O quarto de Giovanni
minha mão estica para te tocar
e ao mesmo tempo sinto meu estômago embrulhar
o desejo fervilha em meu corpo,
coloco mais uma dose no copo
eu tomo tudo como se com o álcool
eu fosse capaz de esquecer,
de esquecer você, e de esquecer o querer
que cresce em meu peito, queima tudo no caminho,
deixa minha cabeça ensurdecida com burburinhos
e me faz questionar se não seria melhor entregar
me ajoelhar, e deixar
deixar que suas mãos percorrem cada cantinho meu
deixar que sua boca percorra cada parte de mim, que quando ela pare de tocar meu corpo
eu sinta como se uma parte de mim fosse puro desespero.
como se meu ar fosse arrancado e ao imenso vácuo eu fosse deixado.
eu te desejo, mas eu tenho nojo
nojo do meu anseio
nojo da minha excitação
da minha paixão
da minha devoção.
se eu ficar, se eu ceder, se sobre meu joelhos cair
nunca mais vou me levantar, nunca mais vou me erguer.
não há nada mais amargo e mais doce que a queda
não há nada mais indesejado e desejado que o toque do seu corpo no meu.
não há nada que eu queira e não queira mais do que você
não há nada que eu odeie e ame mais do que o seu amor.
seu rosto uma hora me parece lindo, a face da própria afrodite, como se todos os conflitos fossem cessar, se olhassem para seu rosto.
ele parece angelical, calmo, belo, apaixonante, perfeito.
outra hora ele parece podre, depravado, sujo, imundo.
eu mergulho dentro de mim
minhas mãos vão ao fundo das minhas entranhas
desfazendo as montanhas
que eu criei para me proteger das minhas próprias vontades
e agora, onde está a verdade?
ela sumiu, evaporou, talvez nunca esteve aqui
talvez eu seja sempre um ser humano confuso
talvez nasci com uma parte faltando
e quando a encontro, encontro minha destruição junto.
o que eu quero?
o que eu desprezo?
a resposta para essas perguntas é mesma: você.