Monólogo — 05:00

ivan barbosa
OIMOI
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2 min readApr 3, 2021

Será que você se lembra de quando eu escrevi meu nome em caneta no seu braço, e sua primeira reação foi escrever o seu nome no meu? Será que significou tanto pra você quanto pra mim?

Essa noite não consegui dormir, pensando em como seria catártico se, por algum acaso, nos encontrássemos em uma festa de um amigo em comum e conversássemos sobre o passado. Eu teria a oportunidade de falar sobre por que nossa amizade teve tantos tropeços, de forma casual e descontraída (como aqueles casais no YouTube que jogam truth or drink). Depois de me permitir esse devaneio, dormi às 02:00, tendo a audácia de despertar às 05:00 sem conseguir dormir de novo.

Fiz café enquanto o sentimento perdurava em mim. Dessa vez imaginei um cenário diferente, só nós dois, sem descontração ou meios de eufemizar o clima, então a conversa crua e sincera — que nunca teria coragem de ter contigo — se desdobrou em minha mente.

Para a minha surpresa, tive esclarecimentos, o que me fez levar o hábito adiante na minha vida. Essas conversas são produtivas e acabo por conhecer mais de mim mesmo, apenas por emular sua presença, essa que sempre tira algo novo de mim. Você se surpreenderia com as falas, se as ouvisse. Mas não vem ao caso expor o diálogo aqui.

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Uma semana depois que nos conhecemos, corremos juntos pelo gramado sintético de uma quadra, brincamos e nos divertimos. Quando nos sentamos lado a lado, e você me olhou com o rosto corado, o meu medo de passar o resto da vida sozinho foi embora. Vi-me no seu encanto e, recíproco ou não, queria ficar ali mais um pouco, para sempre.

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Eu estranho o fato de termos criado uma conexão relativamente sólida em tão pouco tempo, forte o suficiente para me manter junto a ti em alma, mesmo depois de anos. Reconheço que talvez a solidão me faça preencher a busca por alguém de forma automática, com a ideia de você ter sido o grande e único amor da minha vida, com quem eu deveria ter me unido. Essa ideia é sustentada pelo próprio fato de eu ainda te amar depois de tanto tempo: parte de mim quer acreditar em destino, conexão cósmica, em um possível reencontro, uma chance de eu e você termos “a conversa”.

Nessa conversa hipotética, eu tenho a oportunidade de relembrar como tudo foi uma tragédia juvenil que ninguém pediu ou antecipou, mas que, para todos os efeitos, poderia ter sido evitada. Mas tudo bem, também. Me permito ser verdadeiro comigo e chorar se necessário, mas jamais reprimir ou tentar matar o que eu vivi contigo. Me contento com nossos encontros imaginários e nossas memórias reais.

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ivan barbosa
OIMOI
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escritor amador, aspirante a tradutor e um colecionador de sonhos suprimidos ainda otimista. @ivan.sgt.bbsa