Gestalt — Composições visuais

O que é Gestalt?

A gestalt (guès) (do alemão Gestalt, “forma”), também conhecida como gestaltismo (gues), teoria da forma, psicologia da gestalt, psicologia da boa forma e leis da gestalt, é uma doutrina que defende que, para se compreender as partes, é preciso, antes, compreender todo.

A Gestalt se trata então de um estudo em relação a percepção sobre a visualização de algo, onde nesta entendemos primeiro o inteiro e depois o digerimos cada parte do visual, entendendo suas ordens, partes, hierarquias, quebras e conceitos. A gestalt se trata de um estudo de diversas áreas e suas especificidades sobre cada, onde na psicologia, por meio de pesquisas e testes, se foi analisado que macacos também entendem interações por meio da gestalt.

Em 1913, a Academia Prussiana de Ciências instalou, na ilha de Tenerife, nas Canárias, uma estação para estudo do comportamento do macaco. Wolfgang Köhler foi nomeado, então, diretor da estação — ainda muito jovem e com quase nenhuma experiência em biologia e psicologia de animais. Suas pesquisas, pioneiras com antropoides, enfatizaram que “não só a percepção humana, mas também nossas formas de pensar e agir funcionam, com frequência, de acordo com os pressupostos da Gestalt. Os seus experimentos comprovaram que os chimpanzés têm condições de resolver problemas complexos, como conseguir alimentos que estão fora do seu alcance.

Em relação ao Design gráfico, exitem diversos estudos sobre análise visual de uso de conceitos da gestalt para impactar ou desorganizar o leitor, afim de conseguir seguir o seu proposito com a peça dependendo do tema, além de analises de Logotipos e campanhas que utilizam de recursos visuais nesta amostra.

As 8 leis

Dentro das classificações visuais construídas tangendo a Gestalt, possuímos oito leis que se estabelecem de forma visual sobre conceitos aplicados nessas, onde cada uma possui um objeto específico para tentar passar ao leitor sensações que estão estabelecidas com características visuais com base nas leis.

Unidade

Podemos entender a característica de Unidade em relação ao exemplo como a forma em partes, onde o “T” é constituído por uma forma única e toda interligada, e o “E” é constituído por 4 formas separadas e ainda assim constitui uma unidade só, trazendo a legibilidade igualmente se fosse uma forma única e toda interligada. A questão da Unidade se identifica mais em como o elemento por parte única é separado ou não, e se isto de alguma forma, muda seu sentido ou contexto

Segregação

Esta Lei fala sobre a capacidade que o cérebro tem de perceber, identificar, separar e destacar informações dentro de uma composição. Isto pode servir para definir hierarquias ou diferenciar partes da composição/unidade.

No exemplo presente, temos duas canecas onde nos campos vazados podemos observar formas que possuem outro significado mudando o contexto da imagem, olhando com o foco agora para as áreas vazadas, percebemos que possuem dois rostos e que estes acompanham dois balões, como utilizados em charges e quadrinhos para colocar a fala do personagem, essas formas se encaixam na parte interna da caneca, não descaracterizando o primeiro contexto e sim anexando outro que possui relação entre si. Utilizando também de um contraste de cores e de tamanhos, dando a entender que cada caneca está num campo diferente, a preta mais próxima e a branca mais afastada.

Unificação

A unificação pode ser definida pela igualdade ou equilíbrio de estímulos em todos os elementos de uma determinada composição. Desta forma, tem-se um objeto coerente e harmonizado.

Símbolos como o yin-yang e as mandalas são exemplos desse tipo de lei. Eles utilizam uma proporção balanceada de proximidade e semelhança para criar a imagem de um todo harmônico e agradável aos olhos.

Sobre a harmonia presente nessa lei e como ela se aplica ao exemplo anexado, podemos perceber que se trata de uma ilustração onde pode ser significativo o entendimento de duas mãos entrelaçadas, onde estas se distinguem por terem cores opostas, a mão branca com unhas pretas e a mão preta com unhas brancas, onde a branca se confunde com o fundo a imagem que também é branco, trazendo o equilíbrio necessário em relação a quantidade de preto que possui a mão preta.

Fechamento

Esta é uma das mais aplicadas leis da gestalt. É possível encontrá-la em diversos logotipos famosos, tais como: Carrefour, NBC e Johnnie Walker, entre outros. A lei do fechamento parte do princípio de que o nosso cérebro “fecha” a formação de imagens completas quando vemos apenas

formas inacabadas ou silhuetas.

Isso significa que, ao deixar a mente se guiar pela continuidade de uma forma, ela já é capaz de prever toda a sua estrutura sozinha.

Sobre a imagem de exemplo, podemos observar inicialmente que se trata de uma fotografia onde o principal seria o espaço em branco entre as pessoas da foto, composta por duas pessoas fazendo um fechamento da foto sem deixar bordas, assim, constituindo uma silhueta branca na parte central da fotografia, onde é similar a um coelho. A propaganda exposta se trata de um meio de contextualizar famílias a adotar animais e cuidar deles, a frase utilizada na campanha é “There’s always room for more. Adopt.” (Sempre há espaço para mais. Adote).

Continuidade

A continuidade diz respeito à forma como a sucessão de elementos e o fluxo de informações funciona em nosso cérebro. Ela representa, ainda, a tendência de que objetos acompanhem outros no sentido de alcançar uma forma — seja pelo uso de cores, volumes, texturas e formas estruturalmente estáveis.

Muito presente na arquitetura de edifícios grandes, escalas de cores e diagramação de textos, a continuidade procura estabelecer a melhor percepção possível aos olhos.

Como demonstrado no exemplo, podemos entender visualmente que a forma visual mesmo que segmentada e composta por vários elementos, conseguimos ver como uma forma única, exemplo da imagem acima, não vemos a imagens como um conjunto de 38 bolas dispostas na imagem, mas sim associamos a formação de um círculo, uma forma geométrica completa, independente dos espaços em sobra.

Proximidade

Elementos distintos que se posicionam de formas muito próximas uns dos outros tendem a ser percebidos juntos. Consequentemente, também são interpretados como apenas uma unidade. Essa impressão é ainda mais forte quando esses elementos são semelhantes.

Vários publicitários e arquitetos usam esta estratégia para unificar formas. Os exemplos então tanto em algumas logos famosas (como IBM e Unilever) quanto em detalhes de construções — como cúpulas de igrejas ou grandes edifícios com janelas padronizadas e paralelas.

Utilizando também da lei sobre continuidade, a lei da proximidade explica um pouco sobre itens que são alocados em grupo em relação a proximidade que possuem entre si e mesmo sendo formados dos mesmo itens visuais, o espaçamento que existe entre esses grupos agrega uma hierarquia de informação, onde ao invés de vermos várias bolinhas, vemos grupos separados e distintos de bolinhas.

Semelhança

Aqueles objetos que possuem formas, cores ou aparência geral semelhante também tendem a ser interpretados como uma só unidade. Na publicidade, essa lei geralmente é utilizada para criar releituras a partir do agrupamento de outras formas que são iguais ou parecidas entre si.

Essa lei agrega valor em relação a comparação dos itens que a peça visual se compõe, e o quão iguais ou diferentes estas são, em relação a tamanho, contraste, cor, forma, entre outros. O processo de criação visual quando utilizando desta lei afim de criar padrões e módulos para grafismos e formas de decorar espaços e itens, torna o processo rico e a peça muito bem acabada, já que esta acaba que equalizando os contrastes e pesos da mesma.

Pregnância da forma

Essa lei (também conhecida como “boa forma”) nada mais é do que o princípio básico da percepção visual da Gestalt. Sempre enxergamos a composição visual geral como um todo antes de nos aprofundarmos nos seus elementos mais complexos.

Assim, existem composições que seu cérebro consegue ler rapidamente e com clareza, pois são homogêneas e harmônicas. Os objetos que possuem essas características são classificados como de alta pregnância.

Por outro lado, um objeto de baixa pregnância tende a ter uma organização visual complicada e confusa. Sendo assim, é possível afirmar que quanto maior for a pregnância da forma, mais eficiente será a comunicação com o seu receptor.

A lei da pregnância é bastante corriqueira principalmente na forma de comunicar alguma mensagem, já que o que o design mais presa num geral, é se comunicar com o leitor de forma fluida e sem fricções, desde uma tipografia que seja mais legível até padrões de cores que contrastam de forma harmônica e sem prejudicar a absorção de informações do leitor, ao menos que a peça desenvolvida tenha o conceito de querer prejudicar a mensagem com um cunho específico relacionado ao tema.

Fazendo uma relação ao exemplo exposto, se é possível observar um desenho simples e minimalista que comunica de forma limpa e harmoniosa com o leitor, significando uma taça de vinho, onde esta peça foi composta apenas por círculos e uma linha, comunicando de forma facilitada e e visualmente bem resolvida.

Observado de uma perspectiva geral, é perceptível que os conceitos da leis as vezes podem ser construídas uma dentro das outras, já que não são leis individuais, e são feitas exatamente para complementar trabalhos num todo e auxiliar no processo visual do leitor a ter significações com questões visuais e incorporadas de forma criativa por meio de interseções nas peças.