Um ticket democrático

Yurajyánay Andaluz
3 min readApr 3, 2019

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A construção desse cartaz começou como apenas uma atividade da cadeira de Representação Visual, porém acabou representado muito mais para mim. Antes de me aprofundar em como desenvolvi uma espécie de afeto com o cartaz queria elaborar sobre seus elementos constituintes.

O elemento “ponto” é caracterizado pelo fato de não possuir dimensões definidas, podendo apresentar-se de diferentes formas. Pode ser grande, pequeno, redondo e até mesmo oval. Devido a essa característica o mesmo pode ser utilizado de diversas formas em uma peça gráfica. Em meu cartaz optei por deixar sua presença sutil, porém ainda sim presente. O ponto está nos “o’s” na frase “Todos a Bordo”, nos espaços negativos presentes na seção que diz “MARÇO 26 2019”, e também na representação do carimbo que contém a frase “Você é nosso convidado especial”. Já o elemento linha faz-se presente nos retângulos azuis colados de forma sobreposta em ambas as extremidades do cartaz, no semi arco cinza da parte direita, como também nos recortes retangulares vermelhos que estão embaixo da indicação “26 de Março de 2019”. No meu entendimento linhas são muito essenciais no momento de guiar o olhar de quem observa uma apresentação ou exposição de algum artefato, e justamente por isso optei por utilizar linhas uniformemente distribuídas no cartaz pois sinto que cada elemento possui igual importância quando se trata da mensagem que almejei passar. Quanto ao elemento plano, optei por deixar todos os elementos do cartaz em um único plano, sem explorar a ideia de profundidade, com o intuito de representar de forma fiel o formato de ticket que pude desenvolver a partir des pesquisas acerca de diferentes modelos de tickets voltados para a temática do trem.

Inicialmente me senti um pouco perdida quanto ao que fazer. Cheguei a cogitar uma ideia completamente diferente que acabou não dando certo. Após refletir sobre o que o museu do trem representa e quais são seus objetivos como uma instituição a ideia do ticket pareceu a mais acertada. Muito do que pude extrair da minha pesquisa com o Museu do Trem me auxiliou a entender o quanto os funcionários que ali trabalham preocupam-se com a construção de que o museu é agregador cultural e também um espaço para todos. Muitas pessoa ainda veem o museu como um espaço elitista e a desconstrução dessa visão é um dos temas em pauta no cotidiano dos funcionários do museu do trem. Com isso decidi fazer do meu cartaz um ticket, um convite para todos aqueles que se atrevem a ser espontaneamente curiosos.

Quanto aos desafios encontrados acredito que o principal foi decidir que cores utilizar em quais locais e com que função. Quando comecei a construir o cartaz pensei em produzi-lo como um mosaico, tanto é que existem partes dele que remetem a isso. Porém, após avaliar a demanda e o tempo necessário para cumpri-la acabei fazendo de outro jeito, deixando a ideia do mosaico de lado. Além disso, a parte vermelha que está embaixo do “Março 26 2019” não ia ficar cruzada, as tiras iam ser somente verticais, mas como a caneta que eu estava usando não aparecia no amarelo tive que colar também tirar horizontais de forma que eu pudesse utilizar a caneta. Não obstante, na parte de “admita” um eu cometi um erro ortográfico, escrevendo “adimita” e por causa disso tive que colar os losangos azuis e amarelo para cobrir meu erro.

Trabalhando em outro projeto pude perceber que de uma forma ou de outra aplicamos metodologias e técnicas mesmo sem nos dar conta e que isso faz com que o projeto flua mais naturalmente em direção ao seu objetivo. Eu tenho consciência de que há muito espaço para melhora em meu cartaz, porém me sinto contente por poder ativamente aplicar os conteúdos vistos em sala. Apesar de suas linhas tortas e seus pontos mal cortados acredito que o cartaz passa a mensagem desejada e esse era meu maior objetivo.

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