Conexão do instante

A visão de Carina Yano sobre fotografia

Gabriella Tiscoski
Retratos e Relatos
2 min readJun 12, 2017

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Existe um percurso entre mim e você onde nossos corações se ligam e se conectam verdadeiramente. Onde não importa a distância, meus olhos vão te alcançar e focar somente em você, porque eu te escolhi. Não existe fora, somente a nossa ligação dentro desse universo paralelo que, em fração de segundos, minha objetiva se torna a origem de uma corrente sanguínea que me leva até você, e no momento desse nexo a magia acontece em milésimos de segundo. Por mais que seja tão rápido, percebemos, mesmo assim, porque estávamos presentes de corpo, alma e coração.

Ao colocar a câmera diante do meu rosto e o visor em meus olhos, só existe um momento: o agora. É o ponto em que a concentração alcança os 100% e a viagem dos sentimentos começa a fluir, porque é a hora do vamos ser. É neste exato momento que a essência do ser transborda, no instante. Afinal, somos instantes. Fotógrafos capturam o presente antes de se tornar passado, eternizando uma memória fixa em uma fotografia, deixando claro que observar é estar e não estar ao mesmo tempo e que a conexão acontece em apenas um olhar, sendo recíproco ou não, sendo consciente ou não… Apenas se efetua.

“Desenhar com a luz”. Uma simplicidade esplendidamente bela, na qual nos tornamos pesquisadores dessa onda eletromagnética que de fato é a melhor amiga de um fotógrafo. Envolve uma questão de perceber e de se sentir criança por trás de uma câmera, em que tudo se torna único e novo, tudo se torna uma novidade e peculiar, e ao mesmo tempo se sentir ancião, olhando para o mundo com uma paz interior sabendo que as coisas são efêmeras e belas. Como diz Ernst Haas: “A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa ver”. É preciso estar em constante empatia com o mundo lá fora, lembrando das emoções humanas e o quanto somos semelhantes diante das nossas buscas.

Fotografar é transcrever sua própria história vinculada com a história do outro, é liberdade e amor, revolução e transcendência, é trazer e não trazer sentido, é ter o poder de questionar, de se questionar, é poder continuar em uma busca de compreender o que realmente somos na visão do coração.

Crônica escrita por Carina Yano, acadêmica de Fotografia do Centro Universitário FAG.

Diego Oliveira

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