Resenha: Outra Educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula.

Ludmila Beatriz
Retomadas Epistemológicas
3 min readJun 25, 2021

A autora Luana Tolentino, nos traz em Outra Educação é possível : feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula uma série de textos, crônicas que relatam experiências vivenciadas no ambiente escolar do qual a autora faz parte. Trata-se de experiências em sala de aula, projetos desenvolvidos, temas abordados em sala, e a reação dos alunos, colegas e da comunidade às diferentes abordagens da professora.

Os relatos vêm com análises, observações e paralelos com a teoria de outros autores, que nos fazem refletir o que se diz no título da obra: Formas de se educar, e de construir o ambiente escolar de modo a não reproduzir as estruturas e desigualdades presentes na sociedade. A professora Luana nos relata suas ideias e estratégias para que seus alunos não aprendam apenas um o conteúdo programado para exames, e vestibulares, mas sim um conteúdo que empodere e de autonomia a seus alunos.

Os relatos são diversos: partida de futebol com estrangeiros, cartas para crianças de Moçambique, meditação, funk, identificação, representatividade, reconhecimento, e uma bela carta a sua própria falecida irmã.

Das teorias que são citadas pela autora algumas se destacam. Paulo Freire é citado em alguns dos relatos quando a autora diz respeito a uma educação que proporcione ao aluno interesse pela pesquisa e pela descoberta e consequentemente o aprendizado, ao estimular seus alunos a pesquisarem personalidades negras, criarem trabalhos artísticos com música, teatro a partir de obras clássicas, conhecer novos lugares mesmo que a distância.

Lança mão do conceito de “fascismo social” de Boaventura Sousa Santos, ao discorrer sobre as diferenças sócio econômicas e violências estruturais cotidianamente vivenciadas por seus alunos.

bell hooks, aparece quando Luana diz de sua vontade e esforço para que de fato a escola se transforme buscando “ensinar de um jeito que respeite e proteja a alma” (HOOKS,2013,p.25) dos alunos, e para que nenhum aluno seja invisível.

Cita Kabengele Munanga, ao dialogar sobre a importância de uma educação que combate o racismo não só para que se beneficiem os alunos negros mas todos no rompimento da estrutura racista.

Chimamanda Ngozi Adichie é citada quando Luana nos diz sobre a importância de incentivar meninos e meninas em manifestações de afeto e respeito em atividade em sala, citando “Para educar crianças feministas”.

Nilma Lino Gomes, aparece quando Luana traz os desafios encontrados ao se tratar da questão dos povos indígenas no Brasil.

Esses citados e tantos outros surgem nas narrativas de Luana Tolentino, ilustrado e colaborando para que os relatos apresentados ganhem ainda mais sentido, ao nos mostrar os reflexos positivos e os reflexos negativos das diferentes formas de se educar.

“no meu entendimento é essa educação que eles merecem. Uma educação viva participativa que nos possibilita outras formas de ver a vida e o mundo.”(TOLENTINO,2018)

TOLENTINO, Luana. Outra Educação é possível : feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula. 1ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2018.

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