Todos de amarelo na Ulbra

Rafaela Hermes
AGEX
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5 min readSep 26, 2018
Uma das mensagens, pendurada na porta de uma sala de aula por um balão. Foto: Rafaela Hermes

Quem passou pelo Prédio 1 durante o mês de setembro percebeu diversos balões e cartões amarelos com mensagens de incentivo, com as hashtags #JuntosSomosMaisFortes e #TodosdeAmarelonaUlbra. As frases procuram trazer um sentimento de positividade para os universitários, valorizando seus esforços.

As cartinhas que chamaram a atenção dos Ulbraxianos são parte da ação do curso de Psicologia para o Setembro Amarelo. O projeto, criado na disciplina de Psicologia da Saúde, da professora Nádia Krubskaya, tem o objetivo de incentivar a valorização à vida e a prevenção ao suicídio. Segundo a professora, a matéria aborda prevenção e promoção em saúde, trabalhando na compreensão da saúde do sujeito em vários aspectos e na ação do psicólogo em diversos campos da saúde. “Pensando nesse conteúdos, algumas alunas vieram conversar comigo sobre a turma elaborar um evento no Setembro Amarelo”, explica a professora.

Depois da aceitação da proposta pelo resto da turma, começaram-se os labores. Foram formadas equipes encarregadas de diferentes tarefas para a produção do projeto: decoração do prédio, divulgação do projeto e organização do evento principal, que ocorrerá na quinta-feira (27) no saguão do Prédio 1.

Caixa localizada no saguão do Prédio 1 para que os alunos deixem suas mensagens motivacionais. Foto: Rafaela Hermes

“Na hora do intervalo, teremos música sobre a valorização da vida e traremos também uma dramatização de cartas de pessoas que cometeram suicídio. Nos intervalos entre essas ações, faremos um trabalho de psico-educação sobre depressão e ideação suicídio: o que é, quais os sintomas, o que fazer se identificar em alguém próximo”, descreve a professora Nádia.

Esta é a primeira vez que um projeto como este acontece na disciplina. Depois do evento, atividades como esta passarão a fazer parte do cronograma de Psicologia da Saúde e de projetos de extensão.

Não paremos em setembro

O curso de Psicologia costuma fazer com que as disciplinas se envolvam com eventos relacionados a saúde emocional das pessoas, como são os casos do Outubro Rosa e do Novembro Azul, que ocorrerão nos próximos meses.

Os eventos trazem convidados de fora para palestras e são abertos para que os professores planejem ações que divulguem cuidados com a saúde com os alunos.

“As disciplinas do curso fazem intervenções para os alunos participarem e começarem a se familiarizar com a organização de eventos”, diz a coordenadora do curso, Maria da Graça Krieger.

Os eventos com datas já estipuladas são feitas normalmente para os alunos e, às vezes, contam com a parceria de outros cursos, como é o caso do Setembro Amarelo, feito em conjunto com o Serviço Social e a Enfermagem. Entretanto, Maria da Graça conta que, quando intervenções são necessárias, os professores e alunos fazem trabalhos em escolas e com moradores de rua.

Outra mensagem num dos corredores do prédio. Foto: Rafaela Hermes.

“Este mês temos uma ação numa escola do município que sofreu uma situação de crise, de violência. Então, os alunos da disciplina de Intervenção em Crise, da professora Leda, vão trabalhar com esses estudantes que tiveram essa vivência que trouxe algumas consequências, de alguma forma”, conta a coordenadora.

Krieger afirma que a informação é a melhor forma de lidar com as dificuldades, principalmente as emocionais.

“Trabalhamos para que as pessoas consigam reconhecer os sintomas de algumas patologias e, assim, perceber que as coisas não estão bem e procurar um auxílio profissional. Não temos como fazer o tratamento em uma ou duas intervenções, mas acreditamos que conversando sobre os temas, apresentando situações que podem ser evitadas, esclarecendo dúvidas a respeito de suas emoções, podemos contribuir para que a pessoa se conheça um pouco melhor e trabalhe nas suas dificuldades, buscando ajuda quando necessário” — Maria da Graça Krieger.

Assistência para os alunos e a comunidade

O curso de Psicologia possui uma Clínica Escola, onde os alunos das disciplinas de Clínica 1 e 2 estagiam, oferecendo assistência para a comunidade e os alunos da Ulbra. O consultório está localizado no prédio 22, ao lado do Apart Hotel, no mesmo endereço da universidade. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, de manhã, de tarde e à noite. O paciente que tiver interesse precisa ligar para a clínica, pelo número 3477–9269, e agendar uma entrevista de avaliação. O caso será avaliado e, se estiver ao alcance das alunas que trabalham lá, será dada continuação ao procedimento. Caso seja algo mais grave, a clínica dará o contato de seus parceiros e o encaminhamento será feito. As sessões custam em média R$25.

Mais uma mensagem, encontrada num mural do prédio. Foto: Rafaela Hermes

Você não está sozinho

O Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio aconteceu no dia 10 deste mês. Aqui no Brasil, a campanha Setembro Amarelo foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização de Vidas, pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Brasileira de Psiquiatria, e seu objetivo é promover, durante o mês, a divulgação do tema, alertando a população sobre a importância da discussão.

O Ministério da Saúde publicou em 2017 um boletim epidemiológico sobre os índices de suicídio. Entre 2011 e 2016, mais de sessenta e duas mil pessoas tiraram a própria vida, sendo os homens 79% das vítimas. Segundo o estudo, atualmente o Brasil registra, em média, 30 casos de suicídio por dia, e mais da metade das causas de morte é por enforcamento. Dentre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo e esquizofrenia.

Vitor Verona está no quinto semestre de Psicologia no UniLaSalle e ressalta a importância de abordar discussões sobre o tema para ajudar a preveni-lo. “Acho que as pessoas tem essa atitude defensiva de diminuir o sofrimento do outro para não terem que aceitar que precisam ajudar: por isso é importante falar”, diz. Ele explica que é preciso convencer à população de que o suicídio acontece e dar informações sobre. “Se continuar fingindo que não se pode fazer nada, pessoas vão continuar se matando a cada 45 minutos.”

E ele dá algumas dicas para ajudar quem está lutando contra a depressão e a ideação suicida. “Se você acha que seu amigo está se comportando meio estranho, chame-o para sair! Conversa com ele, faça uma visita. Não precisa dar o diagnóstico de um psicólogo. Se você escutar ele e mostrar que se importa, já faz uma diferença enorme.”

Foto: Rafaela Hermes

Se você está passando por algum momento difícil e precisa conversar com alguém, você também pode acessar o portal do Centro de Valorização de Vidas e conversar com os voluntários disponíveis 24 horas por dias, todos os dias da semana. O contato com o CVV pode ser feito online e por telefone pelo número 188. Todo o serviço é gratuito e anônimo.

“O suicídio não é uma coisa simples… Mas a prevenção pode ser.” — Vitor Verona

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