Retomada…
Ailton Krenak diz: nossos ancestrais nos deixaram pistas. Sigamos.
Nós, povos da grande Nação Kariri, do atual Estado do Siará (Ceará), iniciamos nossa caminhada guiados pelas pistas deixadas por nossos ancestrais. Diante do apagamento do Estado brasileiro na falácia de dizer que somos apenas 0,47% da população, entoamos: RETOMAMOS!
Quando procuramos a palavra “Retomada” na internet, logo aparecem notícias e produções acadêmicas sobre as centenas de lutas de diversos parentes (povos indígenas, nativos originários!) em Pindorama (Brasil). Em meio a uma série de objetivos, o principal é comum a todas elas: ter o direito de viver em sua Terra ancestral.
Esse é também o ponto de partida da Retomada Kariri: a nossa relação com essa Terra. O nosso pertencimento a esse território. Somos filhas e filhos desse lugar! Apesar dos séculos de tentativa de tornar, nós povos nativos originários (indígenas) em povos de transição, que ao final alcançaríamos a desordenada civilização ocidental, nossas memórias permanecem vivas.
Lembramos da nossa espiritualidade originária, da nossa maneira de sermos cuidados pela Terra, nossa grande mãe Dé Radda. Lembramos do nosso Ser, apenas silenciado devido ao etnocídio, ao racismo, as perseguições, expulsões de nossos territórios, raptos e escravidão.
E é sobre isso que se trata a Retomada. É nosso fortalecimento enquanto seres originários de Pindorama. É a busca de falarmos nossos verdadeiros nomes, nossas verdadeiras línguas. De vivermos nossas culturas com nossos parentes. É lembrar aos não-indígenas que o Siará é nosso lugar originário; é terra indígena! Que a região do Cariri é o território da grande Nação Kariri!
Não estamos mortos e nem diluídos. A ideia da pureza racial é uma ideia eugenista. Podemos ter várias ancestralidades, mas é nosso pertencimento a um povo que diz quem somos. Não importa nossa cor de pele, nosso cabelo, a cor dos nossos olhos. Não é o que o não-indígena vê por fora que diz quem somos. Pois como nossos parentes já diziam, como filhos da Terra, somos diversos igual a ela. Com muitas cores e texturas de cabelo. É nosso pertencimento, nosso compartilhar coletivo que revela nossa essência.
Somos nativos originários.
Somos Kariri.
Retomamos!
