O papel da feira do livro no combate ao analfabetismo funcional

Francisco Amorim
Reporteros
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3 min readNov 19, 2017

(Por João Pedro Salati, Juliano Dorneles, Robson Farias, Vitor Emanuel)

O número de analfabetos funcionais se mantém em alta no país. Nesse viés a Feira do Livro de Porto Alegre através de suas iniciativas busca amenizar o problema que prejudica a sociedade.

O analfabetismo funcional se caracteriza pela leitura e não compreensão de um texto. O indivíduo consegue decifrar as palavras, mas não consegue aplicar o seu significado. Para Tânia Beatriz Marques, psicopedagoga e doutora na área da educação da UFRGS, essa complicação é causada por fatores escolares. “Com a mudança de legislação, todas as crianças deveriam permanecer nos colégios, mas os mesmos não conseguiram ainda encontrar caminhos adequados para lidar com os que chegam com mais dificuldades.” Ela ainda citou que todos devem se envolver com a educação, coisa que acontece pouco no Brasil.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, no ano de 2012, relatou um alto índice de 27% de analfabetos funcionais no Brasil. De acordo com a pesquisa, a faixa etária com maior porcentagem de analfabetos funcionais é de 50 a 64 anos, com 52%. Os estudantes do ensino superior não estão livres do problema, o porcentual de graduandos analfabetos funcionais é de 4% enquanto alunos do ensino médio atingem 26%.

O tema gera muitos diálogos e discussões possíveis sobre o quanto a Feira pode influenciar a população a ler, escrever e interpretar mais textos para acabar de vez com o problema na sociedade. Conforme o que disse Marco Antônio Cena Lopes, Presidente da Câmara rio-grandense do livro, a própria Feira em si auxilia no caso do analfabetismo funcional. Ele aponta que desde o ano passado, com a divulgação do Instituto Montenegro, já se tem noção da gravidade da situação atual e que projetos são desenvolvidos em busca da melhoria nesse sentido, tanto que em 2016 o tema da Feira foi justamente Analfabetismo Funcional. Na edição deste ano, apesar de não abordar diretamente o assunto, workshops e palestras são dadas para a prática de uma boa leitura e escrita, o que de acordo com Marco Antônio são os principais métodos para combater o problema.

Valesca de Assis, Escritora e patrona da atual edição, relatou que trabalha com alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) e que a grande maioria é alfabetizada, porém não consegue entender contextos mais longos como em livros. “Os alunos do EJA vão a Feira do Livro e o mais importante é que no momento em que eles se interessam no conteúdo, aos reescreverem, ganham a chance de aprender a aplicar o que leram e quebrar mais esse tabu”, argumenta.

Para diminuir esse índice, Tânia Beatriz sugere um maior envolvimento da sociedade, que é capaz de auxiliar no combate do problema. Iniciativas do governo e projetos que visam dar continuidade aos trabalhos nas Feiras do Livro não são descartados. Logo, esses métodos podem amenizar o número de analfabetos funcionais.

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Francisco Amorim
Reporteros

Jornalista, mestre e doutor em Sociologia. Professor de Jornalismo. Pesquisador nos grupos Violência e Cidadania (UFRGS) e Jornalismo Digital (UFRGS).