito. Sensores e câmeras conectados à rede podem coletar e transmitir dados em tempo real para controlar o tráfego de veículos, otimizando o fluxo e diminuindo os congestionamentos. Também deve ser usados para monitorar a infraestrutura urbana, como semáforos, pontes e viadutos, detectando problemas antes que se tornem críticos e garantindo ações preventivas.
O transporte público também é muito beneficiado com o 5G, pois os veículos podem ser conectados à rede para permitir o monitoramento em tempo real de sua localização e disponibilidade, além de permitir que os passageiros tenham acesso a informações sobre horários, rotas e condições de trânsito, o que já é utilizado atualmente em algumas cidades. Ademais, o 5G é um grande avanço tecnológico. Por meio dessa rede, pode-se ter acesso a informações em tempo real sobre condições de trânsito, condições climáticas e outros fatores que interferem na mobilidade urbana, permitindo que os usuários planejem suas viagens de forma mais eficiente.
Sustentabilidade e qualidade de vida
Segundo o professor de logística da UNIFASE, Edvaldo Queiroz, essas cidades já existem e estão mais próximas do que imaginamos. “Já é possível ver, por exemplo, a utilização de mapeamentos faciais, scanners, monitoramento de rodovias”. Ele completa, ainda, que essas inovações são a melhor alternativa para um futuro habitável. “Elas serão de extrema importância, tendo funções como mapeamentos de rios, esgotos, encostas, cortes de gastos em água e lixo”.
Além disso, Edvaldo também comenta quais os principais avanços e contribuições dessas cidades para a sustentabilidade no planeta.
O professor ainda cita como esses mecanismos de inteligência podem auxiliar na melhoria da saúde de populações.
“Numa doença como a malária, por exemplo, você tem indicadores que mostram um aumento, e, a partir disso, identifica uma questão de saneamento e utiliza isso de forma inteligente para reduzir os casos.“
Ao ser perguntado se é possível a existência dessas cidades no Brasil, Edvaldo responde com positividade.
As smart cities por outras áreas do conhecimento
O engenheiro civil e professor da Universidade do Minho , em Portugal, Rui Ramos, comenta que a construção das cidades inteligentes tem ligação com diversos setores. Para ele, o funcionamento delas depende do posicionamento dos seus habitantes no centro do desenvolvimento. Perguntado sobre os processos envolvidos nesse trabalho, Rui fornece um panorama geral.
O professor fala também sobre locais que já estão aplicando essas tecnologias de diferentes formas, e como isso pode se expandir globalmente.
Perspectiva municipal: Há projetos para que Juiz de Fora se insira nesse movimento?
O município de Juiz de Fora — MG está no ranking de melhores cidades brasileiras para se investir, viver e visitar. De acordo com a pesquisa realizada pela Bloom Consulting, a cidade se encontra na 46º posição, dentre os cem maiores municípios do país. Por isso, as discussões a respeito do 5G e das smart cities podem e devem estar presentes nas pautas do executivo. Atualmente, Ignácio Delgado é o responsável pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (SEDIC), e, de acordo com ele, a cidade tem projetos baseados na Lei 976/2021, que institui a Política Nacional de Cidades Inteligentes (PNCI) no Brasil. Ela tem como objetivo estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, bem como fomentar a inovação, a pesquisa e o empreendedorismo nesse setor. Por isso, Ignacio relata quais ações a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) está tomando para esses funcionamentos.
Ademais, o secretário reforça a importância de promover a inclusão digital e a conectividade nas cidades, com a expansão do acesso à Internet de alta velocidade e a criação de redes de comunicação e sistemas de informação integrados. Outros pontos são: estimular o uso de tecnologias inteligentes para a gestão de serviços públicos, como iluminação, transporte, saneamento e segurança; e incentivar a criação de ecossistemas de inovação e empreendedorismo. Tudo isso com intuito de melhor atender à população em amplos sentidos, promovendo bem estar físico, mental e ambiental. Ignácio comenta sobre as expectativas municipais para essas melhorias.
Outra questão abordada por Ignácio foi a relação direta entre cidades inteligentes e a questão da mobilidade urbana. De acordo com o secretário, “mobilidade urbana em Juiz de Fora é absolutamente fundamental para um conceito de cidade inteligente. Em primeiro lugar, porque melhora a qualidade de vida das pessoas se você tiver um transporte público que permita um deslocamento mais rápido e mais confortável das pessoas aos seus destinos de trabalho e lazer. Segundo, porque, do ponto de vista da sustentabilidade”. Finalizando, o mesmo afirmou que há um esforço em curso para disseminar a tecnologia do 5G em Juiz de Fora, e que o mesmo está sendo conduzido basicamente pela Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanidades — EMPAV.
Com esses depoimentos, fica claro que a tecnologia 5G, e, consequentemente as Cidades Inteligentes, estão cada vez mais presentes no dia a dia global. Seja em âmbito mundial, nacional, ou até mesmo municipal. Dessa forma, o que se espera é que as smart cities envolvam esforços de todos e promovam uma melhoria geral na vida da população.