“ Amor “ — Uma Fanzine Íntimista

Capa da Fanzine

Eu sinto que preciso me explicar pelas coisas que faço e um de meus maiores medos é não ser compreendida pelos outros, ou seja, uma bela de uma receita para o desastre. Ainda assim eu me sinto empurrando essa barreira dentro de mim. É como se houvesse uma grande porta de madeira e por mais que eu a empurre eu não consigo abri-la pois me encontro em condição de pequenez, mas pouco a pouco com a ajuda do desenrolar da vida vou sendo capaz de mover centímetro por centímetro. Eu sinto que a produção dessa fanzine foi não somente um parto mas também uma viagem por minha mente intimista, secretiva e impressionista.

Ao produzir o esboço da fanzine eu planejava explorar os desdobramentos do amor e sua forma de serpentear por entre as pessoas mas acabou sendo mais sobre como o amor se dobra dentro de mim. Queria passar para os outros as dificuldades que possuo, de me expressar, o quanto me doi às vezes expor meus sentimentos e o quanto me escondo por trás de coisas. Na fanzine nenhuma das pessoas aparece com o rosto completo, pois todas se escondem de alguma forma. Na primeira pagina há um tigre e um urso, um branco e o outro petro, ambos se complementam, porém ambos possuem suas garras para fora como que explorando território desconhecido e ainda assim demonstrando seu medo. Na segunda página aparece parte de uma feição na qual busquei retratar um aspecto da sensualidade que observo em pessoas. Em seguida, na terceira página, desenhei um homem sem roupas de costas. Mais uma vez escondido e exposto como uma ferida o desconforto que quis passar é tamanho em mim que possuo vontade de chorar. Na seguinte página há uma mulher com o rosto tranquilo e sereno, retratando um aspecto mais de calmaria do amor, mas ainda assim a mulher apresenta somente metade do rosto a mostra. Na quinta página há uma mulher sentada com a cabeça abaixada com seus cabelos escondendo metade de seu rosto no qua busquei passar o sentimento de angustia. Em seguida, nas últimas duas páginas, há uma mulher se cobrindo seu rosto para que as pessoas não a vejam chorar e há também um homem e este sim está a chorar. A página do homem chorando é como se fosse a emersão de todos os sentimentos que vinham sendo engarrafados até o momento, um momento de libertação. E na última página há uma única frase “porque eu sempre tenho que estar bem” que é uma representação não somente da pressão social que sinto de aparentar sempre estar bem como também é a pressão que coloco em mim mesma de não deixar pesado demais para os outros os meus próprios sentimentos. E foi isso que eu quis passar com a construção dessa fanzine.

Eu escolhi não colocar meu nome na fanzine uma vez que ela será exposta e eu não gostaria que pessoas além de meus amigos soubessem que fui eu quem a fez.

Paleta de Cores

Escolhi utilizar o papel Canson de alta gramatura que é ideal para aquarela, assim como as canetas da Uni Pin Fine Line que não borravam com a presença da água nem com a borracha. Decidi utilizar mais ilustrações e curtas frases que expressassem minimamente o que eu gostaria que a imagem por si só já dissesse. Eu utilizei as técninas de grid, equilíbrio, ritmo e textura. Para a paleta de cores e como inspiração em geral busquei referências no pinterest e no instagram onde busquei imagens que passassem a mesma ideia de intimidade que eu queria passar.

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