Apresentando a Taxonomia Mínima Viável — Nível 1

Trazido a você pela equipe do programa de repositórios de pesquisa

rogerio lourenco
researchops-community-pt
8 min readMar 21, 2024

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Originalmente publicado em inglês em 31 de outubro de 2022

Por Emily DiLeo, traduzido por Rogério Lourenço

Figura 1 Cartela de apresentação da Taxonomia Mínima Viável Nível 1
Figura 1 Cartela de apresentação da Taxonomia Mínima Viável Nível 1

Prefácio

Este artigo foi escrito por Ian Hamilton, Emily DiLeo, India Anderson, Mark McElhaw e Annette Boyer em nome de toda a equipe do Programa de Repositórios de Pesquisa.

Este é o primeiro de uma série sobre taxonomias que suportam os quatro tipos de Sistemas de Gestão do Conhecimento (ou Knowledge Management System, KMG, em inglês) que estão descritos na visão geral do nosso programa de repositórios de dados. Identificamos quatro modelos: registro de pesquisa, repositório de dados, ‘hub de insights’ e biblioteca de pesquisa. Neste artigo, exploramos o modelo de taxonomias em três níveis para repositórios de dados, descrevemos nossa abordagem de “taxonomia mínima viável” (TMV), e propomos como artefato entregável a TMV Nível 1.

A TMV Nível 1 é uma taxonomia para indexação de documentos e artefatos de pesquisa e suporta SGC de registro de pesquisa e biblioteca de pesquisa. O objetivo é fornecer um ponto de partida comum para criar taxonomias nos vários tipos de repositórios de pesquisa/SGC, independentemente do setor, tipo de organização, ou ferramenta usada.

O Nível 1 da TMV serve para indexar documentos e artefatos de pesquisa, e oferece suporte aos três tipos subsequentes de SGCs do Registro de Pesquisa e da Biblioteca de Pesquisa.

Se você está apenas iniciando um repositório ou atualizando um já existente, esperamos que a TMV o ajude a enfrentar o trabalho — aparentemente simples e muitas vezes esquecido — de um taxonomista. Continue lendo para descobrir o histórico do programa, nossa abordagem para criar a TMV, algumas dicas sobre o gerenciamento de mudanças na sua organização que são necessárias para implementá-lo com sucesso, e o que vem a seguir no programa de repositórios de pesquisa da comunidade ReOps.

Os repositórios de pesquisa tornam-se cada vez mais comuns, mas continuam a ser mal definidos ou incompreendidos na maioria das organizações e no próprio espaço de Research Ops. Provavelmente, a maior conclusão de nossa pesquisa foi que muitas pessoas estão criando repositórios sem aplicar um processo de design centrado no ser humano à criação de seu Sistemas de Gestão do Conhecimento: conhecer os usuários de seu Sistemas de Gestão do Conhecimento, definir metas claras ou construir um processo de governança para o uso [1] .

Dada a abundância de ferramentas que permitem aos pesquisadores explorar outros modelos de Sistemas de Gestão do Conhecimento, é compreensível que a atração por “mergulhar de cabeça e descobrir no caminho” seja muito forte para organizações que estão dando os primeiros passos no espaço de repositório de dados. Como já mencionamos, isso não é de forma alguma desconsideração das ferramentas de SGC atualmente disponíveis no mercado; todos sabemos que é um processo difícil, que requer mais do que apenas sua implementação.

Inspirar os responsáveis pela pesquisa a contribuir para um repositório comum pode ser a tarefa mais desafiadora para fomentar a colaboração. Mudar corações e mentes pode ser um processo lento que vai além da implementação de uma nova ferramenta. Todo esse novo processo representa um trabalho árduo para quem pesquisa, já que, frequentemente, essas pessoas são responsáveis por projetar, construir, e socializar o repositório, enquanto mantém um cronograma completo das atividades diretamente relacionadas aos cargos que já ocupam.

Através do projeto de repositórios de pesquisa, procuramos abordar algumas destas incertezas e responder, entre outras, à questão central: o que queremos dizer quando dizemos repositório de pesquisa? Nossa pesquisa descobriu quatro modelos diferentes de gestão do conhecimento:

  • Um registro geral de pesquisas
  • Um repositório de informações
  • Um ‘centro de insights’ (ideias)
  • Uma biblioteca de temas e projetos

É o modelo final, a biblioteca de temas e projetos, que despertou nosso interesse e se tornou a base para o primeiro nível da TMV. As bibliotecas de temas e projetos atuam como um front-end pesquisável para buscas dentro de uma organização. Isto significa que várias partes interessadas podem procurar diferentes meios de comunicação, como por exemplo relatórios de pesquisa, resultados e artefatos, e modelos. Bibliotecas de temas e projetos disponíveis publicamente, como a Hackney Council User Research Library, também atendem usuários além das partes organizacionais imediatas interessadas, democratizando insights e descobertas de pesquisa, ou reduzindo a complexidade no compartilhamento de trabalho com partes interessadas externas.

A Equipe

Tornar este projeto fácil foi realmente muito difícil! Muitos de nós estávamos fazendo malabarismos com o trabalho em tempo integral, enfrentando o desemprego e, claro, navegando pela pandemia. Como uma verdadeira cooperativa, nos revezamos na liderança de iniciativas e intervimos quando outros precisaram recuar.

Um agradecimento especial a Mark McElhaw, uma força motriz do programa desde a sua criação em 2019 e o criador da abordagem “mínimo viável” às taxonomias que descrevemos aqui. Obrigada, Mark, ❤

As pessoas por trás da TMV Nível 1 incluem Annette Boyer, Brigette Metzler, Dana Chrisfield, Emily DiLeo, Fatima Kamali, Holly Cole, Ian Hamilton, India Anderson, Jahnavi Mirashi, Lorenco Rodrigues, Rogerio Lourenco e muitos outros!

Nossa Pesquisa

No início do projeto de Repositórios de Pesquisa, cometemos o erro clássico de taxonomia básica, tentando abranger “todos” os termos possíveis. Isto tornou o vocabulário inicial complicado, desanimador para os voluntários e, consequentemente, inacabado. O conceito de taxonomia mínima viável surgiu para dar às pessoas um denominador comum para iniciar uma taxonomia no nível mais básico: indexando o trabalho existente.

A ideia de uma taxonomia mínima viável emergiu do modelo de “biblioteca de temas e projetos”, e evoluiu como uma tentativa de criar uma forma fundamental, flexível, e funcional de catalogar e compartilhar pesquisas em um formato pesquisável destinado ao uso por múltiplas partes interessadas, e até mesmo entre organizações. No entanto, compreendemos muito rapidamente o que os profissionais da indústria e da área de ReOps nos disseram — que mesmo no nível mínimo, uma taxonomia é um projeto complexo e, às vezes, ambicioso!

O Método

Através de um pouco de tentativa, erro, e reflexão, percebemos que dividir a TMV em três níveis nos ajudaria. Isso nos permitiria começar com os aspectos fundamentais de uma biblioteca de pesquisa que poderia ser adaptada e ajustada para se adequar à maioria das organizações. Ao adotar lições básicas de práticas de biblioteca e arquivo, e utilizando nossos aprendizados da comunidade Research Ops, conseguimos preparar o terreno para o nível 1 da TMV. Esperamos que isso auxilie as organizações a superarem os obstáculos iniciais das taxonomias, permitindo que aproveitem plenamente tudo o que têm a oferecer.

Inicialmente criamos uma TMV entre a equipe original do projeto. No entanto, queríamos praticar uma abordagem de design centrado no usuário e ver também, em comparação, o que a comunidade poderia sugerir. Começamos pedindo à comunidade que enviasse termos que eles usassem e considerassem críticos para indexar seus artefatos de pesquisa. Classificamos 44 itens para filtrar sinônimos e incluímos alguns “isolados ou soltos” (termos baseados na prática de pesquisa e não na indexação, por exemplo, método de pesquisa, plano de pesquisa).

Figura 2 Lista de palavras do processo de análise de dados coletados
Figura 2 Lista de palavras do processo de análise de dados coletados
Figura 3 Lista de palavras do processo de análise de dados coletados
Figura 3 Lista de palavras do processo de análise de dados coletados

Esses itens foram então incluídos em closed card sorting usando a priorização MoSCoW com 104 participantes. Nós os filtramos ainda mais pelas características dos participantes, como tamanho da equipe de pesquisa e tipo de organização. Removemos os valores discrepantes e, em seguida, discutimos iterativamente os termos sobrepostos, especialmente “data” (por exemplo, data de criação, publicação, término, etc.).

Assim que obtivemos a TMV Nível 1, nos preparamos para testar com a comunidade global de Research Ops em duas sessões. Os testes revelaram outros aspectos a serem ajustados, incluindo as categorias.

Como usar a TMV Nível 1

A TMV Nível 1 é uma linha de base para pesquisar um repositório de dados sintetizados. Destina-se a ser utilizado por uma série de partes interessadas relevantes para a sua organização, incluindo pessoas que fazem pesquisa bem (ou “People Who Do Research” em inglês), mas como não pesquisadoras.

É importante ter em mente que a TMV Nível 1 é melhor implementada após a conclusão da pesquisa com usuários em sua organização. Você precisa saber quem usará seu repositório e o que eles pesquisaram. Quais são as expectativas dos colaboradores do seu repositório em termos de tempo e esforço? Você também precisará conversar com sua equipe — bem como com um “grupo de trabalho de repositório” mais amplo — sobre como implementar cada termo.Consulte o artefato para obter mais orientações sobre como fazer isso.

A TMV Nível 1 e definições

A TMV Nível 1 contém 11 termos/categorias, bem como definições, exemplos e casos de uso. Também indicamos se haverá uma única entrada ou múltiplas entradas por termo/categoria.

No geral, é importante lembrar que a TMV Nível 1 é uma estrutura e os termos/categorias devem ser adaptados às necessidades da organização. Você pode optar por modificar um termo ou deixá-lo completamente fora de sua taxonomia, mas, de um modo geral, estes termos devem ser possíveis de serem pesquisados.

Artefato: Taxonomia TMV Nível 1

Figura 4 Exemplos de uso da Taxonomia
Figura 4 Exemplos de uso da Taxonomia
Figura 6 Exemplos de uso da Taxonomia
Figura 5 Exemplos de uso da Taxonomia
Figura 6 Exemplos de uso da Taxonomia
Figura 6 Exemplos de uso da Taxonomia

E aí está, você está no caminho certo para começar com sua própria TMV! Se você tiver alguma dúvida ao longo do caminho, você sempre pode perguntar à comunidade quando precisar da opinião deles (canal do Slack #taxonomy). Começamos a trabalhar na TMV nível 2! Não hesite em entrar em contato pelo canal #taxonomy do Slack se quiser se envolver em aspectos futuros do projeto de taxonomia.

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O projeto de repositórios de pesquisa Research Ops visa desenvolver um conjunto de requisitos, diretrizes e estruturas para construir e avaliar um repositório de pesquisa (repo)/biblioteca de pesquisa (sistema de gerenciamento de conhecimento).

Sempre que possível, compartilhe o que você aprendeu com a Comunidade, assim a gente pode crescer e aprender coletivamente!

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rogerio lourenco
researchops-community-pt

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