Sem ter

Lembro de ter sido um adolescente melancólico. Não sem piadas. E com uma tônica de certa simpatia.
Lembro também de certa rispidez, um fator curioso de provocar interação. Jocosidade incalculada: certamente, talvez. Um impetuoso totalmente fugaz. Existia e desistia.

Costumavam dizer que eu era “bonzinho”. Deparei-me recente com tal alcunha. Com frequência me parecia um demérito: atestado de gente besta, que apanhava e era vencida.
Até hoje me pego pensando. Mas, na verdade mesmo: nem tanto bom, nem tão ruim.
Lembro.

Sou menos do que era. Uns calos a mais, sigo menos calado, ainda que falar não seja fácil e careço tanto.

Carecer… Tanto e tanto é a vontade de falar. Conversar sem guarda. Com quem budejar. Ter com quem ter.