Crítica | Interestelar é um dos melhores de ficção científica, sem duvidas

Diretor Christopher Nolan cria ficção científica em que o tempo é um recurso essencial para a humanidade, assim como o amor

Victor Malveira
Reviews on Time
3 min readJun 5, 2022

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Matthew McConaughey e Mackenzie Foy, em cena do filme Interestelar
Matthew McConaughey e Mackenzie Foy, em cena do filme Interestelar

Obra-prima não seria um rótulo nem um pouco exagerado para Interestelar. A ficção científica espacial dirigida por Christopher Nolan é o épico que reúne características fenomenais para um filme do gênero.

Uma história de quase três horas que faz com que não vejamos o tempo passar, pelo menos fora da tela. Aliás, tempo é um dos principais elementos que nos conduzem nessa jornada por estrelas, planetas, buracos negros e pessoas.

A premissa da trama é bem simples: o planeta Terra está colapsando e é preciso achar uma nova casa. O fazendeiro e ex-piloto da Nasa Cooper (Matthew McConaughey) é o escolhido para a missão de encontrar um novo planeta.

Cooper parte para outra galáxia deixando para trás seu casal de filhos Murphy e Tom — Mackenzie Foy, a versão jovem de Murphy, é fantástica a cada aparição em cena.

Nós, a grande massa, não compreendemos direito muito dos conceitos abordados nas histórias de ficção cientifica, principalmente quando envolve conceitos complexos que ficam restritos as teorias. Os dois conceitos que mais mexem conosco são o de tempo e espaço, ou espaço-tempo.

Nolan caminha pelo lado “mais realista” quando aborda tais temas, não abrindo muito espaço para algo que fuja das leis da física. Dentro disso, o tempo tem o maior destaque dentre os outros elementos físicos.

Em Interestelar o tempo tem função primordial na narrativa e na maneira como somos impactados. Uma ocasião notável é quando Cooper assiste aos vídeos enviados por seu filho. Felicidade e tristeza, sentimentos experimentados com algum espaçamento de tempo relevante por sua família na Terra, são sentidos em segundos pelo piloto.

O filme explica para o público como a passagem de tempo funcionaria para a tripulação da missão Endurance e para as pessoas na terra.

O espectador pode se confundir — o que não quer dizer que Interestelar seja confuso — com o que é feito na passagem do tempo e com o momento em que as coisas ocorrem simultaneamente no espaço e na Terra.

Além disso, o roteiro utiliza da teoria da quinta dimensão em uma das partes chaves da história envolvendo Cooper e Murphy (Jessica Chastain). Respeitando ao máximo o que diz a teoria, o roteiro a particulariza com a vida de Cooper para que possamos compreender o que está acontecendo, além de sugerir viagem no tempo para trás.

Outro elemento fundamental se une ao tempo e dá a alma para a narrativa, combinando razão e sentimentos. Amor é tão fundamental quanto aquilo que pode ser calculado e teorizado. A Dr. Amelia Brand (Anne Hathaway) é quem fica responsável por trazer o sentido que o amor deve ter naquilo tudo.

Ambos, ela e ele, se agarram ao sentimento para voltar e encontrar as pessoas que amam. É com isso que o Interestelar ganha profundidade nos relacionamentos estabelecidos que temos conhecimento. Ele se apoia no microcosmo da família deixada para trás por Cooper e na esperança de Amelia de encontrar seu amado em Edmund e amplia para o macrocosmo do que é ser humano.

É claro que um filme de espaço não seria nada se não tivesse um design de produção e efeitos especiais impecáveis, e o imponente Gargantua é a prova disso.

Portanto, e sem perder tempo, Interestelar é, sim, uma obra-prima.

Nota: 5/5 (Excelente)

Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Elenco: Matthew McConaughey, Jessica Chastain, Anne Hathaway, Mackenzie Foy

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Victor Malveira
Reviews on Time

Um quase jornalista que tenta ser cinéfilo. O objetivo aqui é escrever resenhas de filmes, séries e de outras coisas aleatórias. Amante de futebol.