‘Você está em casa com a Cidade’

Os anos 1970 foram marcados pelo nascimento de uma rádio que mudou o FM do Brasil inteiro, de Norte a Sul. Bom humor, entretenimento e programação diferenciada das demais emissoras foram os principais atributos da histórica Rádio Cidade do Rio de Janeiro

Rômulo Vizzotto
Revista 2021/1
13 min readJun 21, 2021

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Pôster comemorativo de 4 anos da Rádio Cidade, em 1981. Da esquerda para a direita: Paulo Martins, Jaguar, Sérgio Luiz, Maurício Figueiredo, Paulo Roberto, Ivan Romero, Marco Antônio, Fernando Mansur e Mário Lúcio. Foto: Divulgação

Num país que ainda era dominado por tradicionais emissoras de amplitude modulada (AM), o rádio em frequência modulada (FM) ainda era novo no Brasil. Em 1955, nascia a Rádio Imprensa, no Rio de Janeiro, fundada por Anna Khoury, sendo a primeira emissora em FM no Brasil, com serviços privativos de música ambiente.

Vinte e dois anos depois, surge no FM do Rio uma rádio que mexeu completamente com o mercado publicitário e o dial carioca. Sendo a primeira rádio FM em som estéreo do Rio de Janeiro, ela conquistou a audiência com o carisma e bom humor jamais vistos e ajudou ainda mais a popularizar a frequência modulada na cidade.

A fórmula trazida pela Rádio Cidade do Rio de Janeiro serviu e ainda serve de inspiração para rádios de todo o Brasil, principalmente pela irreverência dos locutores e a programação descontraída, o que a tornou como uma escola para o FM brasileiro.

O início de tudo e o sucesso estrondoso

O ano era 1977. As FMs cariocas, à época, eram exclusivamente feitas para ambientação de elevadores e consultórios médicos. Mesmo com o som mais limpo que o AM, quem tinha uma frequência em FM, dizia que não era economicamente viável para manter no ar. Para quem queria ouvir música e conteúdo de qualidade, apenas três rádios em AM faziam a cabeça dos cariocas.

A Rádio Tamoio, famosa por apresentar o eterno Abelardo Barbosa, ou o “velho guerreiro” Chacrinha, a Rádio Nacional, uma das principais rádios do Brasil à época, e a Mundial, que revelou o grande DJ Big Boy. Tanto a Tamoio quanto a Mundial se tornaram as referências jovem nos idos dos anos 1970, disputando a atenção dos ouvintes. Vale lembrar que a Mundial foi uma das poucas AM em formato estéreo na cidade, o que acabou não vingando, pois os custos de manutenção eram altíssimos.

No primeiro dia do mês de maio deste mesmo ano, 1977, entrava no ar, às seis horas da manhã, uma nova rádio na cidade do Rio de Janeiro. Uma emissora em FM estéreo, um diferencial para as outras rádios no dial da capital carioca. Com programação arrojada e locutores mais extrovertidos, a Rádio Cidade, controlada pelo Sistema Rádio Jornal do Brasil, começava a ocupar os 102,9 MHz da “cidade maravilhosa”.

A Cidade foi inaugurada em maio de 77. No registro, a primeira música a ser tocada é “I Go To Rio”, de Peter Allen (1944–1992). A quem lê pelo celular, recomenda-se o uso de fone de ouvido para escutar a apresentação da Cidade antes da música. Fonte: YouTube

A ideia de trazer uma rádio totalmente diferente das demais veio do radialista Carlos Townsend, falecido em 2019, que voltou de Miami, nos Estados Unidos, depois de ter um curso sobre rádios e ver como as emissoras em FM de lá estavam evoluindo na época, o que o deixou empolgado. A partir de então, Eladio Sandoval, Romilson Luiz, Fernando Mansur, Jaguar e Ivan Romero entravam na casa dos cariocas todos os dias para levar som de qualidade e programação que os deixassem mais perto dos ouvintes. Além disso, as vinhetas de identificação da rádio foram encomendadas pelo próprio Townsend.

O pacote de vinhetas foi feito exclusivamente para a Cidade pelo estúdio Parma Productions, nos Estados Unidos, que depois foi vendido a outras emissoras, principalmente em território norte-americano, como a K104, de Dallas, no Texas. O nome da rádio, de forma cantada nas vinhetas, faz uma referência à “Cidade Maravilhosa”, música atribuída de forma não oficial ao sambista Noel Rosa. Confira uma das vinhetas integrantes do pacote aqui embaixo:

Vinhetas da Rádio Cidade foram gravadas nos Estados Unidos e feitas exclusivamente para a emissora carioca. Fonte: site História do Rádio/Fábio Pirajá

Um dos locutores do primeiro time da Cidade, o radialista Fernando Mansur conta que já trabalhava no Sistema Rádio Jornal do Brasil quando a ideia de trazer a emissora ao ar foi dada pela direção do grupo. Mansur diz ainda que foram meses de preparação até a entrada da rádio no ar. “Nós fomos treinando operação e locução até ficarmos aptos para entrar ao vivo, já que fazíamos os dois ao mesmo tempo. E a expectativa de início da rádio era grande”, explica o radialista que ressalta a surpresa do rápido sucesso da Cidade. “Foi dado [o prazo de] três meses para a rádio dar retorno, mas em um mês ela já era sucesso e liderança absoluta no Rio de Janeiro”, completa.

A partir daí, segundo ele, os locutores tinham a liberdade de apresentar o seu respectivo horário da forma que quisessem. “Era um time muito bem estruturado, desde os locutores até a parte técnica, financeira. Tínhamos, no ar, total autonomia, além de termos nossos estilos muito diferentes um do outro”, relembra o radialista, apaixonado por música brasileira.

O jornalista Nicolau Maranini, professor adjunto da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que foi repórter aéreo do Sistema Rádio Jornal do Brasil, onde está a Rádio Cidade, e o primeiro a estar nos ares (literalmente) da capital carioca, conta que o movimento no prédio do Jornal do Brasil era intenso, pois a procura pelo estúdio da Cidade era grande, desde ouvintes até bandas e alguns fãs.

“Era uma coisa muito dinâmica. Pessoal ia visitar o estúdio da Cidade, era uma alegria imensa. Eu sempre tava dentro dos estúdios com os locutores, a gente tinha um relacionamento muito bacana”, diz. Maranini relembra que o estúdio da 102,9 carioca era no mesmo andar que as outras rádios do Jornal do Brasil: JB AM, JB FM, além da 105 FM.

Fernando Mansur conta que a Cidade “pegou todo mundo de surpresa” ao trazer a descontração e a leveza dos ouvintes no ar, ainda mais no período em que a ditadura militar estava de pé no Brasil. Em seu livro “A Caixa Mágica”, de 2017, Mansur relembra, num breve capítulo citando a sua tese de mestrado sobre a emissora, que a Cidade mexeu com o mercado publicitário carioca, fazendo dela uma “escola em FM”, citando o colega Eladio Sandoval. E foi sobre isso que ele falou à reportagem. “Tinham gincanas que faziam o Rio virar de cabeça para baixo. O departamento comercial criava gincanas pela cidade e o pessoal adorava, ficava louco”, diz.

Entrevista do locutor Fernando Mansur ao Jornal do Brasil, em 26 de julho de 1981. Foto: site História do Rádio/Fábio Pirajá

A Rede Cidade se forma

Após a criação da Cidade FM do Rio de Janeiro, a “rádio 10 da cidade” começava a se espalhar pelo país. Goiânia, Belém, Manaus, Belo Horizonte e São Paulo foram algumas capitais que receberam a alegria e descontração da Rede Cidade, uma das primeiras redes de rádio via satélite do Brasil.

Chamada da Convenção de 1991 da Rede Cidade para a implantação do satélite. Fonte: YouTube

A presença da rede também chegou a cidades como Santos (SP), Juiz de Fora (MG) e Joinville (SC). Mas, foi na Capital gaúcha a primeira parada após o nascimento no Rio. Segunda emissora da rede a entrar no ar, a Cidade FM Porto Alegre estreou em 15 de novembro de 1979, após ampla divulgação pela cidade. A rádio nasceu após a compra, pelo Jornal do Brasil, de uma outra emissora que tentou trazer o mesmo estilo da Cidade para os gaúchos: a Cultura Pop FM.

Foto tirada no dia de inauguração da Rádio Cidade Porto Alegre, em 1979, em frente ao prédio que pertencia ao Jornal do Brasil no Morro Santa Teresa, na Capital Gaúcha. Foto: Fofura Ferreira/Acervo pessoal

Adir Ferreira Alves, mais conhecido como Fofura Ferreira, conta que o projeto da Cidade foi trazido e explicado pelo radialista e jornalista Antônio Carlos Niederauer, que já trabalhava no Sistema Rádio Jornal do Brasil. Ferreira era operador de gravação à época e conta que, naquele momento, imaginava que estava acontecendo algo importante, além da expectativa do sucesso da emissora. “Era algo muito grande, uma nova oportunidade numa nova rádio que estava surgindo. A modernidade também indicava isso, com os estúdios, cartuchos, além do envolvimento da equipe, já que a sucursal do Jornal do Brasil era no mesmo prédio”, conta.

E ficou a cargo de Niederauer abrir os trabalhos da Cidade FM Porto Alegre. Com a música “Amigo”, de Roberto Carlos, a primeira música a tocar na emissora, o radialista leu uma mensagem aos gaúchos, trazendo assim uma nova era ao rádio da Capital. Responsável por coordenar os 92,5 FM porto-alegrense (que logo depois viria a ser 92,1), Niederauer relembra o dia da estreia da rádio, em 1979. “Senti um pouco de nervosismo, trancou um pouco a voz, pois era um estilo diferente que estávamos trazendo ao Rio Grande do Sul”, diz.

O radialista lembra que a Cidade chegou em Porto Alegre para quebrar o mito do locutor “engessado”, que seguia o script à risca, trazendo uma linguagem totalmente nova. “O único cuidado que a gente tinha no ar era para não falar besteira ao vivo. De resto, podia improvisar à vontade”, conta.

A ligação com o ouvinte…

A Cidade, como dito aqui, trouxe uma linguagem diferente, que fez com que os ouvintes mais jovens se aproximassem do rádio, “tirando a gravata do locutor”, como diz Niederauer. Tanto no Rio como em Porto Alegre, a rádio fez com que as pessoas se tornassem mais do que meros ouvintes, mas amigos próximos. De todas as formas, a ligação dos ouvintes com a Cidade era enorme. “Eles, às vezes, davam sugestões para nós. Se tornou uma relação muito fraterna”, diz Fofura Ferreira.

Matéria do Jornal do Brasil destacando a audiência do programa “Sucessos da Cidade”, sob o comando de Romílson Luís. Foto: site História do Rádio/Fábio Pirajá

Fernando Mansur, da Cidade do Rio, lembra que cada tipo de ouvinte se identificava com algum dos locutores. “Os ouvintes, mesmo escutando a Cidade o dia todo, tinham preferência pelo estilo que certo locutor passava, seja mais brincalhão ou não”, diz. Mansur conta que, quando os ouvintes ligavam para a rádio, ele mesmo gravava e colocava no ar as mensagens que eram ditas no telefone. “Haviam gravadores de rolo, que eram enormes, e eu fazia tudo ali, gravação e edição até colocar no ar a participação do ouvinte. E isso chamou a atenção e o pessoal ficou maluco e ouvia no carro, em casa, etc”, ressalta.

“E quem conseguia ligar e ser atendido na rádio, poderia se considerar um sujeito de sorte”, diz o radialista Adriano Domingues, locutor na 92 FM, que esteve na Cidade Porto Alegre já nos idos dos anos 1990. O locutor, que entrou com apenas 19 anos na rádio, lembra que não havia redes sociais à época e que trabalhar com a imaginação dos ouvintes era interessante. “Nós não éramos tão expostos, diferente de hoje, com a internet. Se a pessoa tem a curiosidade de saber quem é o locutor, pode acessar nas redes sociais, ver as fotos”, explica. Adriano lembra também que a comunicação, além dos telefones, era feita também por carta.

E era por esse meio que os ouvintes apaixonados poderiam mandar seus recados, para serem lidos num dos programas de maior audiência da Cidade e lidos por um dos principais locutores da rádio na metade dos anos 1980. Arlindo Sassi, com seu eterno Love Songs, lembra da emoção com que lia as histórias dos ouvintes. “Muitas cartas eu lia na hora. Eu gostava de sentir a emoção na hora da leitura das histórias de amor junto com quem me escutava ao vivo, me sinto melhor assim”, diz.

…e o sucesso atemporal

Sassi ainda relembra que o ápice do sucesso do Love Songs chegou na década de 90, num período em que o rádio não era tão escutado e que o programa possuía um grande diferencial. “Sempre tinha alguém que dizia ‘eu conheço essa voz’ e sempre tinha uma história envolvendo o programa. Mas o Love Songs tem uma particularidade, que atingia todas as camadas, todos os níveis sociais e culturais. Ele ia do presídio à mansão, de quem não tem tanto estudo até professores e universitários”, diz.

E o sucesso da Cidade ia além das cartas e das ligações. Muitos eventos promovidos pela rádio faziam a cabeça dos ouvintes, seja aqui em Porto Alegre ou no Rio. Adriano Domingues relembra uma das festas de aniversário da Cidade, realizada no Teresópolis Tênis Clube, na Capital gaúcha. “Não tinha atração nenhuma, bandas e etc. Era um DJ, nós, os comunicadores, e mais 10 mil pessoas lotando o ginásio e o salão de festas. Um dos momentos mais incríveis da minha carreira”, conta.

“Eram festas lotadas, com muita gente. A festa terminava às seis da manhã e eu ia dormir às 11h, pois a adrenalina ainda estava lá em cima”, conta Fofura Ferreira, que, assim como Niederauer e Fernando Mansur, relembrou das festas de final de ano, bem como as mensagens de Natal e Ano Novo feitas pela rádio, como esta aqui embaixo, feita para a Cidade do Rio.

Uma das marcas mais lembradas pelos ouvintes da época eram as músicas de Natal e Ano Novo. Fonte: site História do Rádio/Fábio Pirajá

“O réveillon era todo feito ao vivo no prédio da [Rua] Corrêa Lima, que era do Jornal do Brasil. Os locutores levavam os familiares para comemorar o Ano Novo. A gente só não transmitiu o cheiro da carne ao vivo”, conta Antônio Carlos Niederauer.

Trecho da festa de virada de ano da Rádio Cidade Porto Alegre. Fonte: YouTube

A força da influência da Cidade

A Associação das Emissoras de Rádio do Rio de Janeiro (AERJ) reforça a importância do rádio na vida das pessoas. Seja para educação, músicas ou jornalismo, o veículo está presente em vários momentos do ouvinte. A AERJ relembra um dos principais jornalísticos do rádio, o Repórter Esso, pelo qual os brasileiros sabiam as últimas notícias do noticiário “testemunha ocular da história”, como inclusive, a II Guerra Mundial.

Com relação às rádios em FM, a associação destaca que a frequência modulada permitiu uma “maior plasticidade sonora”, já que ganhou grande popularidade entre os ouvintes pelo sinal e a estabilidade do som. O FM, segundo a AERJ, ganhou a preferência sobre as AM e ainda destaca o rádio da época de ouro, a partir do nascimento da Cidade. “Quantas casas cariocas ligaram nas FM’s para promover bailinhos no quintal? E a Era Disco?”, diz.

Já para o jornalista e professor do curso de Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Fabico/UFRGS), Luiz Artur Ferraretto, a chegada da Rádio Cidade, além de popularizar ainda mais o dial FM, fez com que a concorrência se mexesse. “A partir disso, outras emissoras vão seguir o mesmo estilo da Cidade. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, a Rádio Universal, a Atlântida, acabaram copiando esse modelo agitado, da conversa com o ouvinte”, diz.

Propaganda destacando os 8 anos da Rádio Cidade no Rio e as 8 emissoras que, à época, compunham a Rede Cidade. Fonte: site História do Rádio/Fábio Pirajá

Para ele, se não fosse a Cidade, o estilo trazido por ela viria de algum outro lugar. “Isso é algo que começou a ganhar força nos anos 1970, de o empresário da comunicação brasileira ir para os Estados Unidos e beber direto da fonte, ouvir as rádios de lá para saber e ver como elas estão fazendo para trazer o mesmo modelo para cá. Se não fosse a Cidade, com certeza seria outra rádio”, afirma.

Em seu blog, História do Rádio no RS, Ferraretto ainda destaca um ponto importante: “o que aconteceu — e isso tem fundamental importância, neste processo todo — foi a FM que descobriu o jovem. […] A apresentação descontraída associada à veiculação de sucessos musicais faz com que, em seguida, a emissora ligada ao Sistema Rádio Jornal do Brasil, da família Nascimento Britto, lidere a audiência, alterando o panorama do rádio em frequência modulada no Rio Grande do Sul”.

O que a Cidade deixou na história?

Muito além de uma gama enorme de ouvintes em vários lugares do país, a Cidade deixou histórias incríveis. Fernando Mansur lembra que entrevistou artistas de renome nacional, como Roberto Carlos, Djavan, Maria Bethânia, e internacional, como o cantor Bob Marley, o grupo KC & The Sunshine Band e o duo Carpenters (áudio abaixo), além de um momento muito especial. “Era uma Festa da Cidade no Maracanãzinho e o Lulu Santos cantou ‘Como Uma Onda’, que era sucesso absoluto, e as milhares de pessoas que estavam lá cantaram junto com ele. Essa versão foi gravada e ia ao ar na rádio”, diz o radialista, que hoje mora em Florianópolis (SC).

Locutor Fernando Mansur entrevistando o duo Carpenters, que era composto pelos irmãos Karen e Richard Carpenter, que estava de passagem pelo Brasil. Fonte: YouTube

Mansur conta também que, anos depois, na Capital catarinense, foi reconhecido por uma ouvinte da Cidade. “Eu fui com a minha esposa numa padaria, ela começou a conversar com a dona, que também era do Rio. E aí a minha esposa disse que eu trabalhei na Rádio Cidade e a dona, ao me encontrar, relembrou da época de ouro. Foi incrível”, conta.

Já para Adriano Domingues, ficam as boas lembranças, além do amadurecimento no rádio. “Para mim é uma honra e um orgulho grande ter trabalhado numa rádio que marcou gerações. É uma marca absurdamente forte, onde tive grandes realizações e um baita gestor, chefe, paizão como o Niederauer, que me ensinou muito, ‘não faz isso, faz aquilo’. É uma história difícil de apagar”, conta.

Fofura Ferreira com o cantor Roberto Carlos. Foto: Acervo pessoal

“A Cidade foi um divisor de águas na minha vida”, conta Fofura Ferreira. “Ter trabalhado numa empresa, como foi o Jornal do Brasil, onde éramos tratados igualmente, e numa rádio como a Cidade, me fez uma pessoa realizada, pois a gente fazia nosso trabalho com amor, sempre mantendo nossas raízes e lembrando das coisas boas que tenho dentro de mim”, completa o operador, que lembrou também das visitas de artistas como Ritchie, dono do sucesso “Menina Veneno”, e da banda RPM, que lançou seu “Rádio Pirata”. “Eles chegaram lá de ônibus”, conta.

Antônio Carlos Niederauer diz que a história da Cidade o marcou em muitos sentidos, inclusive pelo pessoal que coordenava na época. “O pessoal todo fez a Rádio Cidade ser o que foi, com a liberdade que tinham, sabendo usar o microfone e transformar a linguagem do rádio. Eles eram os caras”, diz.

Há que se deixar registrado

Esta parte não iria ao ar, mas decidi postar mesmo assim. Quando conversei com Fernando Mansur, na quinta-feira, 17 de junho, mencionei o nome do Niederauer, pois eu o havia entrevistado. “Opa”, diz Mansur de forma surpresa.

Ele o conhecia da época do JB, já que Niederauer, como dito, havia trabalhado no Rio. Mansur me pediu o contato do “velho Nidi” para mandar uma mensagem. Eis que Fernando diz logo em seguida: “Já mandei a mensagem pra ele [Niederauer], já respondeu. Gostou muito do contato e eu também de falar com ele. Legal”.

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Rômulo Vizzotto
Revista 2021/1

Estudante de Jornalismo. Há 27 anos tendo dúvidas, erros e alguns acertos nessa vida.