Crítica | 2001: Uma Odisseia no Espaço é ópera espacial
Clássico de ficção científica de Stanley Kubrick proporciona ao espectador a possibilidade de contemplação
Um dos maiores clássicos da história do cinema é um título bem correto para 2001: Uma Odisseia no Espaço. Stanley Kubrick, o diretor, abordou diversos temas em sua obra cinematográfica, alguns que podem ser considerados pioneiros para a época.
O filme é tão diferente de outros, não somente dos do gênero de ficção cientifica, mas da imensa maioria do é que feito para o cinema. Os minutos inicias são de uma tela preta apenas com sons, sendo seguidos por longos minutos sem som e com imagens de macacos convivendo em um ambiente árido.
Aliás, o completo silêncio é uma tônica constante em todo o filme. Nos instantes iniciais e finais ficamos apenas com a imagem e o silêncio profundo. É como se a ausência de som fosse necessária para que o público pudesse refletir sobre as mensagens que Uma Odisseia no Espaço transmite.
Apesar das suas muitas qualidades, para assistir a história de Kubrick e desfrutar ao máximo o que ela tem para oferecer é preciso de maturidade cinematográfica; nem tanto pelos temas que compõem o filme, e sim por ser uma obra muito contemplativa e reflexiva.
O filme é uma ficção científica em que a ação acontece com menos intensidade, o que abre espaço para que Kubrick exponha os três temas que são condutores da história (evolução da humanidade, inteligência artificial e vida extraterrestre).
Essas três fases são bem definidas em 2001: Uma Odisseia no Espaço. Os minutos iniciais dos macacos interagindo entre si e desenvolvendo comportamentos iniciais voltam aos primórdios do passado da humanidade; momento eternizado pela trilha sonora Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss.
Mais adiante no filme a humanidade já dispõe de tecnologia que modifica o modo como vivem. A tecnologia é uma das protagonistas. O notável design de produção do filme imagina tecnologias futuristas que seriam usadas pela humanidade para as mais diversas atividades.
A inteligência artificial Hal 9000 controla a nave que os astronautas utilizam na missão. É sempre importante lembrar que o filme é de 1968, isto é, um momento em que tais conceitos só existiam na ficção.
Impressiona a maneira com essas ideias são trabalhadas ao longo da trama. Hal é humanizado a ponto de fazer um discurso cheio de sentimentos antes de ser desligado. O debate central de Uma Odisseia no Espaço é humanidade x tecnologia e até que ponto podemos dar características essencialmente humanas para as máquinas.
O terceiro tema, a vida extraterrestre, é trazido por Kubrick com muita criatividade e imaginação. Sem mostrar nenhuma vida extraterrestre, o diretor nos induz com o tema só com os monólitos. A ideia foi do astrônomo Carl Sagan, que o aconselhou a deixar a imaginação do espectador fluir sozinha.
Mais uma vez o filme abre a possiblidade para que nossa mente trabalhe enquanto vemos a tela. Desde antes dos sapiens até depois deles, a vida extraterrestre moldou a humanidade, apesar de nunca vermos nenhum ser vivo de outro planeta. Eles podem ser o que a gente, público, quiser.
2001: Uma Odisseia no Espaço é uma ópera épica e silenciosa em que contemplamos não só a bela fotografia do filme, mas também o ser humano como espécie; o passado e o futuro da humanidade.
Nota: 4/5 (Muito Bom)
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke
Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester