The King of The Abyss
“Textura é o aspecto de uma superfície que permite identificá-la e distingui-la de outras formas. Quando tocamos ou olhamos para um objeto ou plano sentimos se a sua superfície é lisa, rugosa, macia, áspera ou ondulada. A textura é, por isso, uma sensação visual ou tátil.”
“Escala é uma medida utilizada para comparar o tamanho e proporção de dois objetos, seres, artefatos… Sempre tendo em vista que a questão de escala e proporção pode ser alterada dependendo do ponto de vista de quem analisa. Uma formiga poda ser pequena para um humano, enquanto um humano pode parecer pequeno diante de um gigante.”
O trabalho realizado pela turma de design da C.E.S.A.R. School tinha como finalidade criar uma carta de jogo (Baralho, Tarot…), tendo em mente que haviam os requisitos de textura e escala que deveriam ser expressados no artefato.
A carta “The King of The Abyss” foi baseada nos contos de horror cósmico do escritor H.P. Lovecraft. A criatura representada na frente da carta é um ancião cósmico chamada C’thulhu, um ser que é oriundo do espaço, mas que acaba por habitar, de forma adormecida, as profundezas do nosso oceano. Ele é a representação do mal supremo dentro do universo Lovecraftiano, não possuindo uma forma física, de forma oficial, mas tendo como representação um ser demoníaco, com uma cabeça semelhante a um polvo com vários olhos, corpo grande e asas parecidas com a de um dragão.
Em sua representação na carta busquei colocar detalhe em seus olhos e tentáculos com tinta preta tentando quebrar a linearidade que a tinta verde dava e criando um “relevo” quando olhado mais de perto. A pele foi pintada com tinta acrílica, utilizando uma bucha de cozinha para dar um sentido a forma como era pintado também deixando a pintura mais disforme, pegando uma tonalidade mais escura em certos locais, tentando lembrar, um pouco, uma pele que deveria ser lisa mas acaba por ter saliências. Outro ponto dos tentáculos é a questão de eles não estarem totalmente colados no papel, dando a impressão de que eles não são fixos.
Ainda na parte frontal da carta, o fundo preto com pequenos pontos brancos serve para remeter ao seu local de origem, o espaço e, ao mesmo tempo, tem-se uma pessoa em frente a sua face, mostrando a proporção de um humano perante um ser cósmico. A pessoa foi representada com branca para se assemelhar com a cor das estrelas. Os detalhes brancos nas bordas servem para demonstrar uma certa padronização inversa, onde o complemento para que a seta fique toda preenchida é o extremo oposto do seu ponto.
O verso da carta tem como figura central o simbolo do Necronomicon, O Livro dos Mortos, que acabou por ficar “famoso” por ser citado inúmeras vezes por H.P Lovecraft. Desse simbolo saem tentáculos, com a mesma textura e cor que a face do Cthulhu na parte frontal da carta. A mesma ideia de oposto aparece aqui, os extremos se complementam.
O espaço está novamente presente, dessa vez tendo um destaque maior que na frente devido aos outros seres que existem nesse horrendo, que tem o seu local de origem compartilhado por outros anciões.
Escolhi fazer uma carta baseado em algo que não tem, necessariamente, uma forma propriamente dita. A ideia de tentar colocar no papel algo disforme, com certas características parecia desafiador e sua cor não era uma delas. Escolhi o verde por representar, nesse caso, algo mais viscoso, gosmento. Existem representações deste ser por toda a internet e nessa carta tentei expressar a forma como eu o vejo, dentro da minha perspectiva e das minhas limitações.
O Cthulhu é apenas uma de varias entidades que habitam esse universo de horror cósmico e insanidade. Será que sua mente conseguiria processar a existência de todos eles?
