Como contar histórias com gráficos — Resumo do livro Storytelling com Dados

William
Resumos & Resenhas
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7 min readFeb 24, 2021

Sempre tive dúvidas de qual gráfico usar ao fazer uma apresentação para outras pessoas.

Além disso, sempre quis correr do tradicional: gráficos de barra ou de pizza, gerados automaticamente por ferramentas como o Excel ou o Google Sheets.

Até que um dia, me enviaram como sugestão um livro da autora Cole Nussbaumer Knafic, o nome é: Storytelling com dados: um guia sobre visualização de dados para profissionais de negócios

Neste texto vou apresentar uma visão geral do que aprendi com o livro, que é excelente, por sinal.

Evite análise exploratória

Eu sei que ao fazermos uma apresentação, existe uma vontade grande de contarmos todo o percurso.

Expor como extraímos os dados, armazenamos ou analisamos as amostras. Como fomos cuidadosos ao fazer todo esse processo.

Isso é a análise exploratória. Em suma, é quando estamos apenas explorando os dados ao invés de explicá-los.

É lógico que em uma banca de doutorado, por exemplo, é comum que os avaliadores cobrem rigor neste processo.

No entanto, com raras exceções, um público quase nunca está interessado em saber como você se empenhou em fazer este processo.

Por mais penoso e custoso que tenha sido coletar e explorar esses dados, esta etapa deve ser evitada e detalhada de modo sucinto.

Por isso, a primeira dica é fugir e resistir a tentação de apresentar tim por tim tim a análise exploratória.

No ambiente profissional, como palestras em empresas, é ainda mais essencial evitar este percurso.

Foque em analisar o que os dados lhe dizem e não o histórico para alcançá-los.

Simplifique sempre

Existem diversos sites que criam gráficos maravilhosos, com muitas ramificações e cores.

Isso, no entanto, não é o mais útil em uma apresentação.

Vamos supor que você precise analisar o desempenho do seu produto com outros 4 produtos em um período de tempo de 10 anos.

Ao jogar estes dados no Excel, ele provavelmente irá gerar um resultado similar a isso:

Gráfico ruim

Mas, de acordo a autora do livro Storytelling com dados, como podemos melhorar isso sendo simples?

Bem, existe uma série de dicas, vamos as principais. Em primeiro lugar, as cores.

Use poucas cores

O Excel ou o Google Sheets tem uma mania de encher de cores os gráficos. Isso não é nada bom.

Em primeiro lugar, uma pessoa que possui daltonismo irá ficar confusa ao ver o gráfico recheado de cores.

Em segundo lugar, nosso cérebro irá tentar focar em tudo, colocando um peso similar a todas as informações.

Em terceiro lugar, a sua plateia irá tentar decodificar o que você quer dizer, tomando a atenção da sua fala.

Por isso mesmo, a primeira dica é usar uma cor padrão e uma segunda, de destaque, que chama a atenção ao que precisa.

Veja a imagem a seguir para ver como seu cérebro agora irá focar em apenas um produto.

Melhorou, mas ainda tá ruim

Por padrão, é bom usar uma cor leve e neutra, como cinza. E, uma cor de destaque, como laranja, vermelho azul ou verde.

Remova elementos não essenciais

A regra básica é cortar tudo o que não é necessário. Por isso mesmo, grades, legendas ou rótulos podem ser removidos sumariamente.

Cabe analisar o contexto do que deve ser removido. Por exemplo, neste caso os elementos essenciais são valor e ano.

Todo o resto, para o contexto deste exemplo, não será essencial. Por isso mesmo, serão removidos.

Por isso, analise bem o contexto ao qual você quer apresentar. Se for referente ao ano, mantenha as datas. Se for referente aos valores, mantenha os rótulos, etc…

Veja, na próxima imagem, como o nosso gráfico está bem mais limpo.

Tá melhorando

No entanto, faltam informações, não é mesmo?

Não consigo identificar qual produto é o nome do produto, por exemplo. Isso nos leva a outra dica essencial do Storytelling com dados.

Adicione elementos que contam história

Agora, é a hora de contar a história por trás dos dados. As configurações do gráfico serão uteis apenas para facilitar este propósito.

Como comentei anteriormente, o objetivo deste exemplo era contar a história de um produto em relação à outros 4, durante um período de 10 anos.

Pensando nisso, o resultado final deve ficar parecido com algo mais ou menos como a imagem abaixo

Agora sim, show de bola.

Redirecionei os rótulos para um local que todos ficassem visíveis. Além disso, deixei como legenda apenas o valor inicial e o final.

Se você observar o gráfico, conseguirá ver com exatidão qual produto quero comparar em relação aos demais.

Além disso, dá pra verificar com facilidade a flutuação do seu preço.

Compare, novamente, o primeiro gráfico com este último, já formatado.

Gráfico formatado x gráfico errado

Dicas e sugestões rápidas

Cole Nussbaumer nos apresenta uma série de sugestões e dicas durante todo o livro.

A seguir, mostro um compilado dos maiores aprendizado que ela proporciona durante o livro.

Qual gráfico devo usar?

É normal ter em mente pensar em qual gráfico devemos usar conforme a necessidade, certo?

Bem, isso pode variar. Mas a sugestão da autora é simples: use o gráfico que o seu público entenda.

Isso mesmo, só apresentar um gráfico complexo, grande, super colorido, não irá ajudar em nada a sua apresentação.

Por isso, analise e reflita qual a mensagem que você deseja passar. Analise seu contexto e o qual é o público ao qual você irá falar.

Se você quer destacar que seu projeto é mais eficiente, use gráficos que comparem seus dados com outras soluções.

Agora, se você quer demostrar como sua solução chegou perto do esperado, pode ser que um gráfico de dispersão tenha melhor aproveitamento.

O importante, no entanto, não é apenas escolher o gráfico, mas formatá-lo corretamente.

Isso nos leva a segunda dica.

Como eu sei que meu gráfico está correto?

Olhe para longe da tela do seu computador por um tempo.

Depois, volte seu olhar rapidamente para o gráfico e veja que ponto seus olhos irão focar primeiro.

Se seus elementos essenciais estão chamando a sua atenção, seu gráfico tem indícios de estar bem formatado.

Muito provavelmente seu público irá ver e sentir uma sensação próxima ao que você está tendo no momento.

É isso que você quer despertar? Se sim, está no caminho certo. Caso contrário, analise o que deve ser corrigido.

Use os dados corretamente

Não manipule a informação ou distorça os dados. Evite a todo o custo cometer estes erros. Por exemplo, olhe a imagem a seguir.

Há uma série de erros neste gráfico. O mais grosseiro é que a inflação de 2011 foi 6,50% e aparece com uma barra menor que a de 2013, que foi de 5,91%.

A inflação de 2010 também foi maior que 2013, mesmo assim possui uma barra menor.

Além disso, as cores estão erradas e cansativas. Com um fundo forte, que cansa a vista rapidamente.

Menos sútil, é o fato do gráfico estar cheio de distorção por não ter uma base comum.

Por exemplo, a primeira barra é cerca de 4 ou 5 vezes menor que a última. No entanto, a diferença da inflação entre elas é de menos de 2%.

Por isso, use sempre uma base comum. Se a escala começa em zero, use zero no seu eixo. Se a escala é de anos, use a separação conforme os anos.

Usando gráficos para contar histórias

Se eu pudesse resumir todo o conhecimento que o livro forneceu, dividiria em duas partes.

A primeira delas dedicada ao ensino e aprendizado dos gráficos. E a segunda sobre como contar a história corretamente.

Por isso, um “resumo” sobre o uso de gráficos é:

  • Nem todos os dados têm importância igual. Dê o destaque para o dado que é essencial a sua história;
  • Quando os detalhes não forem essenciais, corte-os. Sempre corte o que é artificial ou está enfeitando apenas;
  • Se ao eliminar algo seu gráfico e sua história não mudar muito, elimine!
  • Coloque em segundo plano (com fontes agradáveis e cores neutras) itens necessários, como detalhes técnicos.

E sobre as histórias, destacaria o seguinte:

  • Encontre um assunto que você goste. Monte sua narrativa por algo que você possua preocupação genuína;
  • Não divague, mostrando exemplo ou situações distantes da realidade. Se prenda a uma linha mestra;
  • Simplifique. Use exemplos que mostrem exatamente o que você deseja apresentar;
  • Tenha coragem de cortar. Simplesmente, corte elementos que não são essenciais;
  • Pareça você mesmo durante sua fala;
  • Diga o que pretende dizer;
  • Tenha dó de quem irá ver. Você gostaria de assistir a sua apresentação? Pense nisso antes de apresentar.

Este texto foi desenvolvido com base no excelente livro Storytelling com Dados: um Guia Sobre Visualização de Dados Para Profissionais de Negócios

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