Cautério

ivan barbosa
OIMOI
Published in
1 min readJun 1, 2021

Minh’alma tem se desolado

Tenho andado mui triste

Meu sonho vaga por campos estéreis

Não mais vive, só existe.

Da terra angustiada, ouvi uma prece

Na minha fronte, senti o ardor

Palavras em tom abrasivo

Recitadas de um plano superior.

A cada verbo, uma ferida na minha pele

Do Maldito Sol Escarnecedor.

“Tudo é dor”, dizia ele num gemido

Há tristeza no astro que me escarnece?

Era como se tão triste fosse

Quem tudo visse e soubesse.

Da preponderância de sua altivez

O celeste infernal exprimia:

“Só há dor e morte adiante

Vejo teu fim na próxima esquina.”

“Para agora, viajante

Acorda dessa epifania

Se causares a mim mais dores

Amaldiçoo tua família!”

Dissuadia-me ao longe

Com erupções em minha pele

Desencorajava a minha sina

Num ato de quem o filho protege.

Mas não posso ficar aqui

Então, por favor, não me impede.

“Que sabes tu da dor que sentes

Se nada da dor que me causas?

Maldito Sol, posso morrer aqui

Mas não voltar para casa.”

“Preciso ir, ó Sol

Esta via é toda minha

Dela me assiste a missão

Tanto quanto a agonia

Vai-te embora, ó Sol

Que minha vida é minha.”

--

--

ivan barbosa
OIMOI
Writer for

escritor amador, aspirante a tradutor e um colecionador de sonhos suprimidos ainda otimista. @ivan.sgt.bbsa