Crítica | Era Uma Vez Um Sonho é o tipo de sonho esquecível
Estrelado pela dupla Amy Adams e Glenn Close, drama da Netflix é chato e conversa com um público muito restrito
Um filme que tenha Glenn Close e Amy Adams gera uma grande expectativa a respeito da qualidade da produção e da atuação. Ambas as atrizes estão no filme Era Uma Vez Um Sonho, um original Netflix.
Dirigido pelo cineasta Ron Howard, o drama sofrido pelo protagonista J.D. Vance (Gabriel Basso) não cativa por ser algo distante e muito restrito. O enredo do filme é adaptado de um livro escrito por J.D. sobre sua vida.
A história do garoto relata um cenário e situações que conversam com um público especifico: branco, pobre e do interior.
Embora pobreza e problemas com familiares usuários de drogas não se restrinjam a realidade de J.D., a impressão que fica é de que tais problemas
A gente até se sente tocado em alguns momentos, mas não é algo sustentável por todo o filme. A infância conturbada de J.D. junto a sua família é a razão por tal compadecimento, mais precisamente na relação com a avó Mamaw (Close).
A vida adulta de J.D. se resume ao recorte em que ele está em busca de um estágio para pagar a faculdade, mas, ao mesmo tempo, sua mãe Bev (Adams) tem uma overdose. Nem tal situação de Bev é capaz de dar peso necessário para um envolvimento emocional com Era Uma Vez Um Sonho.
Nem Amy Adams é eficiente em carregar o drama particular de sua personagem, e acaba perdendo para Glenn Close, na qual a personagem parece ser a única que merece algum destaque positivo dentro do filme, apesar da maquiagem e caracterização deixarem uma sensação caricaturesca.
A avó falha e sofredora que errou no passado e precisa concertar as coisas por meio do neto é mais interessante que o próprio protagonista.
Fica difícil entender os motivos que levaram a Netflix a adaptar para o audiovisual o livro escrito por J.D.. Talvez a história seja mais interessante e cativante em seu formato original, e o cinema não conseguiu captar isso — eu não li o livro.
Existe dentro da trama uma mensagem sobre o famigerado “modo de vida americano” e o “sonho americano”. Resumidamente, o filme quer confirmar que esse conceito é real e que os Vance são o exemplo disso.
Apesar os diversos problemas que atingiram a família formada por trabalhadores, eles conseguem superar e vencê-los para alcançar seus sonhos.
A retomada da ideia não ajuda em nada o conjunto de Era Uma Vez Um Sonho, além de simplificar a realidade que, obviamente, é muito mais complexa. Um tanto chato, Era Uma Vez Um Sonho não é um pesadelo, porém sonho que não se lembra no dia seguinte.
Nota: 2,5/5 (Fraco)
Direção: Ron Howard
Roteiro: Vanessa Taylor
Elenco: Amy Adams, Glenn Close, Gabriel Basso, Haley Bennett