Crítica | Mass é dramática história sobre dura conciliação

Com tema contemporâneo, filme tem dois casais tentam busca o entendimento após os filhos de ambos morrerem em um tiroteio na escola

Victor Malveira
Reviews on Time
3 min readJul 3, 2022

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Ann Dowd, Martha Plimpton, Jason Isaacs e Reed Birney, em cena do filme Mass — Reviews On Time
Ann Dowd, Martha Plimpton, Jason Isaacs e Reed Birney, em cena do filme Mass — Reviews On Time

Sem dúvidas o drama Mass é um dos melhores filmes de 2021. Intenso e emocionante, o longa-metragem de Fran Kranz faz um trabalho impecável ao trazer um tema que é sempre atual para o centro da história.

Logo de início fica claro sobre o que Mass é: uma história sobre conciliação. O que está por trás da conciliação é uma situação delicada que só vem a tona no final do primeiro ato.

Os dois casais que estão sofrendo por conta dos filhos se encontram para resolver os acontecimentos do passado. Gail (Martha Plimpton) e Jay (Jason Isaacs) perderam o filho mais novo em um tiroteio na escola. Linda (Ann Down) e Richard (Reed Birney) são os pais do responsável pelo tiroteio.

São quase duas horas de um debate intenso sobre as dores das duas famílias. O filme apresenta a versão de cada família e deixa para que nós as julguemos, só que é uma tarefa massacrante. Linda e Richard são julgados o tempo todo, porém a trama não os coloca como culpados.

A conversa entre eles é emocionante, dura e triste e nos atinge em cheio. Não há como não ser empático com ambos os pais, pois é o mesmo drama, a mesma dor.

Ambos têm problemas em externar o que sentem, além de haver uma resistência inicial de Jay e Gail em entender o outro lado. As duas mães internalizam a dor, ficando perceptível a dificuldade de expressarem o que sente e de dizer o que querem dizer.

Richard parece ser o mais racional dos quatro — não que ele não demonstre emoções, mas ele controla melhor seus sentimentos — , enquanto Jay demonstra sentimentos de inconformismo e revolta, este último mais controlado.

Embora pudesse, Mass não entra no debate político, o que ampliaria a discussão e generalizaria, se tornando algo frio e distante. Mas se engana quem acha que ele não é político. No entanto, ao particular no microcosmo das duas famílias, temos uma visão mais certeira no tema explícito e implícito.

E da mesma forma que os dois primeiros atos do filme nos fazem derramar lágrimas, os instantes finais também. Se a conciliação entre os pais não fosse o suficiente para emocionar, a reação de Linda no pós sessão é um episódio a parte.

A mãe fragilizada sofre em uma agonia silenciosa que tem algo para dizer e só consegue dizer o que queria após sentir-se segura e compreendida por Gail. E Gail compreende Linda por inteiro ao acolhe-la.

Mass não nos poupa de muitas lágrimas derramadas com a história daqueles dois casais que perderam seus filhos. Embora se destaque pela pessoalidade dos personagens, Mass traz em suas entrelinhas um assunto muito contemporâneo socialmente.

Nota: 5/5 (Excelente)

Direção: Fran Kranz
Roteiro: Fran Kranz
Elenco: Ann Dowd, Martha Plimpton, Jason Isaacs, Reed Birney

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Victor Malveira
Reviews on Time

Um quase jornalista que tenta ser cinéfilo. O objetivo aqui é escrever resenhas de filmes, séries e de outras coisas aleatórias. Amante de futebol.