Crítica | O Quinto Poder discute jornalismo como algo revolucionário

Benedict Cumberbatch interpreta o fundador do site Wikileaks, Julian Assange

Victor Malveira
Reviews on Time
2 min readSep 18, 2021

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O Quinto Poder filme — Benedict Cumberbacth e Daniel Bruhl — jornalismo e democracia
Benedict Cumberbatch e Daniel Brühl, em cena do filme O Quinto Poder (Divulgação)

O jornalismo é um dos pilares de uma democracia forte, tanto que é tida por muitos como um quarto poder ao lado dos três já estabelecidos: executivo, legislativo e judiciário.

O Quinto Poder, filme que conta um pouco sobre Julian Assange, fundador do site Wikileaks interpretado por Benedict Cumberbatch, aborda o jornalismo e a informação como algo revolucionário.

Assange e seu parceiro Daniel Berg (Daniel Brühl) divulgam em seu site documentos e denuncias anônimas. A ideia de ambos é publicar a informação pura sem o refinamento de um texto jornalístico, ainda que haja checagem e outros métodos de apuração do jornalismo.

O principal ideal de Assange é que as fontes, sob total sigilo, possam denunciar coisas que considerem erradas nas esferas de poder.

A dupla tem a ideia de que não importa como a informação ou os documentos foram obtidos, se foram de forma legal ou ilegal. O que importa é que as pessoas tenham acesso a elas.

Essa ideia não é compartilhada por todos que atuam no jornalismo, pois é um crime. No filme, os jornais The Guardian, The New York Times e Der Spiegel publicam os documentos de acordo com as normas do jornalismo.

O filme é um pouco diferente de outros do gênero ao mostrar o trabalho dos jornalistas. Não é igual ao de filmes como The Post: A Guerra Secreta ou Todos os Homens do Presidente. Eles não mostram aquele glamour idealista do trabalho de um profissional de jornalismo.

Pelo contrário, o tipo de prática jornalística desenvolvida pelo Wikileaks é tentando se diferenciar das grandes mídia tradicional. Ele tem um caráter revolucionário.

O idealizador do site, Julian Assange é apresentado como alguém egocêntrico, manipulador e difícil de se lidar. O Wikileaks é uma extensão de Assange, isto é, cheio de segredos e barreiras.

Existe no filme a mensagem de que a livre informação, a completa liberdade pode não ser o melhor modelo. É nisso que o jornalismo entra para filtrar o que pode ou não ser divulgado, o que ou não de interesse público.

O Quinto Poder, filme de 2013, parece ser ainda mais fundamental atualmente na Era de desinformação e fake news. O debate da informação sem barreiras ou se algumas coisas precisam ficar restritas foi levantando ao longo do filme. Ele deixa claro que algumas informações abertas a todos pode ser perigoso.

Avaliação: 4/5 (Muito bom)

Direção: Bill Condon
Roteiro: Josh Singer
Elenco: Benedict Cumberbatch, Daniel Brühl, Alicia Vikander, David Thewlis

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Victor Malveira
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Um quase jornalista que tenta ser cinéfilo. O objetivo aqui é escrever resenhas de filmes, séries e de outras coisas aleatórias. Amante de futebol.