Blockchain, muito além do bitcoin

Victória Durães
reprogramabr
Published in
3 min readSep 27, 2019

Imagine um grande livro de registros, onde anotamos transações, transferências, informações e interações entre pessoas. Se você deixou registrado nesse livro que no dia 19 de setembro de 2018 você fez o seu primeiro “Hello World”, o registro ficará para sempre no livro. Tudo o que está o escrito ali é registrado em sequência e a autenticidade das informações é garantida por criptografia. Imagine agora que uma cópia desse registro é distribuída para todas as pessoas que, por sua vez, possuem cópias do livro todo. Conseguiu entender? Se sim, agora você pode dizer que já sabe o que é Blockchain.

Fonte: rawpixel.com

Por definição, Blockchain é uma rede de blocos que guarda todas as informações e transações que são gravadas nos blocos anteriores. Ou seja, se você tem o hash (similar a um número de protocolo) de sua transação, consegue verificar as transações feitas anteriormente a partir do hash prev da transação feita no bloco anterior. Ficou difícil? Nesse site aqui você consegue visualizar como funciona a ligação entre os blocos dessa grande rede criptografada. Blockchain é a tecnologia por trás do Bitcoin e do Ethereum, permitindo que as transações sejam feitas de forma segura, transparente e descentralizada. Aliás, descentralização e transparência são as duas palavras que definem a Blockchain.

Por que é uma rede tão segura? Bom, o primeiro motivo é a criptografia. Para fazer transações utilizando Blockchain, é necessário ter uma chave pública e uma chave privada. Em comparação, podemos dizer que a chave pública é a sua conta bancária, enquanto a chave privada é a senha da sua conta. Para fazer transações é necessário que a rede tenha sua chave pública, pois é em cima dela que a criptografia é conferida. Para gerar o hash da transação, o que chamamos usualmente de “assinar”, é necessário ter a chave privada, ou seja, a senha. Sem chave privada, sem criptografia, sem transações.

Outro motivo que contribui para a segurança da rede é a transparência: é possível verificar transações anteriores a partir do “prev” que vem no próximo bloco de dados, criando dessa forma uma teia de hashes, que interliga a primeira transação às transações atuais.

O site ajuda a visualizar o principal conceito da Blockchain: a cadeia de blocos interligados

Agora, o mais importante: o que torna a Blockchain uma tecnologia tão segura e vista por muitos como o futuro da internet é a descentralização. Os dados colocados dentro de uma blockchain não tem dono, nem ficam em um banco de dados de Empresa X ou Empresa Y. As informações ficam em rede, compartilhadas e disponíveis para serem verificadas por qualquer pessoa que tiver acesso àquele bloco. Para burlar uma transação, a pessoa precisa convencer 51% da rede a aceitar aquela fraude. Isso exigiria um poder computacional incalculável, já que a rede de blocos está espalhada em computadores do mundo inteiro e, portanto, impraticável.

Sendo uma rede de computadores, sem nenhum dono, que processa dados e transações de forma autônoma, transparente, segura e imutável. Dá para entender o motivo da tecnologia ser a grande aposta de muitos.

Blockchain é utilizada no Bitcoin, mas não só. É possível utilizar para soluções de impacto social, em smart contracts feitos em outra Blockchain chamada Ethereum (blockchain de código aberto criada para usar a tecnologia para além de transações “bancárias”), no direito, para garantir a autogestão da sua identidade digital… As possibilidades são muitas, e se você quer se manter atualizada dentro do mundo tech, é bom ficar de olho no desenvolvimento dessa tecnologia.

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Victória Durães
reprogramabr

Jornalista e programadora, não necessariamente nessa ordem. Co-criadora do medium.com/guiamariafirmina. Escrevo sobre feminismo, arte e tecnologia.