Resumo & Resenha de Sapiens — uma breve história da humanidade, de Yuval Harari

William
Resumos & Resenhas
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9 min readMar 9, 2021
Sapiens, por Amazon

Como foi que nós, seres humanos, nos tornamos a espécie dominante do planeta Terra?

É essa a resposta que Yuval Harari apresenta em seu best seller entitulado “Sapiens — uma breve história da humanidade” que já possui 51 edições.

Por meio de uma escrita leve e descontraída o autor apresenta uma síntese sobre a nossa história e a nossa formação humana.

Veja neste texto um resumo e uma resenha completa sobre a obra. Confira a nossa agenda de tópicos discutidos:

  • Resumo completo do livro Sapiens
  • Resenha crítica sobre a obra
  • O que é bom e o que é ruim no livro
  • Curiosidades reveladas pelo autor
  • Como os Sapiens dominaram o planeta
  • Quais foram os principais eventos que marcaram nossa evolução

Resumo

Yuval Harari defende uma hipótese ampla em seu livro sobre como a nossa espécie — Homo Sapiens — se sobressaiu das demais e se tornou espécie dominante no nosso planeta.

Para sustentar essa teoria, o livro apresenta uma grande tese unificadora entre biologia, história, economia e física.

Isso mesmo, o livro Sapiens junto todos esses assuntos para contar a história da humanidade. E, por incrível que pareça, a leitura é simples e muito interessante.

Com uma dose de bom humor e exemplos reais do que aconteceu, a obra é uma fotografia do nosso processo de evolução da humidade.

Para contar toda essa história, Sapiens foi organizado em quatro partes: a revolução cognitiva; a revolução agrícola; a unificação da humanidade; e a revolução científica.

Vamos nos aprofundar em cada porção do livro com maiores detalhes.

A revolução cognitiva

Cérebro, por Pixabay

Inicialmente, Harari apresenta que os Sapiens tiveram um grande apoio pelo seu intelecto para se sobressair das demais espécies.

Quase sempre baseado em revoluções silenciosas baseadas na observação de eventos naturais. Como, por exemplo, o uso do fogo.

Os primeiros Sapiens perceberam que domesticar o fogo era algo positivo a todos. Assim, poderiam se aquecer do frio e se livrar de ataques de animais selvagens, como leões.

Além do mais, também servia para cozinhar alimentos, sobretudo os que os humanos não conseguem digerir em sua forma natural.

Esse evento, alias, é relatado no excelente trecho “uma raça de cozinheiros”. Todo o livro é escrito usando em tom de bom humor com eventos reais.

O uso do fogo e a construção de ferramentas permitiu que os Sapiens explorassem cada vez mais o mundo, não se limitando à um único território.

Foi isso que proporcionou a nossa exploração mundial, saindo da África, chegando a Europa, ao Ocidente, e por fim, as Américas.

Logo, a espécie Sapiens não precisava ficar em um único local lutando para sobreviver, mas sim procurar melhores locações para a sua vida.

Além do mais, o desenvolvimento mental dos Sapiens permitiu a criação de ferramentas úteis, algumas para caça e coleta, outras, no entanto, para arte.

Estátua do homem leão. Por História Antiga

A estátua do homem leão, por exemplo, foi confeccionada a mais de 32 mil anos atrás e é a marca da inteligência da espécie.

Ao mesmo tempo que novas ferramentas surgiam, apareçam novas possibilidades. Isso tudo revolucionou e abriu um precedente grande para a história da humanidade.

A revolução agrícola

Plantação, por Pixabay

Ao invés de colher frutas e caçar animais (época dos caçadores-coletores), a revolução agrícola permitiu que os Sapiens parassem de se mover tanto e se fixassem em um único lugar.

Por isso, a espécie ganhou ainda mais espaço no modelo de evolução natural perante as demais.

Ao invés de buscar alimentos correndo riscos de ataques de animais selvagens e outras tribos, os Sapiens aprenderam a plantar, cultivar e colher.

Harari ilustra que foi por volta de 9.500–3.500 A.C. que os primeiros Sapiens iniciaram o processo de domesticação que ocasionou a revolução agrícola.

Provavelmente alimentos como trigo, lentilhas, ervilhas e oliveiras foram os primeiros grãos domesticados. Seguidos por animais, como cavalos e bodes.

Toda essa mudança, no entanto, levou anos para se concretizar. Aos poucos, os Sapiens nem sabiam de seus antepassados que eram caçadores-coletores.

A única referência que possuíam era a vida, organizada, como agora. Por isso, a época de caça e coleta ficou cada vez mais apagada e esquecida.

Isso tudo acabou gerando uma grande distorção. Cada vez mais os Sapiens podiam viver em sociedades maiores e (menos) organizadas.

Por isso, suas aldeias foram crescendo e se expandindo e a organização “natural” não fazia mais sentido, era essencial ter outra estratégia.

Isso é o que dá o pontapé para entender a terceira parte do livro.

A unificação da humanidade

Pela primeira vez na história da humidade, uma espécie ficou tão numerosa e tão inteligente que poderia optar por rumos “não naturais” de evolução.

Em suma, ao invés de separar um bando muito grande em dois bandos — como quase sempre ocorria — os Sapiens tomaram outro rumo.

Eles foram capazes de criar mecanismos ainda mais complexos para viver em sociedade.

Assim, floresceram as primeiras cidades, as primeiras leis, as primeiras moedas… Enfim, as bases da nossa sociedade moderna.

Ao mesmo tempo, aspectos culturais mais profundos, como a religião, eram desenvolvidos com o passar do tempo.

Culturas, fés e crenças eram difundidos e unificados. Isso gerava ainda mais laços em comuns.

Agora, não eram apenas seres que compartilhavam comida e proteção, mas uma espécie que acreditava em princípios similares entre si.

Isso tudo funcionou como um motor para impulsionar ainda mais o nosso avanço. Fornecendo o último ato retratado no livro, a ciência.

A revolução científica

Ciência e tecnologia por Pexels

A ciência permitiu o desenvolvimento tecnológico muito maior para a toda a espécie e vem sendo o ato que marca nossa predominância como espécie.

Se um camponês tivesse adormecido no ano 1.000 e despertado em 1.500 provavelmente o mundo lhe parecia bastante familiar.

Mas, se um viajante do ano 1.500 adormecesse e acordasse no ano 2.000 ficaria muito desorientado.

Isso aconteceu pois nos últimos 500 anos a humanidade experimentou uma evolução sem precedentes na história. Em grande parte, patrocinada pelas invenções da ciência.

As cidades em 1.500 eram, quase todas, dotadas da mesma estrutura. Maioria das edificações eram de barro, madeira e palha, com no máximo 3 andares.

As ruas eram caminhos de pedestres, cavalos, cabras e galinhas. E, poucas, carroças. A noite, a cidade toda ficava um breu.

Julio Verne imaginou uma volta ao mundo em 80 dias (um excelente livro, por sinal). Hoje, se tivermos tempo e dinheiro disponíveis, fazemos a mesma viagem em 2 dias.

Até 1968 os seres humanos haviam pisado apenas na superfície terrestre e quase toda a vida sua estava em terra.

Em 1969 os humanos aterrissaram na Lua e grande parte da nossa comunicação, hoje em dia, se deve aos satélites que orbitam a Terra.

Na quarta e última parte do livro, Harari reflete sobre tais acontecimentos e apresenta como isso tudo moldou e modificou nossa realidade.

As construções que serviram para impor nossa “civilização” ao mesmo tempo que quase acabou com ela, sendo a bomba atômica o melhor exemplo.

Além disso tudo, o livro é recheado de boas histórias, algumas tão boas que valem a pena serem contadas em separados.

Resenha

Resenhar, por Pixabay

Após resumir todo o conteúdo do livro, vamos falar sobre as impressões que a leitura causa.

Sapiens — uma breve história da humanidade é um excelente retrato técnico e cientifico sobre o processo de evolução e acessível para todos os públicos.

O autor, Yuval Noah Harari , que possui doutorado em História pela Universidade de Oxford é quem assina a obra.

Para contar toda a história, o autor foca em uma tese ampla, que engloba a biologia, a física e a própria história afim de contar o processo evolucionário.

Embora parece denso e robusto escrever sobre temas tão complexos, Harari surpreende positivamente, evitando longas e complicadas citações.

O texto do autor é uma leitura leve, instigante e interessante. O tempo voa enquanto lemos sobre as idas e vindas de nossos ancestrais.

O texto trata de diversos aspectos, e muitos deles acabam sendo sensíveis a diferentes públicos. O mais evidente, neste caso, é a religião.

Por tocar em aspectos dessa natureza, o autor usa sua visão científica do assunto e deixa de lado as crenças que muitos de nós possuem.

É necessário, obviamente, entender que o apesar do esforço do autor, o livro é um resumo de toda a nossa história. Grandes eventos e arcos evolutivos são resumidos.

Tudo isso é costurado por uma linha principal: o Homo Sapiens. Tudo que o autor escreve faz referência a nossa espécie.

Existem aspectos bons e ruins, como qualquer obra. Vou falar deles a seguir.

O que é bom no livro

Em primeiro lugar, a facilidade e a linguagem franca e acessível usada pelo autor. Ler Sapiens é um exercício simples que qualquer pessoa pode fazer.

O autor fala de aspectos complexos, como física e economia, mas usa um vocabulário tão conciso, longe dos jargões técnicos e científicos.

Isso aproxima qualquer leitor, de qualquer idade, que seja interessado em leitura. Mesmo não sendo um especialista da área, é fácil entender o que o autor quer dizer.

Em segundo lugar, destaco as imagens e tabelas produzidas. Em uma leitura como Sapiens, que ultrapassa 400 páginas, é interessante o uso desses recursos.

As imagens são bem detalhadas e ancoram muito bem a explicação textual do autor, servindo com um complemento a história narrada.

Em terceiro lugar, devo destacar que é excelente a organização do texto. As referências são deixadas ao final do livro e as notas de rodapé são pouco usadas.

Isso faz com que a leitura não “emperre”. Você inicia a leitura e o tempo voa.

O que é ruim no livro

Algumas sentenças são reduzidas e simplicistas. Destaco, a título de exemplificação, a parte que o autor fala sobre a bomba atômica:

Os inventores da bomba atômica deveriam ganhar um Nobel por terem garantido a paz no mundo.

O argumento do autor é ancorado na ideia de que a bomba atômica permitiu que o mundo experimentasse uma enorme onda de paz, tendo em vista que as maiores potências do mundo perceberam que uma guerra nuclear acabaria com a civilização.

Mesmo assim, é difícil se deixar convencer pela ideia que os inventores da bomba atômica fosse agraciados com um prêmio dessa envergadura, não é mesmo?

Além do mais, nem todos os temas são aprofundados. O livro é um recorte que apresenta os principais eventos e curiosidades.

Você não encontrará a profundidade de obras como “O Povo Brasileiro” ou “Casa Grande e Senzala”, por exemplo.

Talvez, seja esse o mérito da obra. Ela é simples e trás a tona questões que são interessantes de serem lidas e entendidas, sem aprofundamento

Considerações finais

Sapiens é um resumo muito bem produzido e organizado sobre o nosso processo evolutivo. Uma leitura leve e simples acessível a todos os públicos.

O livro lança diversos eventos e narra com concisão o nosso processo de “humanização” das coisas.

Vale a pena ser lido, sobretudo, para quem tem interesse em descobrir como a nossa sociedade e espécie evoluiu, mas não gosta de leituras técnicas.

O livro pode ser adquirido pela Amazon. Existem diversas opções de compra. A que adquiri foi a versão mais conhecida, a física por R$ 55,90.

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