Crítica | Encontros e Desencontros reflete sobre solidão e vazio

De Sofia Coppola, filme protagonizado por Scarlett Johansson e Bill Murray contém personagens que acham conforto e um amor não materializado um no outro para o que sentem

Victor Malveira
Reviews on Time
3 min readJan 9, 2022

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Scarlett Johansson e Bill Murray, em cena do filme Encontros e Desencontros (Divulgação)
Scarlett Johansson e Bill Murray, em cena do filme Encontros e Desencontros (Divulgação)

Sentir solidão é algo que faz parte da natureza humana, podendo acontecer até mesmo com quem tem pessoas por perto. Encontros e Desencontros, filme de Sofia Coppola, aborda o sentimento usando a cidade japonesa de Tóquio como pano de fundo para contar um drama romântico.

Os protagonistas Charlotte (Scarlett Johansson) e Bob Harris (Bill Murray) estão no país asiático por motivos diferentes: ela acompanhando o marido fotografo; ele para gravar uma propaganda de whisky.

Eles se conhecem no bar do hotel que estão hospedados e ajudam a suprimir a solidão um do outro durante aquela semana que passam juntos. Os dois estão em momentos diferentes de suas vidas, mas que podem ser compreendidos um pelo outro.

Enquanto Bill é um famoso ator e casado por 25 anos, ela está casada há dois anos e acabou de se formar em filosofia. Ambos não estão plenamente felizes.

Sofia transparece com muito sucesso a solidão e a infelicidade que eles estão sentindo nos momentos em que estão sozinhos. A diretora usa diversos momentos de longo e profundo silêncio para que possamos entender o vazio que existe na personagem de Scarlett, por exemplo.

A ligação que Charlotte e Bob é genuína e acontece desde o primeiro instante que se conhecem. Bill e Scarlett transmitem a química que existem entre seus personagens com grande facilidade, o que é uma qualidade forte de Encontros e Desencontros.

Essa conexão se dá quando eles percebem que estavam perdidos durante aquele tempo e que haviam semelhanças reciprocas. Os impedimentos para que saíssem de seus quartos e vivessem vão desaparecendo graças a proximidade deles.

A escolha de Tóquio para ser o cenário dessa história de amor não consumado enriquece o que está sendo mostrado na tela. Os personagens passeiam pela metrópole explorando a mistura da tradição com a tecnologia. A agitada e movimentada cidade é o contraste, o oposto do vazio que Charlotte e Bob sentiam.

Não sabemos o que Bob disse para Charlotte nos momentos finais de Encontros e Desencontros, ficando em aberto. No entanto, podemos imaginar que algo no tom de despedida e de corresponder pelos dias que estiveram juntos foi dito, e finalmente um único beijo é dado.

Charlotte e Bob se conectaram, se apoiaram, fizeram companhia um para o outro e preencheram o vazio que sentiam para no fim se beijarem com grande afeto.

Encontros e Desencontros explora suavemente a sensação de solidão com Bob e Charlotte, que são diferentes, mas encontros semelhanças que os confortam durante aqueles dias. Sofia Coppola une ao romance dramático um humor sereno cativante.

Avaliação: 4,5/5 (Ótimo)

Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola
Elenco: Scarlett Johansson, Bill Murray, Giovanni Ribisi, Anna Faris

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Victor Malveira
Reviews on Time

Um quase jornalista que tenta ser cinéfilo. O objetivo aqui é escrever resenhas de filmes, séries e de outras coisas aleatórias. Amante de futebol.