Livre Para Escolher — Milton Friedman e Rose Friedman

RESENHA PRA MIM
Resenhas Liberais
Published in
4 min readAug 19, 2019

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Milton Friedman, foi, inegavelmente, um dos maiores defensores da liberdade individual e do sistema econômico capitalista. Isso sempre foi óbvio, mas após a leitura de sua magnífica obra “Livre para escolher”, um trabalho conjunto entre Milton e sua esposa, Rose Friedman, pude concluir que Friedman levou tal defesa a outro patamar.

Baseando-se nos estudos de Friedman feitos em outra magnífica obra de sua autoria, “Capitalismo e Liberdade”, o casal defende a redução da atuação estatal em prol da liberdade individual — direito, considerado por eles, inviolável e fundamental para a construção de uma sociedade próspera.

De maneira brilhante e pragmática, em conjunto com uma linguagem acessível ao grande público, porém clara e objetiva — desviando-se de contrariedades e jargões complicados de entendimento para aqueles não formados em economia — os autores conseguem transmitir suas ideias com plena exatidão. Tal uso genial da linguagem é um dos grandes diferencias do livro, visto que permitiu aos Friedman que pudessem compartilhar seus ideais com eficácia de compreensão por parte dos leitores.

Partindo-se para aspectos técnicos: o livro conta com mais de 400 páginas e 10 capítulos, em ordem:

1. O poder do mercado

2. A tirania dos controles

3. A anatomia da crise

4. Do berço à sepultura

5. Criados iguais

6. O que há de errado com nossos colégios?

7. Quem protege o consumidor?

8. Quem protege o trabalhador?

9. A cura para a inflação

10. A maré está virando

A fim de demonstrar as maravilhas do liberalismo econômico, a obra começa com uma introdução sobre o pensamento liberal — explicando sobre temas diretamente ligados ao liberalismo como o capitalismo, poder de mercado, as sociedades de livre mercado e o direito da liberdade individual. Referindo-se novamente ao estilo de escrita, as ideias são apresentadas de maneira extremamente convincente e, fazendo jus ao propósito de Friedman, é capaz de convencer sobre as qualidades do liberalismo.

Não só se prendendo a esclarecer conceitos liberais, o livro aborda questões pertinentes e reais que, mesmo sendo escrito nos anos 70, continuam sendo importantes até hoje — inclusive para a condição atual do Brasil. Com destaque especial ao capítulo 3, “A anatomia da crise”, Milton Friedman conduz o leito a uma explicação simples e extremamente eficaz sobre o porquê o capitalismo liberal não foi o responsável pela crise de 1929.

Partindo-se dessa argumentação teórica sobre a crise de 29, a obra vai além de esclarecer aspectos das ideias liberais e parte para um entendimento mais econômico ao explicar conceitos como a inflação, o funcionamento de uma economia, porque o livre mercado é vantajoso e a questão bancária. Desse modo, Friedman contribui, efetivamente, para a formação de defensores liberais com bases argumentativas conceituais e práticas — um diferencial e tanto em relação a outros pensadores.

Não só isso, também é demonstrado a questão da ineficácia da máquina pública, em destaque o assistencialismo: analisa-se como a porção mais pobre da população é prejudicada e não fazem proveitos de bens fundamentais como a educação e saúde pública (destaque aos capítulos 6 e 8). Fica evidente a utilização dos serviços públicos para a manipulação social, a angariação de votos e perpetuação do poder — situação bem presente na sociedade brasileira.

De modo geral, os autores construíram duas linhas argumentativas: o argumento ético e o eficientista. O primeiro diz respeito mais aos conceitos do liberalismo e de liberdade individual — como obrigar alguém a exercer uma determinada produção, fechar-se ao mercado externo e forçar que a população faça uso apenas de serviços públicos sem oferecer alternativas. Já a argumentação eficientista deixa claro como os subsídios públicos apenas pegam os impostos dos mais pobres e favorecem os mais ricos — caso do salário mínimo, que aumenta ainda mais os níveis de desemprego daqueles menos favorecidos.

Milton e Rosa Friedman foram capazes de criar uma obra-prima que deixa um legado inesquecível no movimento liberal. A obra incentiva o espírito crítico do leitor, estimula a compreensão plena do funcionamento social em que estamos inseridos e cultiva um questionamento feroz sobre os defensores o assistencialismo e do bem comum. Não só isso, a obra se torna atemporal — citando questões extremamente atuais e condizentes com a realidade mundial contemporânea, com destaque à situação atual da economia brasileira.

Esta resenha foi elaborada por Vitor Nagai, um brilhante coordenador do SFLB. Contate Vitor pelo e-mail vitornagai@studentsforliberty.org.

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