Gestalt: leis da semelhança e da pregnância da forma

Lorenna Lira
Representacao Visual School
5 min readNov 21, 2018

Continuando com os estudos de elementos e técnicas visuais, o próximo conceito estudado foi o de Gestalt. Para isso, as professoras da cadeira de Representação visual propuseram uma atividade realizada em duas etapas: na primeira delas, cada aluno deveria estudar por si o que é Gestalt e quais as Leis que compõem esta técnica e, num segundo momento, os alunos foram divididos em grupos, onde cada grupo tinha que fazer uma pequena apresentação sobre algumas das leis (distribuídas pelas professoras), explicando do que se tratava e mostrando imagens que representassem cada lei. A seguir, temos uma descrição de como se deu o processo por completo.

No primeiro momento de pesquisas individuais, realizei um breve estudo sobre o que é Gestalt (olhando pelos pontos de vista do design e da psicologia) e de cada uma de suas leis. Inicialmente, aprendi que Gestalt é um dos conceitos mais utilizados na área de Design (significando, do germânico, “forma” ou “figura”). Este elemento, adotado pela área da psicologia com um significado de “todo unificado”, pode ser entendido como a percepção de uma unidade criada através de formas, cores, texturas e outras variáveis de uma maneira organizada pelo cérebro, fazendo com que a forma final seja maior do que a soma de suas partes.

De uma maneira simples, podemos entender o conceito de Gestalt como a interpretação de um inteiro que é visto de uma forma maior do que a soma de suas partes, como, por exemplo, quando observamos os piscas-pisca de natal, que são várias luzes piscando, e enxergamos um movimento nelas. Isso acontece porque nosso cérebro tende a preencher os espaços que faltam, o que provoca a sensação de que as luzes se movem em um sentido pela variação entre as que estão acesas e as que se apagam.

Depois de entender o que é Gestalt, fiz uma breve pesquisa sobre cada um das oito leis dessa técnica para trazer a sala de aula, sendo elas: semelhança, proximidade, continuidade, pregnância da forma, fechamento, unidade, segregação e unificação.

A segunda parte da atividade foi realizada em sala de aula. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo recebeu algumas das leis de Gestalt para pesquisar e montar uma breve apresentação, com imagens e conceitos de referência. Meu grupo, que contava com mais 6 integrantes, ficou responsável pelas leis da semelhança e da pregnância da forma.

Uma vez que a maioria dos integrantes já havia realizado a primeira parte da atividade (pesquisa), foi possível iniciar o processo com uma breve discussão em grupo sobre o que cada membro entendia acerca das leis designadas. Após a discussão, definimos um pequeno conceito em comum sobre cada uma das leis e fizemos um slide simples, mostrando imagens equivalentes a elas.

1 — Lei da Semelhança

Sobre a Lei da Semelhança, conseguimos resumir o seu conceito em uma frase simples e de fácil entendimento: “Objetos que possuem formas, cores ou aparências, em geral, semelhantes tendem a ser interpretados como uma só unidade”. Na prática, isso significa dizer que quando vemos vários elementos parecidos, nosso cérebro os agrupa de forma simples. Na imagem abaixo, por exemplo, fica fácil entender o significado prático desta lei:

Como pode-se ver, a imagem é formada por círculos e quadrados da mesma cor. De acordo com a lei da semelhança, nosso cérebro interpreta essa figura como sendo formada por colunas de círculos e colunas de quadrados dispostas paralelamente, e não como linhas formadas por círculos e quadrados intercalados. Ou seja, juntamos os elementos semelhantes em colunas antes de ver linhas com elementos diferentes.

Abaixo, colocarei as imagens que o nosso grupo utilizou na apresentação do mesmo conceito:

Nas duas primeiras imagens, os elementos parecidos são unificados e formam figuras, brincando, também, com cores para compor a imagem. No caso da terceira imagem, os elementos com a mesma cor são agrupados visualmente, se sobrepondo à forma.

2 — Lei da Pregnância da Forma

A Lei da Pregnância da Forma ficou definida como “O princípio básico da percepção visual da Gestalt. Diz que sempre enxergamos a composição visual como um todo antes de nos aprofundarmos nos seus elementos. Por isso, quanto mais simples as figuras, mais facilmente são compreendidas, enquanto figuras mais complexas levam mais tempo para serem assimiladas”. Na prática, podemos entender a pregnância da forma como a “legibilidade” de uma composição, ou seja, o quão claro e fácil de ser interpretada ela é.

Composições com alta pregnância são aquelas facilmente interpretadas, ou seja, que possuem suas informações de forma que o receptor consiga entendê-las rapidamente, assim que bate o olho na imagem. Já aquelas peças em que a legibilidade é mais complicada e complexa e, consequentemente, demanda um esforço do espectador para conseguir interpretar suas informações e sentidos são ditas de baixa pregnância. Na imagem abaixo, fica fácil entender do que se trata essa lei:

Além dessa imagem, o grupo selecionou mais algumas para exemplificar melhor o conceito desta lei:

A primeira imagem é considerada uma composição de alta pregnância, uma vez que possui uma legibilidade clara: primeiro o espectador enxerga os blocos de lego e, depois, consegue associá-los à forma dos personagens do desenho animado “Os Simpsons”. Aqui temos um ponto que merece ser destacado: a pregnância da forma também depende dos conhecimentos e contextos prévios de cada pessoa, ou seja, de sua bagagem cultural. Nesse caso, por exemplo, uma pessoa que não conheça o desenho animado não conseguirá interpretar a imagem da forma desejada pelos criadores do anúncio.

A segunda imagem é um exemplo de composição de baixa pregnância, uma vez que a quantidade de cores, formas e elementos acaba tornando a imagem cheia ao ponto do espectador necessitar de um certo tempo para conseguir identificar que, por exemplo, as casas estão de cabeça para baixo.

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