A Moralidade do Capitalismo: o que os professores não contam — Tom G. Palmer
Apesar de o nome da obra levar a uma linha filosoficamente abstrata, A Moralidade do Capitalismo também usa a lógica, economia, história, literatura, dentre outras vias para defender o capitalismo não apenas como sistema de troca de bens e serviços, mas como um meio -até então o mais eficaz encontrado pelo homem- de levar prosperidade às sociedades. Em outra perspectiva, o autor faz uma brilhante análise do capitalismo enquanto sistema cultural, isto é, fora de sua materialidade, explicitando a ética e a moralidade em volta do sistema.
A obra é um compilado de opiniões de diversas personalidades relevantes do movimento liberal (inclui-se o próprio autor) que visa esclarecer através de análises teóricas e/ou relatos dos coautores os problemas enfrentados no cotidiano da atividade empresarial, bem como as errôneas atribuições ao capitalismo de problemas causado por inúmeros fatores dos quais não se inclui o livre mercado.
Basicamente, o Capitalismo pode ser entendido como um sistema de livre comércio, com direitos bem definidos (inclusive e principalmente o de propriedade privada) e assegurados juridicamente. Contudo, seguindo a etimologia da palavra, vemos que a sua utilização era quase sempre num contexto negativo. A definição de Louis Blanc como “apropriação do capital de alguns em detrimento de outros” desencadeou uma série de interpretações, hoje pode-se dizer equivocadas, que passaram por Marx, Engels, Sombart, dentre outros que formularam teorias críticas desse sistema.
O comércio moderno não é apenas um local de troca de bens e serviços como eram as feiras de outrora, sua principal característica é a capacidade destrutiva de criatividade. Algo que era novo há dez anos, hoje é algo ultrapassado e provavelmente foi substituído por versões novas. Evidentemente, é essa interação que possibilita a criação de riquezas antes inimagináveis e guia a sociedade cada vez mais em direção ao progresso.
Para fins de comparação, há duzentos anos atrás, antes do advento do capitalismo, 85% das pessoas sobreviviam com menos de um dólar por dia. No século XXI essa porcentagem chegou a menos de 11%. É absolutamente inegável que o mundo está ficando mais rico, que cada vez mais as pessoas estão saindo da curva de pobreza e que isso tudo se deve ao sistema de livre mercado.
O problema das análises político-econômicas atuais é enxergarem na desigualdade um problema maior do que na pobreza. Apesar do capitalismo ser o responsável pelo constante avanço da sociedade, pessoas são diferentes, tomam decisões diferentes, estão sob circunstâncias diferentes o que as impossibilita de crescerem em igualdade uma em relação às outras. Isso não significa que parte da sociedade irá crescer enquanto outra não, mas que parte irá gozar do progresso antes da outra. A grosso modo, a diferença entre nações é que as que optaram pelo sistema de livre comércio se tornaram mais ricas, enquanto as outras, não se tornaram, mas permaneceram pobres.
Quem entende que a sociedade atual venera o dinheiro acima de tudo e que devido a isso as relações normais entre as pessoas são afetadas propõe, via de regra, uma ilógica e irracional medida para combater esse dito problema. Quase sempre a solução para eles é eliminar os ganhos marginais das trocas, extinguir a ânsia sobre o dinheiro e o interesse sobre os preços. Ao invés disso a sociedade deveria se contentar em fornecer os serviços sem esperar nada em troca, a partir de um sentimento utopicamente altruísta. Adam Smith não era nenhum admirador do egoísmo, ao contrário do que muitos acham, no entanto, já no século 18, ele compreendeu que sociedade nenhuma se move fundamentalmente pelo sentimento altruísta, mas sim pelos interesses individuais de cada um.
Marx acreditou até o fim que as trocas do mercados poderiam ser, de alguma forma, equiparáveis seja quaisquer que fossem. Sua insistência nessa teoria de trocas de valores iguais, baseados na teoria do valor-trabalho gerou uma doutrina responsável por milhões de mortes em todo o mundo. Palmer sustenta a ideia de que acreditar em igualdade material é crer em contos de fadas, é, literalmente, crer no impossível.
A Moralidade do Capitalismo é uma obra impecável, elaborada por uma das mentes mais brilhantes do liberalismo e que, sem sombra de dúvidas, é um conteúdo que não pode faltar no repertório de quem defende a liberdade.
Esta resenha foi elaborada por Daniel Queiroz, um brilhante coordenador do SFLB. Contate Daniel pelo e-mail danielqueiroz@studentsforliberty.org.
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