No megapixels

A engenharia, a fotografia e o filme

Gabriella Tiscoski
Retratos e Relatos
3 min readJun 7, 2017

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Enquanto estudava Engenharia Metalúrgica na USP, Thiago Nagasima passou por dificuldades no período acadêmico, demorou nove anos para concluir a graduação. A fotografia surgiu em sua vida como uma forma de fugir do mundo da engenharia. No Instagram, somente três fotografias digitais, e todas relacionadas ao analógico. Sua conta tem o nome de “No Megapixels”. Em seu depoimento, ele conta como encontrou a fotografia e o motivo de optar pelo modo analógico.

Uma das três fotografias digitais publicadas na conta do Thiago. Como já dito, relacionada diretamente ao analógico.

“Comecei a fotografar por influência de um amigo (da escola de engenharia, inclusive) e mergulhei nesse mundo: comprei minha primeira câmera e lentes digitais (que achava que seriam pra sempre). Saía pra fotografar quase todo final de semana desde o final de 2010. Aí a coisa foi sem freios… Comprei lente, comprei flash, troquei de câmera, comprei mais lentes, comprei acessórios, foi ficando mais sério.

Curiosamente, no primeiro casamento que fotografei, meu amigo levou uma câmera analógica e eu fotografei com ela também, usando meu primeiro filme preto e branco. Logo nesse filme já fiquei apaixonado. Busquei minha primeira câmera analógica, uma Canon Elan II, porque eu poderia usar minhas lentes da digital nela. A primeira motivação de fotografar com analógico era bem amadora: será que eu consigo fotografar com analógico e ter resultados legais?

A primeira resposta veio rápido: sim! Nisso, com o tempo e meu GAS (Gear Acquisition Syndrome ou Síndrome de Aquisição de Equipamento), fui comprando outras câmeras e quis testar os mais inúmeros filmes. Paralelamente a isso e às minhas ocupações com a engenharia, comecei a fazer mais trabalhos com foto digital e me sentir menos criativo ainda.

A segunda motivação então foi essa: separei fotografia digital (trabalho, onde as vezes até brinco que sou puta das imagens) de fotografia analógica (diversão, criatividade e afins).

A terceira motivação é a variedade de coisas que a fotografia analógica podia me oferecer:

1 — Diferentes filmes, com diferentes características;

2 — Processamento em laboratório: felizmente moro ao lado do Sesc Pompéia, onde pude fazer dois cursos de fotografia analógica preto e branco, relacionados com revelação e ampliação. O laboratório é maravilhoso, sendo um dos maiores e mais bem estruturados laboratórios que sobreviveram no país. Meu lado nerd engenheiro gosta muito de mexer com químicos, experimentar diferentes receitas. Fiz revelador com café e vitamina C, revelador com paracetamol, testei diferentes receitas de livros. Ampliar, então, é uma experiência mágica!

3 — Poder sair com menos peso e também com menos preocupações com segurança (afinal, câmeras digitais são muito mais visadas, é claro).

Uma quarta motivação é que, de fato, me sinto um fotógrafo mais pensante por fotografar em filme. No sentido de fotografar muito menos (em números) e buscar uma qualidade maior.”

Thiago Nagasima
Thiago Nagasima
Thiago Nagasima
Thiago Nagasima

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